Para
Persie as 11 horas de viagem foram tranquilas e, por que não dizer,
relaxantes?! Veio de primeira classe, tinha um walkman[1]
e estava acompanhado por uma bela moça. Na idade dele, nada melhor. A
conversa entre ambos foi bastante reveladora.
—
Como está a sua vida profissional nesse momento, Heidi?
Aos
34 anos, Heidi era alta, de corpo esbelto e encaracolados cabelos castanhos. A
moça descendia de tradicional família holandesa. Puxou muito dos trejeitos
simples da mãe, mas guardava em seu âmago a força batalhadora de seu pai.
—
Bem, até agora — sua voz era cristalina e afável.
— E
quando mudará de área dentro da empresa?
— Seria até o meio do ano que vem, mas com a venda…
— Lamento,
querida. São coisas que acontecem na vida. Apenas esteja preparada tanto para o
pior quanto para o melhor. — Ele fez uma pausa mudando de assunto. — E a sua
vida amorosa? Ouvi dizer que tem um pretendente.
— Eu
também ouvi.
Ambos
riram da colocação.
—
Sabe, Heidi? Aprendi umas poucas coisas nessa vida e gostaria de compartilhar
contigo, tudo bem?
—
Tenha a bondade.
—
Sei que você tem uma natureza doce e meiga. É uma pessoa leal e responsável,
sempre calma e centrada, contudo, te digo que, como humanos que somos, mesmo
sofrendo as limitações e sentindo a interferência dos sentimentos em nossas
vidas, é necessário que tenhamos força para, em determinados momentos,
mudarmos, mesmo que temporariamente, a nossa essência. — Ele a olhou com
ternura. — Caso não ousemos, colocaremos em risco a conquista de nossos
objetivos.
Ela
o olhou com admiração.
—
Acho que entendi suas palavras.
— Eu
tenho a mais absoluta certeza de que entendeu.
Foi
quando o piloto da aeronave avisou:
— Senhores passageiros, preparar para o pouso!
Em dez minutos, o casal caminhava pelo saguão principal do aeroporto internacional.
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