Ardes - Capítulo 135

 

A ligação foi por volta de 18h50, início de noite.

— Rainen, precisamos conversar — Renata falou bem decidida.

— É claro, amor! Sobre o quê?

— Bruna.

Ele ficou estático e desconfortável com aquele nome, contudo sabia que era um assunto que, cedo ou tarde, teriam que confrontar.

— Tudo bem.

— Que horas e onde nos encontramos?

Marcaram na lanchonete do Dunley, afinal, para os dois, o lugar foi bem resolutivo para outro antigo problema que tiveram.

No horário combinado, se encontraram.

— Oi, amor.

— Oi. — Ela o beijou.

— Vamos comer algo?

— Um suco pra mim.

— Por favor? Um suco de laranja, uma pamonha e café — ele pediu ao passarem próximo do balcão.

Já tinham uma mesa preferencial e foram para lá. Ao se sentarem, ele perguntou:

— O que quer falar sobre ela?

— Rainen, já pensou na possibilidade de ela ser carente?

— Olha, pra ser sincero, tinha pensado em ela ser mal-amada… — Renata não gostou do que ouviu. — Te falei que pensei com sinceridade.

Nesse momento, a garçonete trouxe os pedidos.

— Obrigado — agradeceu Rainen.

— Tudo bem. É um assunto delicado. — Ela bebericou o suco. — Olha, minha irmã transferiu o sentimento que ela tem, a segurança, as realizações, para o dinheiro. Ela acredita mesmo que os valores que conseguir juntar somados a um relacionamento planejado lhe trarão a realização pessoal.

Rainen havia parado de comer ouvindo o que Renata falava, mas sem conseguir acreditar.

— Então a sua irmã acredita que pode manipular a felicidade? — A garota se calou confirmando. — Olha, cada vez ela me surpreende mais.

— Eu sei que o problema financeiro de nossa família foi o estopim para tais pensamentos, mas… — Ela olhou fixamente para Rainen. — O nosso relacionamento é o que alimenta os seus intentos.

— Você tem certeza do que está falan…

— Ela acha — o interrompeu — que o casamento de alguém da nossa família com uma pessoa que passa privações seria o início de um efeito dominó que lançaria nossa família de uma vez por todas na sarjeta.

— Ela acha que eu…

— Desculpe — ela concordou sabendo o que ele falaria.

— Isso não é insanidade?

— Minha irmã não é louca — Renata a defendeu.

— É o que parece quando ouço essas coisas. — E ponderou um pouco, dizendo: — Mas se é como você diz, ela acha que o casamento com o Marcus será o diferencial em sua vida? Que seria algo planejado?

— E muito bem planejado — complementou Renata.

— Não fui com a cara dele. E se estamos discutindo sobre carência afetiva, não acho que dali saia boa coisa.

— Parece que todos nós tivemos a mesma impressão.

— De qualquer modo, eu não gostaria de me ver envolvido nisso. Se lembra? A ideia é irmos embora.

— É o meu sangue, Rainen. No mais, existe uma possibilidade, mesmo que remota, de transformá-la. Por que não aproveitá-la?

— Sua irmã é sagaz, altiva, não aceitaria as coisas que planeja oferecer. — Ele se lembrou de algo. — A propósito, o que planeja?

— Não está muito claro em minha mente, mas penso em alguém livre, que possa se relacionar de fato, amando, se apaixonando por ela.

— A sua irmã? Apaixonada?! Ai, ai… essa eu queria ver — retrucou descrente.

— Aguarde e verá.

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