Não
se lembrava de quando nessa vida havia chorado tanto. Foram dias negros que ela
preferia nunca ter vivenciado. Tão impactantes que, por noites, ela não dormia
direito. A tentativa sempre era deflagrada pelas lembranças daquele dia. O
diálogo, a tensão, os sabores, as sensações. Por vezes, no meio da madrugada,
acordava suada, asfixiada com a própria respiração. Por isso acumulou olheiras,
mau humor, falta de apetite, fadiga. E dali em diante as coisas seguiram
morosas e entediantes. Foi com extrema dificuldade que manteve os estudos.
Desatenta, recebeu duas multas por estacionar o carro em lugar proibido, e,
dentro da Lemaw, lutava com unhas e dentes para manter o que conseguiu, mas não
estava fácil. O desequilíbrio psicológico foi grande. O embate direto com o
rapaz foi mais desgastante do que ela poderia prever. E pior, ele estava
correto em quase tudo o que falou.
“Quase!”
Acendeu a luz do abajur e olhou para o relógio que marcava 2h da madrugada. Ela pegou o copo com água e deu dois goles. Dessa vez, a suadeira foi menor. Talvez pelo horário, quando comumente fazia frio, mas ela pouco sentia, pois naquelas situações ficava alterada.
Num
repente, seus olhos focaram o armário. De imediato, sentiu um alívio no corpo e
se levantou da cama. Aquilo a chamava, a seduzia. Em pé, retirou camisola,
calcinha e sutiã. Foi até o móvel e o abriu, encontrando a peça dobrada.
“Como
a deixei”,
Abraçou-a
e, sorrindo, voltou para a cama, onde se deitou e se cobriu com o edredom.
Segurando a peça, com a mão livre acariciava os mamilos, fazendo-os se
enrijecerem e arrepiando o seu corpo. Até que decidiu ousar mais, descendo a
mão até sua parte íntima tocando os grandes lábios e sentindo o líquido viscoso
lubrificar seus dedos. Gemeu. Pegou a peça e colocou bem próxima ao nariz, o
cheiro atiçou sua imaginação e com isso criou a cena. Junto, permitiu-se
introduzir dois dedos que, lubrificados, abriram caminho em sua vagina.
Pressionou a palma da mão sobre o clitóris e a satisfação a tomou. A respiração
ficou forte e Bruna fechou as pernas, forçando a musculatura, como se obrigasse
que lhe dessem prazer. Funcionou. Ela se contorceu, tremendo sem controle por
alguns instantes. O delírio, o desejo, o seu sonho realizado em parte. Outro
líquido escorria por sua perna, encontrando o colchão. Voltando a si, agarrou
forte a peça de tecido e chorou.
“Por
quê? Por quê?”
Foi depois de longas horas que conseguiu dormir, mas não por muito tempo. Quase pela manhã os seus olhos se abriram, e respirava com força, tudo acompanhando o forte batimento de seu coração. Isso porque ela chegou a uma simples constatação:
“Se ele falou tantas coisas a meu respeito, é porque ele me observa.”
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