Quando
chegavam à Dezinea, o semáforo fechou e, de dentro do táxi, Edwin e Heidi viram
Rainen e Persie entrando na caminhonete e deixando a empresa. O rapaz não
pensou duas vezes.
—
Siga aquele carro! — pediu ao motorista.
Ao
seu lado, a garota tinha o semblante triste e abatido, além de uma confusão
mental que a deixava passiva e desanimada. Foi com muito esforço que Edwin
conseguiu colocá-la no carro.
—
Tenha calma, eu te peço. — Ela se recostou em seu ombro, mas não conseguiu
animar seu espírito. — Confie em mim, Heidi.
E
como estavam com um estranho no carro, eles não entraram nos detalhes do
assunto.
Na dianteira, Rainen fazia a caminhonete desenvolver a velocidade e, em cerca de 15 minutos, chegaram ao condomínio Monte Rosa. Na frente da casa de Renata, o primeiro carro estacionado era o de Mario, o segundo, o de Bruna, mas o terceiro ele não conhecia. Um sedã luxuoso, prateado e de boa marca.
—
Visitas? — questionou Persie.
—
Parece que sim — respondeu Rainen estacionando ao lado do sedã.
Renata,
voou em direção ao noivo, abraçando e beijando.
—
Que saudade, meu amor!
—
Meu doce! Também não me aguentava mais de saudade.
O
senhor observou a cena um pouco estarrecido.
—
Mas essa é a…
—
Calma, Persie. Essa é a Renata, irmã da Bruna. Renata, esse é o Persie,
presidente da Dezinea.
—
Olá! Muito prazer em conhecê-lo.
—
Mentira! — ele disse, sério, e depois sorriu. — Prazer você teve ao encontrar o
seu noivo.
Todos
riram.
—
Não vou negar — ela respondeu, abraçando o rapaz.
Mais
risadas.
—
Mas vamos entrar — convidou Rainen.
—
Claro, claro!
No
curto caminho, Persie não pôde deixar de comentar:
—
Por instantes, pensei que você fosse casado com a advogada da Lemaw.
Rainen
ficou pouco à vontade com a ideia.
Ao
passarem pela porta da sala, a surpresa: Marcus, Bruna, Mario, Elizabeth,
Letícia, Onofre. Todos sentados, conversando de forma minimamente civilizada.
— Rainen!
— anunciou Mario.
—
Filho! — chamou Letícia.
—
Deus do Céu… — lamentou Marcus olhando Rainen e Persie.
—
Misericórdia — desejou Renata.
—
Preciso dizer alguma coisa? — Sorriu Persie.
—
Ei, vocês! — Edwin e Heidi apareceram na porta.
Falaram
tão rápido, em sequência, que todos se entreolharam e, depois de um tempo,
riram. Exceto Bruna e Heidi, que não estavam animadas.
—
Aconteceu algo? — questionou Rainen.
—
Aconteceu! — quem respondeu foi Edwin.
Heidi
se aproximou e abraçou Persie.
—
Gostaria de aproveitar a presença dos colegas, para pedir a mão de Heidi em
casamento.
A
garota o olhou, sem acreditar no que ouviu.
— É
sério?
—
Muito sério! Você aceita?
—
Eu… eu… — Ela olhou para Persie.
—
Filha, você tem a minha bênção.
—
Papai, obrigada! — Abraçou-o, beijando o seu rosto.
Foi
uma surpresa, pois quase ninguém ali sabia se tratarem de pai e filha. Era uma
imposição do dono da Dezinea.
—
Seja tão bom esposo quanto é funcionário — Persie falou com Edwin e apertou sua
mão. — Parabéns e felicidades!
E todos
os presentes parabenizaram os noivos, menos Bruna, que continuava amuada no
sofá.
—
Bem, todos estão convidados para almoçar — chamou Elizabeth, indo para a
cozinha.
Seguiram-na
e, sobre a mesa, ela colocou as travessas de onde as pessoas se serviram. Os
elogios à comida começaram cedo, o que a deixou satisfeita.
—
Essa lasanha é receita de família.
E o
gosto era verdadeiramente especial, tanto que Marcus comeu se lembrando da
infância na Europa.
—
Mas então o senhor é o presidente da Dezinea? — perguntou Mario.
—
Sim, eu a fundei há poucos meses —
brincou.
—
Uau! É uma empresa grande, mas não a vejo tão atuante em nosso mercado.
Persie
riu.
—
Digamos que, agora, isso mudará. Mas, antes, pode me servir mais um pedaço
dessa deliciosa lasanha, por favor?
O
presidente da Dezinea sabia que Marcus filtrava cada palavra que ele dizia, por
isso não se aprofundava em assuntos de negócios.
Foi
logo após a sobremesa, sorvete com biscoito, que um carro buzinou lá fora.
Edwin havia ligado para o serviço de táxi minutos antes.
—
Está na nossa hora — informou Persie.
— É
cedo!
—
Não tanto, e agora tenho um casamento pela frente. — Ele apertou a mão de
Rainen. — Obrigado pela refeição ao lado de tão valorosas pessoas, e por tudo o
que tem feito. Tire folga amanhã, tudo bem?
—
Mas ainda tenho ajustes pra fazer e…
—
Desobedecendo uma ordem direta do presidente? — E riu.
E
eles saíram quando o carro buzinou novamente. De igual modo, se despediu
Marcus:
—
Obrigado pelo almoço.
—
Por nada, Marcus. Até! — despediu-se Elizabeth.
Bruna
subiu correndo as escadas, enquanto os pais de Rainen e Renata foram para a
cozinha conversar e organizar as coisas.
Na
sala, o jovem casal conversava:
— O
que acha de um cinema mais tarde?
— Eu
gostaria. — E ela cochichou: — Mas eu preciso mesmo é de um motel.
— O seu desejo é uma ordem.
Do alto da escada, Bruna ouviu, confirmando uma de suas suspeitas.
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