Quando chegou, mal foi notado. Ele viu as almofadas do sofá lançadas aos quatro cantos da sala. A música estava baixa, mas algumas pessoas ainda dançavam. Pendurada num dos enfeites da lareira havia uma calcinha rosa. Na tigela do ponche boiava um sutiã preto. Dentro do aquário, uma lata de cerveja afundara. Para onde quer que olhasse, via pessoas caídas. Logo constatou:
“Isso
não é normal.”
Pelo
chão do corredor, embalagens de comida e copos. Na bancada da cozinha, os
convidados bebiam direto nos gargalos das garrafas de cerveja, vodca ou whisky.
A louça se empilhava por toda a pia. Restos de petiscos entulhavam a lixeira.
Pensou sorrindo:
“Não são pessoas, são animais.”
A
mesa de vidro na copa fora usada para a inalação de cocaína. Copos
descartáveis, com restos de bebidas diversas, estavam espalhados por todos os
lados.
Uma
visão o alegrou profundamente: jogadas pelos cantos, ele encontrou camisinhas.
Algumas com sangue, umas com fezes, outras rompidas. Pelas peças de roupas
rasgadas, talvez alguém tenha sido abusado.
—
Esse cheiro de sexo… que delícia — disse, respirando mais forte.
Ouviu
um barulho que veio da biblioteca. Nela, uma garota transava com dois rapazes,
enquanto três se masturbavam sobre um garoto desmaiado.
Depois
um grito. No cômodo da frente, uma garota tinha braços e pernas segurados por
quatro pessoas enquanto a quinta subia nela, dizendo:
—
Não se preocupe, você vai adorar.
—
Não! Não! Eu sou virgem!
Foi
silenciada quando o rapaz enfiou três comprimidos em sua boca e disse:
— Só
até essa noite. — E todos riram.
O
espectador não quis tomar parte, apenas fechou a porta deixando a situação
manter o seu curso.
Passou
pelo banheiro e encontrou, esparramadas pelo chão, várias bitucas de cigarro,
além de farelos de canabis. Sentados
por ali, dois rapazes partilhavam um cigarro feito da erva. Dentro da banheira
vazia, duas moças abraçadas e apagadas.
“Onde
ele estará?”
E
olhou para a escada que levava ao andar de cima, onde havia quartos. Subindo,
encontrou de tudo: bebidas, carteiras, lixo. Ao final da escadaria, uma moça
seminua e desmaiada com a cara sobre o próprio vômito.
Ele
foi direto para a suíte e encontrou o seu colega entrando nela, acompanhado por
um rapaz visivelmente embriagado. Não questionava o gosto do amigo:
—
Mas bêbado assim? — perguntou o recém-chegado.
—
São os melhores pra serem iniciados, depois voltam me pedindo mais — explicou
sorrindo o dono da casa. — Pensei que você não viesse.
—
Tive que passar em uma festinha chata demais, mas não vamos comentar isso
agora. O que deixou para mim?
—
Tem duas novinhas naquele quarto — disse apontando. — Falei tanta coisa a seu
respeito que elas ficaram te esperando, mas com a demora já devem estar se
pegando.
Ambos
gargalharam.
—
Valeu! E feliz Natal!
—
Feliz Natal!
Ele
ainda viu o dono da casa beijar o rapaz bêbado, que estranhou aquilo, e fechar
a porta.
O
visitante abriu a porta do quarto e encontrou as duas garotas se beijando. Ele
entrou brincando:
— Hou! Hou! Hou! Quem quer pegar no presente?
Elas riram e foram para cima dele, abraçando-o e beijando. A madrugada foi intensa.
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