No dia seguinte, a sequência das situações continuava. Ela mal se sentou na cadeira e o seu ramal tocou.
—
Bruna, o senhor Marcus quer vê-la.
Pela
primeira vez em anos, aquilo soou como algo ruim. Ela se arrumou e subiu para a
sala do presidente. Ele aguardou que ela entrasse e se sentasse para
sentenciar.
—
Você está afundando.
—
Como pode dizer isso? — tentou rebater.
Ele
se sentou perto dela e sorriu.
— A
quem está tentando enganar, Bruna? Olhe bem pra você e tente responder.
— Eu
não acho isso — argumentou com pouca vontade.
— Pode mentir para si mesma. Isso é uma forma de atenuar a dura realidade. Mas pode fazer o mesmo comigo? Não pode, minha criança. São anos de experiência lidando com pessoas, observando, moldando… — Ele fez uma pausa para olhá-la. — … erguendo e derrubando.
— É
apenas um mau momento.
—
Para outros, sim. Para você, não.
—
Mais uma vez, eu não concordo e…
Eles
pararam a conversa ao ouvir batidas na porta.
—
Entre! — ordenou Marcus.
O
rapaz entrou, entregou um pequeno livro ao presidente e saiu.
—
Não quero que fale mais nada, antes que se complique mais ainda. — Ele entregou
o livro em suas mãos. — Quero um relatório sobre esse livro.
Bruna
olhou a capa, lendo o título.
“MOBY DICK – HERMAN
MELVILLE”
—
Isso é importante? — questionou mal-humorada.
— Já
te pedi algo que não o fosse?
Ela
se levantou irritada.
—
Não quero lê-lo!
— Mas vai! E pela postura pouco profissional, eu te suspendo por hoje e amanhã, sem remuneração. — E Marcus disse, mais irritadiço: — Agora saia daqui, antes que eu faça algo do qual realmente me arrependa.
Bruna pegou suas coisas e retornou para casa.
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