Ardes - Capítulo 102

 

Os sete dias entre o Natal e o Ano Novo se passaram como num piscar de olhos, e assim foi o curso de Letícia. Ela pegou o seu certificado na terça-feira e foi avisada de que novas inscrições aconteceriam a partir do dia 02 de janeiro, na própria prefeitura. Por isso estava tão sorridente.

— Quanta felicidade! — Rainen empurrava o carrinho no supermercado.

— Resultado do curso. Foi muito agradável e me sinto capaz de fazer as coisas.

Ela se recordou que adorou editar textos, além de manipular os números na planilha eletrônica. Descobriu o mundo navegando na internet e suas ilimitadas possibilidades. Esmerou-se na criação de slides e na formatação de um banco de dados.

— Que bom que gostou. — Ele pensou um pouco e perguntou: — E se a senhora arrumasse um emprego nessa área?

— Seria bom, na verdade, seria ótimo. Mas acha que consigo encontrar uma vaga?

— Vamos ver… — Rainen pensava na Dezinea.

— Deixe-me consultar a lista de compras: leitoa, óleo, bacon, vegetais, folhas, frutas da estação, arroz, farinha, maionese, especiarias, polpas, refrigerantes. — Ela tocou o lápis na boca, questionando: — E para a sobremesa?

— Que tal bolo branco? Tem bastante tempo que não faz.

— Boa pedida, colocarei nozes na cobertura. — Então disse, rabiscando no papel: — Ovos, farinha de trigo, fermento, creme de leite, manteiga, essência de baunilha e nozes.

— Mal posso esperar. — Fez silêncio por um momento e perguntou: — Como está o pai?

Era um assunto incômodo.

— Bebendo. Nada mais.

— Muito ou pouco?

— Não é de chegar em casa destruindo tudo. Quando bebe, ele fica sereno, mais que o comum. — Letícia conhecia bem o esposo.

— Tem que haver algum jeito de fazer ele parar.

— Não adianta forçar, filho, ele precisa aceitar o problema e desejar resolvê-lo.

Rainen sabia que a mãe fazia um esforço titânico para manter o equilíbrio de casa, da família e dos seus sentimentos. Por isso, pensava em ajudar de alguma forma:

“Preciso dar um jeito nisso.”

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