A ligação foi no meio da madrugada e havia tensão das duas partes.
—
Edwin, é uma medida boa para a empresa?
—
Vejo como a mais acertada para nós, Persie.
—
Você contratou esse rapaz há 8 meses e, ao que estou sabendo, ele não produziu
nada. Isso confere?
—
Confere!
—
Bem, se você está fazendo isso, deve ter os seus motivos. — O presidente da Dezinea
fez uma pausa. — Por isso devo alertá-lo quanto aos meus. Nos próximos meses,
farei uma visita à sua unidade, e você sabe como é o mercado, não é? Fui alertado
que grupos têm sondado a Dezinea, e é provável que eu ouça propostas.
— Pretende mesmo… concretizar esse negócio.
Houve
um silêncio pesaroso do outro lado da linha, até que Persie respondeu:
—
Não consigo mais convencer os demais sócios a manter os investimentos. Eles
querem a venda.
— Eu
entendo — disse, um pouco desanimado, Edwin.
—
Não se deixe abater, meu amigo. Se lembre do que o profeta disse: "O que tens de fazer, faze-o
depressa".
—
Obrigado pela confiança, Persie!
—
Por nada e até breve!
Ligação
encerrada, Edwin nem colocou o telefone no gancho. Discou outro número.
—
Alô?! Rutger?
—
Sim!
— É
o Edwin.
—
Olá! Como vão as coisas?
—
Tudo sob controle — disfarçou Edwin. — Estou ligando para confirmar sobre a
validação.
—
Ah… tudo certo. Posso te enviar os documentos agora, se quiser.
—
Faça isso, por favor, Rutger. Não sabe o quanto preciso.
— O
coordenador do curso de engenharia da universidade ficou curioso e lisonjeado
ao mesmo tempo. E há um desejo em conhecer o aluno que enviou o material.
— É
certo que, no futuro, o levaremos até aí. — Edwin tinha pressa. — Agradeço sua
colaboração.
—
Sempre que precisar, Edwin.
—
Até!
Novamente
não colocou o fone no gancho e discou outro número, dessa vez, para a sede da Dezinea.
—
Alô?! Heidi?
—
Edwin? Olá!
—
Heidi, preciso da sua ajuda.
Após
uma breve explicação, a moça do outro lado expôs a situação.
—
Esse é um contrato local. É de uma novidade tamanha para a empresa.
— E
que será rescindido nas próximas horas.
—
Entendo! Mas não temos jurisdição sobre isso.
Edwin
complementou as primeiras informações com detalhes desconhecidos pela moça.
— Agora
entendo. Você está seguro disso? — Heidi precisava se certificar de que ele
estava ciente e autorizava.
—
Estou! Tem o meu aval — respondeu confiante.
—
Ok. O documento estará pronto em alguns minutos, eu o enviarei dentro de uma
hora.
—
Heidi, prometo que, assim que retornar, te pagarei uma stamppot com rookworst[1].
—
Promessa é dívida, hein?!
Se
acham que Edwin foi muito atirado, aviso que essa foi a primeira vez em 7 anos
que ele a chamou para sair. A verdade era que os dois se admiravam, mas cada um
era mais devagar que o outro.
—
Pode deixar. Obrigado.
— Por nada.
Foi uma das melhores noites de sono na vida de Edwin.
Nenhum comentário:
Postar um comentário