Sentado em casa, bebendo uma cerveja holandesa, Edwin repassava mentalmente a conversa que teve com o jovem mecânico:
— Diante de tudo o que me falou, Rainen,
gostaria de fazer uma proposta.
— Então vamos lá.
— A Dezinea desenvolve e fabrica motores
a diesel para caminhonetes e caminhões há algum tempo. Contudo não conseguimos
destaque no mercado, mesmo solucionando os problemas com a rede de assistência
técnica, que impactava também na garantia do produto.
— Entendo.
— Mas vejo além disso. Sinto que o motor que é usado como base para o desenvolvimento não atingiu o ponto ideal de maturação. Me parece que falta algo, algo que não foi previsto pelo grupo desenvolvedor. — Rainen era só atenção.— Por isso, eu gostaria de convidá-lo para participar da equipe de desenvolvedores. O que acha?
— Edwin, só lembrando: eu não tenho
nível superior, ok?!
— Ok! Mas tem experiência, e um talento
nato. Além do mais, a graduação não é um pré-requisito para essa vaga. Talvez
seja para outras.
— Não sei…
E Edwin continuou:
— Olha, se está preocupado com o
salário, não podemos pagar muito, mas inicialmente fica entre U$ 3.500,00 e U$
4.000,00…
— Edwin… — o rapaz tentou falar, mas não
conseguiu.
— Ok! Para compensar o baixo salário,
você pode trabalhar uma hora a menos, desde que faça sete horas diárias de
segunda à sexta.
— Poxa!
— Te falei que tem vale alimentação,
vale transporte, bônus e participação nos lucros?
Tudo aquilo impressionou Rainen, e ele
perguntou:
— Vai me deixar falar?
— Ops! Desculpe! Acho que me empolguei.
Fale!
Ambos riram.
— Eu aceito. Só gostaria de saber onde
fica a empresa.
Mesmo
com as duras notícias dadas pelo presidente da empresa, Edwin estava feliz
naquele fim de ano. Ele guardava consigo uma determinação mesclada à esperança
que o fazia crer que, em algum momento, a situação da Dezinea mudaria. Claro
que não tinha ideia de como seria, mas a contratação de Rainen lhe parecia o
pontapé inicial.
Para
Edwin foi um momento ímpar. Claro que se preocupava, pois Rainen era o primeiro
funcionário não holandês da empresa,
então não havia certeza quanto à adaptação de ambos os lados.
Dessa forma, concretizou a proposta, isso no início de novembro. No final daquele mês, o rapaz assinou o contrato. Passou a receber em dezembro, antes de começar a trabalhar, o que só aconteceria em janeiro.
Mesmo assim, para ambos os interessados, havia um fio de esperança.
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