Os
sete dias entre o Natal e o Ano Novo se passaram como num piscar de olhos, e
assim foi o curso de Letícia. Ela pegou o seu certificado na terça-feira e foi
avisada de que novas inscrições aconteceriam a partir do dia 02 de janeiro, na
própria prefeitura. Por isso estava tão sorridente.
—
Quanta felicidade! — Rainen empurrava o carrinho no supermercado.
—
Resultado do curso. Foi muito agradável e me sinto capaz de fazer as coisas.
Ela
se recordou que adorou editar textos, além de manipular os números na planilha
eletrônica. Descobriu o mundo navegando na internet e suas ilimitadas
possibilidades. Esmerou-se na criação de slides e na formatação de um banco de
dados.
—
Que bom que gostou. — Ele pensou um pouco e perguntou: — E se a senhora
arrumasse um emprego nessa área?
—
Seria bom, na verdade, seria ótimo. Mas acha que consigo encontrar uma vaga?
— Vamos ver… — Rainen pensava na Dezinea.
— Deixe-me
consultar a lista de compras: leitoa, óleo, bacon, vegetais, folhas, frutas da
estação, arroz, farinha, maionese, especiarias, polpas, refrigerantes. — Ela
tocou o lápis na boca, questionando: — E para a sobremesa?
—
Que tal bolo branco? Tem bastante tempo que não faz.
—
Boa pedida, colocarei nozes na cobertura. — Então disse, rabiscando no papel: —
Ovos, farinha de trigo, fermento, creme de leite, manteiga, essência de
baunilha e nozes.
—
Mal posso esperar. — Fez silêncio por um momento e perguntou: — Como está o
pai?
Era
um assunto incômodo.
—
Bebendo. Nada mais.
—
Muito ou pouco?
—
Não é de chegar em casa destruindo tudo. Quando bebe, ele fica sereno, mais que
o comum. — Letícia conhecia bem o esposo.
—
Tem que haver algum jeito de fazer ele parar.
—
Não adianta forçar, filho, ele precisa aceitar o problema e desejar resolvê-lo.
Rainen sabia que a mãe fazia um esforço titânico para manter o equilíbrio de casa, da família e dos seus sentimentos. Por isso, pensava em ajudar de alguma forma:
“Preciso dar um jeito nisso.”
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