Ardes - Capítulo 157

 


Não se lembrava de quando nessa vida havia chorado tanto. Foram dias negros que ela preferia nunca ter vivenciado. Tão impactantes que, por noites, ela não dormia direito. A tentativa sempre era deflagrada pelas lembranças daquele dia. O diálogo, a tensão, os sabores, as sensações. Por vezes, no meio da madrugada, acordava suada, asfixiada com a própria respiração. Por isso acumulou olheiras, mau humor, falta de apetite, fadiga. E dali em diante as coisas seguiram morosas e entediantes. Foi com extrema dificuldade que manteve os estudos. Desatenta, recebeu duas multas por estacionar o carro em lugar proibido, e, dentro da Lemaw, lutava com unhas e dentes para manter o que conseguiu, mas não estava fácil. O desequilíbrio psicológico foi grande. O embate direto com o rapaz foi mais desgastante do que ela poderia prever. E pior, ele estava correto em quase tudo o que falou.

“Quase!”

Acendeu a luz do abajur e olhou para o relógio que marcava 2h da madrugada. Ela pegou o copo com água e deu dois goles. Dessa vez, a suadeira foi menor. Talvez pelo horário, quando comumente fazia frio, mas ela pouco sentia, pois naquelas situações ficava alterada.

Num repente, seus olhos focaram o armário. De imediato, sentiu um alívio no corpo e se levantou da cama. Aquilo a chamava, a seduzia. Em pé, retirou camisola, calcinha e sutiã. Foi até o móvel e o abriu, encontrando a peça dobrada.

“Como a deixei”,

Abraçou-a e, sorrindo, voltou para a cama, onde se deitou e se cobriu com o edredom. Segurando a peça, com a mão livre acariciava os mamilos, fazendo-os se enrijecerem e arrepiando o seu corpo. Até que decidiu ousar mais, descendo a mão até sua parte íntima tocando os grandes lábios e sentindo o líquido viscoso lubrificar seus dedos. Gemeu. Pegou a peça e colocou bem próxima ao nariz, o cheiro atiçou sua imaginação e com isso criou a cena. Junto, permitiu-se introduzir dois dedos que, lubrificados, abriram caminho em sua vagina. Pressionou a palma da mão sobre o clitóris e a satisfação a tomou. A respiração ficou forte e Bruna fechou as pernas, forçando a musculatura, como se obrigasse que lhe dessem prazer. Funcionou. Ela se contorceu, tremendo sem controle por alguns instantes. O delírio, o desejo, o seu sonho realizado em parte. Outro líquido escorria por sua perna, encontrando o colchão. Voltando a si, agarrou forte a peça de tecido e chorou.

“Por quê? Por quê?”

Foi depois de longas horas que conseguiu dormir, mas não por muito tempo. Quase pela manhã os seus olhos se abriram, e respirava com força, tudo acompanhando o forte batimento de seu coração. Isso porque ela chegou a uma simples constatação:

“Se ele falou tantas coisas a meu respeito, é porque ele me observa.”

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