Ardes - Capítulo 145

 


Havia mais um momento de satisfação em sua vida: instalou um novo silencioso no escapamento da caminhonete, reduzindo o barulho do motor em 60%. Agora era como o de um carro normal.

Queria fazer uma surpresa a Renata e contar sobre a promoção na Dezinea.

“Ficará muito feliz”,

Aproximando-se da casa, viu o sedã de Bruna parado ali na frente.

“A essa hora aqui?”

Ele sabia os horários em que a cunhada estava em casa e os evitava a todo custo. Estacionou o carro perto do muro do condomínio e caminhou até a residência sem ser visto. Parou no alpendre e sentou-se numa poltrona ao lado da porta de entrada. Ali ouvia claramente as duas, que conversavam na sala.

— Renata! Você conhece esse cara há 3 anos. O que mudou na sua vida?

— Estou bem. Sou feliz!

— Quero ver a sua felicidade quando não tiver o que comer — retrucou Bruna.

— Acha que a vida se resume a isso? Então tá. Me fala agora o que mudou na sua vida desde que começou a se relacionar com o Marcus. Se for tão grandioso, tão divino, tão magnífico como me fala, eu mudo minha opinião agora.

Lá fora, Rainen segurou o riso. Na sala, Bruna não esperava por aquelas palavras. Sem resposta, preferiu o ataque direto.

— Vai falar o que para as pessoas quando for apresentar o seu marido?

— Falarei que ele é um mecânico de mão cheia e ótimo esposo.

— Acha mesmo que vão considerar isso? Vão direto ao fato de que ele é um empregadinho qualquer que mal ganha 30 mil por ano.

— Como você apresenta o Marcus? “Essa pedra de gelo é o meu milionário ‘noivo’ e estamos com casamento marcado para breve”?

Rainen tapava a boca para não gargalhar:

“Ui! Essa quebrou os joelhos”

Bruna engoliu seco.

— Ainda vai se arrepender.

— Confesso que tenho um arrependimento. — Renata ficou mais séria. — Me arrependo de não estar casada com ele, cuidando dele, vivendo para ele.

— Só pode estar louca.

— Se você chama o amor assim, sim! Estou louca. Eu sou louca por Rainen. — Ela se aproximou da irmã. — Você, um dia, também sentirá isso.

Bruna ficou sem graça e Renata percebeu algo de estranho com a irmã.

— Nunca! Não nesse nível. Não desse jeito.

— Talvez pior. Talvez mais intenso. Quem? É o Marcus que te deixa assim? É o Valter? Ou alguém que eu não conheça?

Bruna foi se afastando, tentando se fechar, se esquivar, mas sentia algo em seu coração.

— Não diga que não avisei — disse saindo pela porta da sala.

Quando passou, a surpresa. Rainen sentado e olhando para o horizonte. Bruna travou. Calmo, o rapaz se levantou, abriu a porta e entrou, sem olhá-la nem cumprimentá-la. Bruna foi para o carro praguejando.

— Maldição! Maldição!

Da janela, o casal observou Bruna ir embora.

— Não é do seu feitio destratar as pessoas.

— Não a destratei. Eu a ignorei… é diferente.

— Isso não vai nos ajudar, meu amor.

— Renata, você acabou de conversar com ela. E quantas outras conversas não tiveram sem a minha presença? Ouvi muito bem e sei em qual conta a sua irmã me coloca.

— Por favor, tenha calma com ela.

— Vai por mim. Quando formos embora, tudo isso mudará da água para o vinho.

Ela o beijou.

— Sei que há bondade em seu coração.

Ele a abraçou.

— Há, mas é pouca, e guardo para nós mesmos.

Renata o abraçou forte e o cheirou. Ele a encaixou em seus braços, apalpando o corpo curvilíneo. A garota arfou, pedindo:

— Faz amor comigo.

— Vamos!

Enquanto manobrava a caminhonete teve um rápido pensamento:

“Renata pode ter razão. Vai que um grande amor modifica aquela criatura…”

Foram para um motel, numa rodovia a leste. Lá, o amor os conectou por duas horas, até que retornaram para um dos shoppings da cidade.

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