Ardes - Capítulo 133

 

— Droga, Bruna! Mil vezes droga! — Mario está irritado como nunca.

— Calma, Mario. Tenha calma! — Elizabeth tentava aplacar sua ira.

Era final da tarde de domingo e a garota estava sentada diante dos pais.

— Como eu vou ter calma? Como? — Ele andava de um lado para o outro pensando e repensando. — O que você acha que está fazendo? Que obsessão é essa?

A garota olhou para o pai, respondendo:

— Eu não o aceito em nossa família.

Mario parou diante dela, extremamente irritado.

— Como é que é?

— Isso mesmo que o senhor ouviu. Não quero esse miserável no seio de nossa família e nem perto de nós.

— Bruna, por favor! De onde surgiu esse preconceito? Nós nunca fomos assim.

— Ele é pobre, fedido, é um lixo! — Ela nem sabia ao certo o que falava.

— Bruna! — O pai a agarrou pelos braços. — Você está ouvindo o que está falando? Como é que você julga as pessoas assim? Quem é você pra fazer isso? De hoje pra amanhã as coisas mudam. E a felicidade da sua irmã? Onde fica nessa história? Hã?

Quando ela pensou em responder, o barulho de um motor cessou bem na frente da residência. Em segundos, Rainen e Renata entraram pela porta e se juntaram aos três.

— Que bom que estão todos reunidos, assim fica mais fácil o anúncio — começou Rainen.

— Anúncio? — Elizabeth pousou a mão sobre o peito.

— Conversando com a Renata sobre os últimos acontecimentos, nós decidimos nos casar, mas… — Ele fez uma pausa olhando para Bruna. — Nós vamos embora da cidade.

A notícia caiu como uma bomba sobre a família.

— Filha! Você concordou com isso? — Elizabeth a abraçou chorando.

— Não penso mais em mim, minha mãe. Há muito tempo somos eu e ele.

— Espere, Rainen. Reconsidere, por favor!

— Reconsiderar o que, Mario? Reconsiderar o quê? Vou esperar que um dia a polícia encontre drogas no meu carro? Ou que eu seja acusado de praticar algum crime contra a vida? Já pensou que pode acontecer algum acidente e que eu posso morrer?

Foram palavras duras para os presentes.

— Imbecil! — Bruna xingou.

Puto da vida, Rainen não deixou barato.

— Cala a sua boca, sua escrotinha mimada! — E, enfurecido, se aproximou dela. — Cala a sua boca, porque você teve muita sorte por eu não te arrebentar um processo nas costas por injúria e difamação, e com o testemunho da sua coleguinha Valéria. Ah, minha cara! Você pegaria facilmente 5 anos de cadeia. Então, para o seu bem, cala a boca! — urrou na cara de Bruna.

Todos ficaram espantados com o que viram e ouviram, mas tiveram a certeza de que Rainen estava consciente do que falava, por ser a vítima de um complô.

— Lamento, meu rapaz. Lamento mesmo! — Mario tinha a voz pesarosa. — Sempre quis minhas filhas perto de mim e essa casa cheia de netos aos finais de semana, mas parece que isso agora era só um sonho…

— Não fique assim, pai. Vocês serão bem recebidos onde estivermos.

— E vocês já tem ideia de local?

— Não, dona Elizabeth. Talvez uma cidade ao norte do vale.

— Mas, daquele lado, a cidade mais próxima está a pelo menos 300 quilômetros de distância.

— Não é nada concreto, Mario. Ainda tenho muitos compromissos por aqui e a Renata tem que terminar a faculdade. Então ainda é um esboço do que planejamos.

Mal acabou de falar e Bruna passou correndo, subiu a escada e se trancou no quarto. Chorou bastante, abraçada às coisas que guardava, e só depois teve um sono, mas não tranquilo.

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