Ardes - Capítulo 103

 

— A casa é pequena, mas o coração é grande.

Foi com essa frase que Rainen recebeu Renata e sua família para a noite do Ano-Novo.

— Isso é o que importa — Mario o cumprimentou.

— É a pura verdade — Elizabeth entrou após o esposo.

Em seguida, Renata o abraçou e ficou assim por alguns instantes. Até que cochichou em seu ouvido:

— Não sabe como espero para não ter mais que vir ao seu encontro.

— Essa também é a minha vontade. — E se beijaram.

— Onde está a Bruna? — questionou Letícia ao lado do marido.

— Foi passar a noite junto com umas amigas — respondeu Renata.

E todos se cumprimentaram ali na sala.

— Boa noite, senhor Onofre!

— Boa noite! — ele foi cordial, na medida do possível.

— Que cheiro delicioso é esse? — questionou Elizabeth.

— Leitoa. Deve ficar pronta dentro de uma hora.

— Meu Deus! Você preparou uma leitoa assada? Eu adoro! — Mario esfregou as mãos de satisfação.

— Leitoa, farofa, maionese, salada, arroz, lentilha… — elencou Rainen. — E outras coisinhas.

— Parece delicioso! — Renata o abraçou forte.

— Não vou dizer que sim para não fazer propaganda enganosa. — Todos riram. — Mas é verdade.

— Feito pela dona Letícia? Dever estar divino.

— Minha filha, você está passando mel na sua futura sogra?

Risadas.

E naquele clima descontraído o tempo avançou, agora, iniciavam a refeição. Foram vários os assuntos, risadas, discursos com promessas e juramentos para o novo ano que se iniciaria a qualquer momento.

— Peço licença aos presentes para me retirar. — O pai de Rainen se levantou.

— Não gostaria de ficar mais, senhor Onofre? — Renata foi amável.

Diante da candura daquelas palavras, ele não conseguiu ser frio:

— Hoje não, mas espero que se divirta.

Ele olhou para o filho, que também o olhou, e meneou a cabeça positivamente, em sinal de aprovação.

— Que horas são? — perguntou Letícia.

— Ih… falta menos de um minuto.

E na rua fogos de artifício prenunciavam a chegada do ano novo. Então Elizabeth iniciou a contagem regressiva:

— 10… 9… 8… 7… 6… 5… 4… 3… 2…

E todos gritaram juntos:

— Feliz ano-novo!

Que foi seguido por abraços e felicitações. E foram para o lado de fora, acompanhar a queima de fogos de artifício, coisa bem discreta, e retornaram para a mesa, prosseguindo com a refeição.

— Olha, Letícia, o jantar está espetacular. — Elizabeth se serviu de uma costelinha.

— Adorei a farofa de bacon! — Renata também pegou mais um pouco.

Após terminarem a refeição, Rainen chamou:

— Vamos para a sala comer a sobremesa?

Rainen e Renata foram até a cozinha e, após alguns beijos, retornaram com pratos e talheres, além de um bolo branco e um mousse de maracujá.

— Ah, não! Desse jeito não tem academia que dê jeito.

— Falem com aquele rapaz ali. — Ela apontou para o filho. — A ideia foi dele.

— Tudo bem. Já entendi — Renata, me ajude a levar de volta para a cozinha.

Foi um tal de: “Não! Não!”. Além de: “Foi brincadeira.”. E por fim: “Meu reino por uma sobremesa!”. Depois foram muitas risadas.

— É bom estar aqui com vocês, pessoal.

— Família, né?! — reforçou Renata.

Ponderaram naquelas palavras por instantes e Mario perguntou:

— O que estão programando para o próximo ano?

Olharam para Letícia e ela começou:

— Vou frequentar os cursos da prefeitura.

— E são bons? — perguntou Elizabeth.

— São sim. Frequentei recentemente o de operador de micro e, como a turma foi pequena, o instrutor focou em contabilidade, matéria que cursei no segundo grau. Adorei.

Mario, Elizabeth e Renata permaneceram estáticos por instantes, sem dizer qualquer palavra. Diante daquela reação, Letícia se sentiu incomodada:

— Algum problema com o que eu disse?

— Você está dizendo que fez contabilidade e que sabe operar um computador? — questionou Mario.

— Sim, foi o que eu disse.

— Bem, Letícia, a Andarate está ampliando o quadro de funcionários. É uma necessidade que surgiu agora, e por isso gostaríamos de lhe fazer uma oferta de trabalho.

— Não sei o que dizer.

— Apenas diga que sim! — Renata se aproximou, segurando-a pelas mãos. — Estará nos ajudando também.

— É claro que sim! Eu aceito!

— Digam o que quiserem, mas esse ano vai marcar nossas vidas — pontuou Mario.

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