Ardes - Capítulo 140

 

A ligação foi no meio da madrugada e havia tensão das duas partes.

— Edwin, é uma medida boa para a empresa?

— Vejo como a mais acertada para nós, Persie.

— Você contratou esse rapaz há 8 meses e, ao que estou sabendo, ele não produziu nada. Isso confere?

— Confere!

— Bem, se você está fazendo isso, deve ter os seus motivos. — O presidente da Dezinea fez uma pausa. — Por isso devo alertá-lo quanto aos meus. Nos próximos meses, farei uma visita à sua unidade, e você sabe como é o mercado, não é? Fui alertado que grupos têm sondado a Dezinea, e é provável que eu ouça propostas.

— Pretende mesmo… concretizar esse negócio.

Houve um silêncio pesaroso do outro lado da linha, até que Persie respondeu:

— Não consigo mais convencer os demais sócios a manter os investimentos. Eles querem a venda.

— Eu entendo — disse, um pouco desanimado, Edwin.

— Não se deixe abater, meu amigo. Se lembre do que o profeta disse: "O que tens de fazer, faze-o depressa".

— Obrigado pela confiança, Persie!

— Por nada e até breve!

Ligação encerrada, Edwin nem colocou o telefone no gancho. Discou outro número.

— Alô?! Rutger?

— Sim!

— É o Edwin.

— Olá! Como vão as coisas?

— Tudo sob controle — disfarçou Edwin. — Estou ligando para confirmar sobre a validação.

— Ah… tudo certo. Posso te enviar os documentos agora, se quiser.

— Faça isso, por favor, Rutger. Não sabe o quanto preciso.

— O coordenador do curso de engenharia da universidade ficou curioso e lisonjeado ao mesmo tempo. E há um desejo em conhecer o aluno que enviou o material.

— É certo que, no futuro, o levaremos até aí. — Edwin tinha pressa. — Agradeço sua colaboração.

— Sempre que precisar, Edwin.

— Até!

Novamente não colocou o fone no gancho e discou outro número, dessa vez, para a sede da Dezinea.

— Alô?! Heidi?

— Edwin? Olá!

— Heidi, preciso da sua ajuda.

Após uma breve explicação, a moça do outro lado expôs a situação.

— Esse é um contrato local. É de uma novidade tamanha para a empresa.

— E que será rescindido nas próximas horas.

— Entendo! Mas não temos jurisdição sobre isso.

Edwin complementou as primeiras informações com detalhes desconhecidos pela moça.

— Agora entendo. Você está seguro disso? — Heidi precisava se certificar de que ele estava ciente e autorizava.

— Estou! Tem o meu aval — respondeu confiante.

— Ok. O documento estará pronto em alguns minutos, eu o enviarei dentro de uma hora.

— Heidi, prometo que, assim que retornar, te pagarei uma stamppot com rookworst[1].

— Promessa é dívida, hein?!

Se acham que Edwin foi muito atirado, aviso que essa foi a primeira vez em 7 anos que ele a chamou para sair. A verdade era que os dois se admiravam, mas cada um era mais devagar que o outro.

— Pode deixar. Obrigado.

— Por nada.

Foi uma das melhores noites de sono na vida de Edwin.



[1] Linguiça com purê de batatas


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