A ligação foi por volta de 18h50, início de noite.
—
Rainen, precisamos conversar — Renata falou bem decidida.
— É
claro, amor! Sobre o quê?
—
Bruna.
Ele
ficou estático e desconfortável com aquele nome, contudo sabia que era um
assunto que, cedo ou tarde, teriam que confrontar.
—
Tudo bem.
—
Que horas e onde nos encontramos?
Marcaram
na lanchonete do Dunley, afinal, para os dois, o lugar foi bem resolutivo para
outro antigo problema que tiveram.
No horário combinado, se encontraram.
—
Oi, amor.
—
Oi. — Ela o beijou.
—
Vamos comer algo?
— Um
suco pra mim.
—
Por favor? Um suco de laranja, uma pamonha e café — ele pediu ao passarem
próximo do balcão.
Já
tinham uma mesa preferencial e foram para lá. Ao se sentarem, ele perguntou:
— O
que quer falar sobre ela?
—
Rainen, já pensou na possibilidade de ela ser carente?
—
Olha, pra ser sincero, tinha pensado em ela ser mal-amada… — Renata não gostou
do que ouviu. — Te falei que pensei com sinceridade.
Nesse
momento, a garçonete trouxe os pedidos.
—
Obrigado — agradeceu Rainen.
—
Tudo bem. É um assunto delicado. — Ela bebericou o suco. — Olha, minha irmã
transferiu o sentimento que ela tem, a segurança, as realizações, para o
dinheiro. Ela acredita mesmo que os valores que conseguir juntar somados a um relacionamento planejado lhe trarão a
realização pessoal.
Rainen
havia parado de comer ouvindo o que Renata falava, mas sem conseguir acreditar.
—
Então a sua irmã acredita que pode manipular a felicidade? — A garota se calou
confirmando. — Olha, cada vez ela me surpreende mais.
— Eu
sei que o problema financeiro de nossa família foi o estopim para tais
pensamentos, mas… — Ela olhou fixamente para Rainen. — O nosso relacionamento é
o que alimenta os seus intentos.
—
Você tem certeza do que está falan…
—
Ela acha — o interrompeu — que o casamento de alguém da nossa família com uma
pessoa que passa privações seria o início de um efeito dominó que lançaria
nossa família de uma vez por todas na sarjeta.
—
Ela acha que eu…
—
Desculpe — ela concordou sabendo o que ele falaria.
—
Isso não é insanidade?
—
Minha irmã não é louca — Renata a defendeu.
— É
o que parece quando ouço essas coisas. — E ponderou um pouco, dizendo: — Mas se
é como você diz, ela acha que o casamento com o Marcus será o diferencial em
sua vida? Que seria algo planejado?
— E
muito bem planejado — complementou Renata.
—
Não fui com a cara dele. E se estamos discutindo sobre carência afetiva, não
acho que dali saia boa coisa.
—
Parece que todos nós tivemos a mesma impressão.
— De
qualquer modo, eu não gostaria de me ver envolvido nisso. Se lembra? A ideia é
irmos embora.
— É
o meu sangue, Rainen. No mais, existe uma possibilidade, mesmo que remota, de
transformá-la. Por que não aproveitá-la?
—
Sua irmã é sagaz, altiva, não aceitaria as coisas que planeja oferecer. — Ele
se lembrou de algo. — A propósito, o que planeja?
—
Não está muito claro em minha mente, mas penso em alguém livre, que possa se
relacionar de fato, amando, se apaixonando por ela.
— A sua irmã? Apaixonada?! Ai, ai… essa eu queria ver — retrucou descrente.
— Aguarde e verá.
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