Meses
após a sua alta médica, Onofre continuava frequentando o lugar ao menos duas
vezes por semana. Para ele, as visitas à clínica Celar funcionavam como uma
terapia. Agora ele amava o contato que tinha com as plantas e, sempre que possível,
estreitava os laços e os conhecimentos acerca de jardinagem e botânica.
Pesquisava, lia matérias, se informando sobre o assunto na biblioteca da
clínica, que possuía uma quantidade considerável de livros sobre o tema. Onofre
não parava de se encantar a cada descoberta, a cada informação. As mãos firmes
do ex-segurança, agora imprimiam força na medida certa para posicionar mudas,
semear, podar, limpar.
A aparência da própria clínica mudou bastante desde que fora autorizado a intervir de forma voluntária na jardinagem. Ali, árvores, frutíferas ou não, ingazeiros, arbustos, fossem altos ou até mesmo rasteiros, com flores ou apenas folhas, recebiam atenção de Onofre. Adubo, podas, enxertos, mudanças de vasos, água.
Depois
de um tempo, cuidou das plantas de sua própria casa, e quando não tinha mais o
que fazer nesses dois lugares, passou a cuidar gratuitamente da jardinagem de
praças e parques. E começou a ser reconhecido por pessoas que, vendo a
qualidade do trabalho que fazia, perguntavam se faria serviços domiciliares.
Ora,
para Onofre importavam a vistosidade e vivacidade que as plantas poderiam
atingir. Logo, aceitou algumas propostas, e agora, durante quatro dias na
semana frequentava duas casas na área mais nobre da cidade. A remuneração não
era tão alta, mas fazia o que gostava.
Letícia
admirava o marido em sua nova atividade. Aquilo que ele fazia o deixava mais
humano, mais sensível, coisa que ficava cada vez mais evidente no
relacionamento deles. Quando sobrava tempo para ambos, buscavam atividades que
pudessem fazer juntos — jantar, dançar, caminhar ou qualquer outra coisa que
aumentasse a intimidade do casal.
Mas
um dia houve um ponto de desentendimento, e sério, entre Onofre e a esposa.
Primeiro ele a beijou e, suavemente, retirou-lhe a roupa. Nua, ele
percorreu-lhe o corpo com uma rosa. E, por fim, depois de uma dificuldade em
penetrá-la, iniciou os movimentos sexuais levemente e compassados.
—
Pare! — ela pediu um pouco irritada.
— O
que foi? — intrigou-se Onofre.
—
Que pensa que está fazendo? Você anda me traindo?
Ele
não entendia.
—
Como é que é? De onde tirou isso, mulher?
—
Dessa palhaçada que você está fazendo. Onde aprendeu isso? Melhor… com quem
aprendeu isso?
—
Aprendi lendo, apenas isso. E fiz para te agradar.
—
Senta naquela cadeira — pediu Letícia.
—
Tudo bem!
Enquanto
isso ela colocou um vestido.
— Eu
te conheci logo após o meu aniversário de 17 anos e gostei de você logo que o
vi. Naquele momento, eu pensando em príncipes e palavras de amor… e a primeira
coisa que você me deu foi um tapa na cara, mas nem deu tempo de eu sentir o
ardor no rosto, pois você me enfiou essa vara, como se eu fosse uma puta, uma
vadia. A dor, o sangue… eu me senti estuprada, enganada e pensei que tivesse
sido abusada e que nunca mais te veria. Mas, quando você me procurou de novo,
meu coração pulou de alegria. E você me arrastou para a beira do rio, onde me
batia enquanto se saciava com o meu corpo.
Onofre
sentiu um pouco de vergonha com a narrativa.
—
Sempre que me toca, eu sinto uma subserviência que gera prazer. Isso aumentava
à medida que você repetia o ato de forma bruta, seca, direta. Eu aprendi a
fazer amor dessa forma, você me ensinou assim, e tem sido desse jeito pelos
últimos vinte anos. E cada vez que me toca, eu peço a Deus que seja sempre como
da primeira vez, com violência, com força, sem meias-palavras. Vinte anos
depois, você me aparece aqui com essa ideia de suavidade e delicadeza? —
Letícia desdenhava. — Isso eu não quero e nem aceito. Se é pra ter essa
porcaria aí, prefiro ficar sem.
Ela
ia saindo do quarto, quando recebeu o puxão no cabelo que a fez voltar ao braço
de Onofre. Ele a olhou no fundo dos olhos e ela pediu:
—
Faça!
Mal acabou de falar e o ardor queimou em seu rosto. Onofre a forçou para baixo e ela caiu de joelhos. Letícia sorriu e olhou para ele. Com uma das mãos, ele a prendia pelo cabelo, com a outra, segurava o membro e socava na boca da esposa, invadindo até a garganta e a asfixiando. Quando fez pela terceira vez, ela tentou dizer algo e recebeu outro tapa na cara.
Onofre a ergueu e colocou de quatro sobre a cama. Naquela posição, ele pôde ver o quanto ela se lubrificou, e sem pensar duas vezes socou o membro. Letícia arfou, empinando cada vez mais o quadril e facilitando a invasão feita pelo esposo. Tapas e chupões se intercalavam com os movimentos fortes e vigorosos. Até que ele parou e a virou de frente, abusando da boca da esposa. Ela ouviu o urro e sentiu o líquido grosso jorrar sobre sua língua. Ela o engoliu e se deitou sobre Onofre. Nada disseram, mas existia contentamento em cada rosto.
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