Havia
mais um momento de satisfação em sua vida: instalou um novo silencioso no
escapamento da caminhonete, reduzindo o barulho do motor em 60%. Agora era como
o de um carro normal.
Queria
fazer uma surpresa a Renata e contar sobre a promoção na Dezinea.
“Ficará
muito feliz”,
Aproximando-se
da casa, viu o sedã de Bruna parado ali na frente.
“A
essa hora aqui?”
Ele sabia os horários em que a cunhada estava em casa e os evitava a todo custo. Estacionou o carro perto do muro do condomínio e caminhou até a residência sem ser visto. Parou no alpendre e sentou-se numa poltrona ao lado da porta de entrada. Ali ouvia claramente as duas, que conversavam na sala.
—
Renata! Você conhece esse cara há 3 anos. O que mudou na sua vida?
—
Estou bem. Sou feliz!
—
Quero ver a sua felicidade quando não tiver o que comer — retrucou Bruna.
—
Acha que a vida se resume a isso? Então tá. Me fala agora o que mudou na sua
vida desde que começou a se relacionar com o Marcus. Se for tão grandioso, tão
divino, tão magnífico como me fala, eu mudo minha opinião agora.
Lá
fora, Rainen segurou o riso. Na sala, Bruna não esperava por aquelas palavras.
Sem resposta, preferiu o ataque direto.
—
Vai falar o que para as pessoas quando for apresentar o seu marido?
—
Falarei que ele é um mecânico de mão cheia e ótimo esposo.
—
Acha mesmo que vão considerar isso? Vão direto ao fato de que ele é um
empregadinho qualquer que mal ganha 30 mil por ano.
—
Como você apresenta o Marcus? “Essa pedra de gelo é o meu milionário ‘noivo’ e
estamos com casamento marcado para breve”?
Rainen
tapava a boca para não gargalhar:
“Ui!
Essa quebrou os joelhos”
Bruna
engoliu seco.
—
Ainda vai se arrepender.
—
Confesso que tenho um arrependimento. — Renata ficou mais séria. — Me arrependo
de não estar casada com ele, cuidando dele, vivendo para ele.
— Só
pode estar louca.
— Se
você chama o amor assim, sim! Estou louca. Eu sou louca por Rainen. — Ela se
aproximou da irmã. — Você, um dia, também sentirá isso.
Bruna
ficou sem graça e Renata percebeu algo de estranho com a irmã.
—
Nunca! Não nesse nível. Não desse jeito.
—
Talvez pior. Talvez mais intenso. Quem? É o Marcus que te deixa assim? É o
Valter? Ou alguém que eu não conheça?
Bruna
foi se afastando, tentando se fechar, se esquivar, mas sentia algo em seu
coração.
—
Não diga que não avisei — disse saindo pela porta da sala.
Quando
passou, a surpresa. Rainen sentado e olhando para o horizonte. Bruna travou.
Calmo, o rapaz se levantou, abriu a porta e entrou, sem olhá-la nem
cumprimentá-la. Bruna foi para o carro praguejando.
—
Maldição! Maldição!
Da
janela, o casal observou Bruna ir embora.
—
Não é do seu feitio destratar as pessoas.
—
Não a destratei. Eu a ignorei… é diferente.
—
Isso não vai nos ajudar, meu amor.
—
Renata, você acabou de conversar com ela. E quantas outras conversas não
tiveram sem a minha presença? Ouvi muito bem e sei em qual conta a sua irmã me
coloca.
—
Por favor, tenha calma com ela.
—
Vai por mim. Quando formos embora, tudo isso mudará da água para o vinho.
Ela
o beijou.
—
Sei que há bondade em seu coração.
Ele
a abraçou.
—
Há, mas é pouca, e guardo para nós mesmos.
Renata
o abraçou forte e o cheirou. Ele a encaixou em seus braços, apalpando o corpo
curvilíneo. A garota arfou, pedindo:
—
Faz amor comigo.
—
Vamos!
Enquanto
manobrava a caminhonete teve um rápido pensamento:
“Renata pode ter razão. Vai que um grande amor modifica aquela criatura…”
Foram para um motel, numa rodovia a leste. Lá, o amor os conectou por duas horas, até que retornaram para um dos shoppings da cidade.
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