Ardes - Capítulo 094

 

— Rainen, tem coisas sobre o nosso futuro que estão ameaçadas.

Foram com essas palavras que Renata começou a conversa com o rapaz. O local era a lanchonete do Dunley, onde eram servidas as melhores tortas da cidade. Estavam à mesa próxima à área de serviço, evitando serem percebidos, ou assim pensou Renata quando escolheu aquele canto.

— Do que está falando? — Rainen se enrijeceu.

Sentados frente a frente, ele viu quando os olhos de Renata lacrimejaram.

— Eu tenho um problema hormonal.

— E qual é o efeito que isso gera em você?

Ela respirou fundo, mas, mesmo assim, a voz saiu falha:

— Posso ter dificuldade para engravidar.

Rainen ponderou, pois sabia que a maternidade era um assunto importantíssimo para qualquer mulher.

— Mas você nunca perguntou se eu, sequer, gostaria de ser pai.

Ele tentou segurá-la nas mãos, mas ela recuou.

— Tem coisas que são desnecessárias, que estão estampadas nas ações, mesmo involuntárias, das pessoas — respondeu cabisbaixa.

A tensão crescia entre ambos. Ele estendeu-lhe a mão, e garota a rejeitou.

— Mas você usou a palavra posso, quer dizer que não é algo definitivo.

Renata enxugou as lágrimas e tentou ser objetiva:

— Tenho me tratado com medicação há alguns meses, e não surte efeito. Eu sinto que é algo contra o qual eu não posso lutar…

— É melhor você parar! — Rainen pediu.

Mas ela o ignorou:

— …Então seria injusto da minha parte te oferecer algo pela metade…

— Estou pedindo para você parar!

— …Dessa forma, acho que é melhor que nós dois…

— Cala a boca! — Rainen berrou e todos no estabelecimento olharam para ele, que se pôs de pé. — Mandei você calar a boca!

Renata chorava baixinho quando Rainen sentou ao seu lado e a abraçou. Foi depois de bastante tempo que ela conseguiu dizer algo:

— Eu tenho um problema.

Ele a beijou, sentindo o gosto salgado das lágrimas, e corrigiu:

— Nós vamos lutar para resolvê-lo.

— Você não precisa passar por isso.

E ele sussurrava para acamá-la:

— Estamos juntos nessa. — Renata o olhava fixamente. — Entenda que agora é tarde para desistirmos.

— Mas, Rainen…

Ele pegou um guardanapo limpando o rosto da garota.

— Na saúde e na doença… se lembra?

— Rainen, nós não fizemos juramentos.

Ele a deitou no banco, repousando a cabeça em seu colo.

— Não no papel.

Eles se olhavam, esquadrinhando cada detalhe um do outro e, pelo olhar, conversaram por longo tempo.

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