Naqueles 8 meses Bruna não só fez mais uma aquisição, como também participou ativamente de duas vendas. Em se tratando de comissões, faturou mais de 400 mil dólares, desconsiderando bônus e participações nos lucros. Somado ao valor que guardava, o seu saldo bancário passava de 1 milhão de dólares. Mas, de algum modo, ela não sentia satisfação plena, coisa que também não teve quando comprou o seu carro zero quilômetro, nem quando adquiriu roupas de grife e joias de ouro. Esse comportamento fazia com que estranhasse a si mesma, então, buscando reverter isso, resolveu sair e expor o que conseguiu.
—
Você teve muito bom gosto com as roupas e as joias — elogiou Marcus.
Mas,
para Bruna, as palavras traziam amargor.
— Obrigada! — mentiu com um sorriso nos lábios.
Aquele
restaurante era um dos mais refinados da cidade, com refeições
internacionalmente reconhecidas. A carta de bebidas era a terceira melhor do
país. Mas não adiantava. Para Bruna, a comida tinha sabor de serragem, e o
vinho, gosto de vinagre. Mesmo com a lotação do restaurante em 80%, ela se
sentia só, recostada no muro de um cemitério. Para combater isso, puxou
conversa:
— E
a Dezinea? — perguntou.
— O
que tem ela? — Marcus ficou atento.
—
Novidades?
O
assunto interessava a Marcus e Bruna era a líder daquela negociação. Então ele
pensava em deixa-la a par do assunto:
— Há
rumores de que o presidente da empresa virá da Holanda, no mais tardar no
primeiro trimestre do próximo ano.
—
Está bem em cima.
—
Sim. Ele sabe que é observado, então fará essa viagem esperando ser abordado. —
Ele ponderou um pouco para depois prosseguir: — Queria mesmo era informações
privilegiadas sobre a empresa.
— E
por que não a compra.
Marcus
sorriu.
—
Bruna, já tentou subornar um holandês?
—
Não — ela respondeu um pouco ingênua.
—
Pois é… eles são muito compromissados, e os dessa empresa, em particular, são
mergulhados na cultura da organização.
— Se
fala com tanta propriedade, é porque…
Marcus
deu um bom gole no vinho.
—
Aquele cheque de 200 mil dólares foi o mesmo que chamar a mãe dele de
prostituta. E olha que ele era o supervisor da limpeza. — E deu uma garfada em
um tomate cereja.
Bruna
quis rir da situação, mas não teve ânimo.
— E
não tentou novamente?
—
Mais duas vezes, de forma discreta para não levantar alarde, mas também sem
sucesso. — Ele cortou um pedaço da carne de coelho. — Por sorte o mundo dá
voltas e agora uma nova oportunidade aparece.
— O
que quer dizer? — Intrigou-se a garota.
— O
noivo da sua irmã…
Se
os últimos meses de Bruna foram ruins, e aquela noite uma droga, ouvir a menção
sobre o rapaz a aturdiu de tal modo que ela colocou os talheres sobre o prato
para ocultar o tremor.
—
Ele é funcionário da Dezinea. Na verdade, o único funcionário deles que não é
holandês. Raça maldita! — praguejou Marcus.
— E
como pretende fazer? — ela perguntou calculando a resposta.
Marcus
deu uma gaitada tão alta que chamou a atenção de todo o restaurante.
—
Como eu pretendo fazer? Como eu pretendo fazer? — Ele ria sem
conseguir se conter, até que cessou repentinamente. — Quem é a responsável pela
negociação? Quem me apresentou dados e mais dados sobre a Dezinea? Quem quer me
fazer um pedido assim que a empresa for comprada?
Para
todas as perguntas, apenas uma resposta: Bruna.
—
Mas, Marcus, você sabe da…
—
Sei — falou mais alto, interrompendo-a — que pago o seu salário! Sei que quero
aquela empresa! Sei que você é a responsável direta pela aquisição.
—
Mas nunca fiz nada disso antes.
—
Não se preocupe. Você aprende. Tem um orçamento de 200 mil dólares para isso e,
se precisar, pode até dobrar esse valor.
Os
pensamentos de Bruna deram voltas considerando a mísera possibilidade de
conversar com Rainen, que dirá convencê-lo a se corromper. Tinha um péssimo
pressentimento sobre a situação futura.
Marcus
terminou a refeição e a chamou para irem embora.
—
Está na hora.
Precisando
de atenção e carinho, Bruna pediu:
—
Bem que poderíamos esticar essa noite.
—
Estou muito cansado hoje. E amanhã é domingo, quero dormir até mais tarde.
—
Tudo bem — concordou frustrada.
A negativa a lançou num mundo acinzentado, triste, enfadonho e, durante todo o trajeto para casa, se manteve assim, deslocada.
Chegou em casa e estava tudo escuro. Foi ao banheiro se higienizar. Enquanto o fazia, lembrou-se de algo em seu quarto e sentiu o coração pulsar forte. Ao terminar, foi para o cômodo, entrou e trancou a porta. Ligou o abajur e a fraca luz amarelada clareou o ambiente. Rápida e desajeitada, tirou a roupa, ficando nua. Caminhou até o armário e pegou a peça de tecido, enrolando-a em volta de seu corpo. Ao fazer isso, se arrepiou. Seus mamilos enrijeceram e o cheiro característico tomou conta de seu olfato. As pernas tremeram quando recriou mentalmente a cena, então caminhou até a cama e desabou sobre ela. Seu coração acelerou e sua respiração ficou mais forte. Num movimento involuntário, puxou a peça aveludada que pressionou sua parte íntima. O prazer gerado, obrigou-a a puxar mais uma vez, e mais uma, e a próxima, e outra vez, cada vez mais rápido, mais forte, até que travou num ponto, se oferecendo à força, às lágrimas… o orgasmo.
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