— Rainen, tem coisas sobre o nosso futuro que estão ameaçadas.
Foram
com essas palavras que Renata começou a conversa com o rapaz. O local era a
lanchonete do Dunley, onde eram servidas as melhores tortas da cidade. Estavam
à mesa próxima à área de serviço, evitando serem percebidos, ou assim pensou
Renata quando escolheu aquele canto.
— Do
que está falando? — Rainen se enrijeceu.
Sentados
frente a frente, ele viu quando os olhos de Renata lacrimejaram.
— Eu
tenho um problema hormonal.
— E
qual é o efeito que isso gera em você?
Ela
respirou fundo, mas, mesmo assim, a voz saiu falha:
—
Posso ter dificuldade para engravidar.
Rainen
ponderou, pois sabia que a maternidade era um assunto importantíssimo para
qualquer mulher.
— Mas você nunca perguntou se eu, sequer, gostaria de ser pai.
Ele
tentou segurá-la nas mãos, mas ela recuou.
—
Tem coisas que são desnecessárias, que estão estampadas nas ações, mesmo
involuntárias, das pessoas — respondeu cabisbaixa.
A
tensão crescia entre ambos. Ele estendeu-lhe a mão, e garota a rejeitou.
—
Mas você usou a palavra posso, quer
dizer que não é algo definitivo.
Renata
enxugou as lágrimas e tentou ser objetiva:
—
Tenho me tratado com medicação há alguns meses, e não surte efeito. Eu sinto
que é algo contra o qual eu não posso lutar…
— É
melhor você parar! — Rainen pediu.
Mas
ela o ignorou:
— …Então
seria injusto da minha parte te oferecer algo pela metade…
—
Estou pedindo para você parar!
— …Dessa
forma, acho que é melhor que nós dois…
—
Cala a boca! — Rainen berrou e todos no estabelecimento olharam para ele, que
se pôs de pé. — Mandei você calar a boca!
Renata
chorava baixinho quando Rainen sentou ao seu lado e a abraçou. Foi depois de
bastante tempo que ela conseguiu dizer algo:
— Eu
tenho um problema.
Ele
a beijou, sentindo o gosto salgado das lágrimas, e corrigiu:
—
Nós vamos lutar para resolvê-lo.
—
Você não precisa passar por isso.
E
ele sussurrava para acamá-la:
—
Estamos juntos nessa. — Renata o olhava fixamente. — Entenda que agora é tarde
para desistirmos.
—
Mas, Rainen…
Ele
pegou um guardanapo limpando o rosto da garota.
— Na
saúde e na doença… se lembra?
—
Rainen, nós não fizemos juramentos.
Ele
a deitou no banco, repousando a cabeça em seu colo.
— Não no papel.
Eles se olhavam, esquadrinhando cada detalhe um do outro e, pelo olhar, conversaram por longo tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário