Ardes - Capítulo 164

 


Quando chegavam à Dezinea, o semáforo fechou e, de dentro do táxi, Edwin e Heidi viram Rainen e Persie entrando na caminhonete e deixando a empresa. O rapaz não pensou duas vezes.

— Siga aquele carro! — pediu ao motorista.

Ao seu lado, a garota tinha o semblante triste e abatido, além de uma confusão mental que a deixava passiva e desanimada. Foi com muito esforço que Edwin conseguiu colocá-la no carro.

— Tenha calma, eu te peço. — Ela se recostou em seu ombro, mas não conseguiu animar seu espírito. — Confie em mim, Heidi.

E como estavam com um estranho no carro, eles não entraram nos detalhes do assunto.

Na dianteira, Rainen fazia a caminhonete desenvolver a velocidade e, em cerca de 15 minutos, chegaram ao condomínio Monte Rosa. Na frente da casa de Renata, o primeiro carro estacionado era o de Mario, o segundo, o de Bruna, mas o terceiro ele não conhecia. Um sedã luxuoso, prateado e de boa marca.

— Visitas? — questionou Persie.

— Parece que sim — respondeu Rainen estacionando ao lado do sedã.

Renata, voou em direção ao noivo, abraçando e beijando.

— Que saudade, meu amor!

— Meu doce! Também não me aguentava mais de saudade.

O senhor observou a cena um pouco estarrecido.

— Mas essa é a…

— Calma, Persie. Essa é a Renata, irmã da Bruna. Renata, esse é o Persie, presidente da Dezinea.

— Olá! Muito prazer em conhecê-lo.

— Mentira! — ele disse, sério, e depois sorriu. — Prazer você teve ao encontrar o seu noivo.

Todos riram.

— Não vou negar — ela respondeu, abraçando o rapaz.

Mais risadas.

— Mas vamos entrar — convidou Rainen.

— Claro, claro!

No curto caminho, Persie não pôde deixar de comentar:

— Por instantes, pensei que você fosse casado com a advogada da Lemaw.

Rainen ficou pouco à vontade com a ideia.

Ao passarem pela porta da sala, a surpresa: Marcus, Bruna, Mario, Elizabeth, Letícia, Onofre. Todos sentados, conversando de forma minimamente civilizada.

— Rainen! — anunciou Mario.

— Filho! — chamou Letícia.

— Deus do Céu… — lamentou Marcus olhando Rainen e Persie.

— Misericórdia — desejou Renata.

— Preciso dizer alguma coisa? — Sorriu Persie.

— Ei, vocês! — Edwin e Heidi apareceram na porta.

Falaram tão rápido, em sequência, que todos se entreolharam e, depois de um tempo, riram. Exceto Bruna e Heidi, que não estavam animadas.

— Aconteceu algo? — questionou Rainen.

— Aconteceu! — quem respondeu foi Edwin.

Heidi se aproximou e abraçou Persie.

— Gostaria de aproveitar a presença dos colegas, para pedir a mão de Heidi em casamento.

A garota o olhou, sem acreditar no que ouviu.

— É sério?

— Muito sério! Você aceita?

— Eu… eu… — Ela olhou para Persie.

— Filha, você tem a minha bênção.

— Papai, obrigada! — Abraçou-o, beijando o seu rosto.

Foi uma surpresa, pois quase ninguém ali sabia se tratarem de pai e filha. Era uma imposição do dono da Dezinea.

— Seja tão bom esposo quanto é funcionário — Persie falou com Edwin e apertou sua mão. — Parabéns e felicidades!

E todos os presentes parabenizaram os noivos, menos Bruna, que continuava amuada no sofá.

— Bem, todos estão convidados para almoçar — chamou Elizabeth, indo para a cozinha.

Seguiram-na e, sobre a mesa, ela colocou as travessas de onde as pessoas se serviram. Os elogios à comida começaram cedo, o que a deixou satisfeita.

— Essa lasanha é receita de família.

E o gosto era verdadeiramente especial, tanto que Marcus comeu se lembrando da infância na Europa.

— Mas então o senhor é o presidente da Dezinea? — perguntou Mario.

— Sim, eu a fundei há poucos meses — brincou.

— Uau! É uma empresa grande, mas não a vejo tão atuante em nosso mercado.

Persie riu.

— Digamos que, agora, isso mudará. Mas, antes, pode me servir mais um pedaço dessa deliciosa lasanha, por favor?

O presidente da Dezinea sabia que Marcus filtrava cada palavra que ele dizia, por isso não se aprofundava em assuntos de negócios.

Foi logo após a sobremesa, sorvete com biscoito, que um carro buzinou lá fora. Edwin havia ligado para o serviço de táxi minutos antes.

— Está na nossa hora — informou Persie.

— É cedo!

— Não tanto, e agora tenho um casamento pela frente. — Ele apertou a mão de Rainen. — Obrigado pela refeição ao lado de tão valorosas pessoas, e por tudo o que tem feito. Tire folga amanhã, tudo bem?

— Mas ainda tenho ajustes pra fazer e…

— Desobedecendo uma ordem direta do presidente? — E riu.

E eles saíram quando o carro buzinou novamente. De igual modo, se despediu Marcus:

— Obrigado pelo almoço.

— Por nada, Marcus. Até! — despediu-se Elizabeth.

Bruna subiu correndo as escadas, enquanto os pais de Rainen e Renata foram para a cozinha conversar e organizar as coisas.

Na sala, o jovem casal conversava:

— O que acha de um cinema mais tarde?

— Eu gostaria. — E ela cochichou: — Mas eu preciso mesmo é de um motel.

— O seu desejo é uma ordem.

Do alto da escada, Bruna ouviu, confirmando uma de suas suspeitas.

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