O clima ficou pesado e Astor pensou no motivo de não ter beijado Margareth.
—
Fiquei preocupado se você permitiria e eu também não queria levar fora de você.
—
Agora você sabe que eu permito? Também sabe que não vou te dar fora? — Ele
meneou a cabeça em concordância. — Tá esperando o quê?
Aproximaram-se
e levemente os lábios se tocaram, e o beijo leve se ardeu em paixão.
—
Para! Para! — ela pediu.
— O
que aconteceu?
—
Não é assim que eu quero. Fecha a porta!
Deu
partida e fez a volta com o carro.
— Para onde vamos?
—
Quero um lugar onde eu possa aproveitar mais esse beijo.
Em
meia hora o carro entrava na garagem do edifício residencial Bakan, situado
numa região classe média alta da
cidade. Tudo por ali era muito organizado e caro. Dentro do elevador, Margareth
falou:
—
Quero te pedir duas coisas…
—
Peça.
— A
primeira é para não reparar na bagunça.
Mas,
ao destrancar a porta e acender a luz, estava tudo perfeitamente no lugar.
— É
alguma piada?
Eles
riram.
—
Talvez força do hábito.
—
Ok. E qual é o segundo pedido?
—
Não ouse pensar que sou uma mulher que vai para a cama no primeiro encontro…
—
Tudo be…
—
Mas hoje vou abrir uma exceção — disse, se atirando sobre ele.
Astor
não saberia precisar em que instante ela se despiu, menos ainda ele. Mas o fato
é que, em segundos, estavam nus, e ele viu o belo e torneado corpo de
Margareth, que usava lingerie roxa.
—
Você é…
Ela
se levantou, apagou a luz e se lançou sobre Astor, e se amaram sobre o tapete
da sala.
Mais
ou menos 25 minutos depois, sob a água do chuveiro, Margareth não conseguia
desfazer o sorriso no rosto. E cada vez que olhava para Astor, se sentia
compelida, então o beijava.
— Me
desculpe pelo incidente na sala.
—
Esquece a poça sobre o tapete. Não tem problema. — E o ensaboava.
—
Ok. Bem, eu estou faminto.
—
Nossa, é verdade. Tinha me esquecido dessa parte.
—
Hummm… planejou tudo isso, foi?!
—
Não exatamente. Desde que você me abordou daquela forma lá no escritório, sei
lá, senti que era algo diferente.
—
Cantada e cortejada eu sei que você já foi. Basta olhar sua beleza e o seu
corpão.
—
Isso é verdade, mas nunca alguém foi tão descarado como você. — E riu alto.
— Me
chamando de descarado? — E a pressionou contra a parede do box — Quer que eu te
faça gozar até desmaiar?
Ela
o agarrou.
—
Quero! Mas não agora. E concluindo o que falava, ninguém nunca me fez andar de
VLT para ir a um show, beber durante a festa, bater em três mulheres, sair de
lá fugida, arrastá-lo para minha casa e fazer sexo selvagem. Não mesmo!
—
Foi uma noite alucinante.
Ela
fechou o registro.
—
Não pelo tumulto. Você mexeu muito comigo, e continua mexendo. — Mais um beijo.
— Vamos, temos que comer algo.
— O
que tem para comer aqui?
—
Nada! Não tive tempo de ir ao mercado. Eu estava surrando umas garotas no mesmo
horário. — Margareth se satisfazia repetindo aquilo. — Mas tem uma ótima
panificadora 24 horas aqui perto.
Vestiram
quase as mesmas roupas e desceram para o térreo, ganhando acesso à via
principal. Caminharam pouco mais de 200 metros até chegarem ao estabelecimento.
—
Perto mesmo.
Sentaram-se
à mesa próxima da parede de vidro. Sobre o móvel, o cardápio.
—
Gostei bastante dessa iguaria.
—
Qual?
—
Tapioca. Eles a recheiam com o que você quiser. É nutritiva e saudável.
—
Acho que vou de cuscuz.
—
Também é bem saboroso.
—
Pelo jeito eles têm uma cliente fiel aqui.
—
Quase isso — respondeu e gesticulou, chamando a atendente.
De
imediato, a garota chegou.
—
Quais os pedidos?
—
Por favor, uma tapioca com queijo de búfala, orégano e tomate. E um cuscuz com…
E
apontou para Astor, que completou:
—
Carne e queijo.
— E
para beber? — perguntou a atendente.
—
Pra mim um café duplo, açúcar separado.
— O
mesmo para mim.
—
Tudo anotado.
—
Obrigada!
Astor
olhava admirado, ao seu redor.
“Tudo
de primeira.”
Repassando
mentalmente algumas situações daquela noite, percebeu que a moça tinha gestos e
postura de refinada educação.
— Já
sei que você não tem relacionamento, mas mora com quem?
—
Com os meus pais e uma irmã, porém tenho mais três irmãos e uma irmã, todos
casados.
—
Uau! Que família grande!
— E
você?
—
Meus pais moram a duas quadras daqui. Meu irmão mora naquele prédio. — E
Margareth apontou. — Mas no momento ele faz uma viagem internacional. Deve
voltar em uns dois ou três meses.
—
Bem interessante.
— É,
um pouco.
A
conversa foi se aprofundando à medida que o tempo passava. E foi rápido.
—
Nossa, são 1h45 — Astor se espantou com a hora.
A
garota ouviu aquelas palavras um pouco desapontada.
—
Acho que vou embora daqui mesmo.
—
Mas não tem ônibus nesse horário — ela não falou isso com tristeza.
— E
piorou.
— O
que foi?
—
Não estou achando minha carteira — ele vasculhava os bolsos.
— Eu
pago. Sem problema.
Na
fila para pagar, ele se aproximou da garota por trás e cochichou em seu ouvido:
— É
que, da última vez, arrancaram minhas calças.
Margareth
ficou vermelha, riu e deu-lhe um beliscão.
—
Fala baixo, seu saliente!
Ele
também riu.
Saíram,
refazendo o caminho de volta um pouco calados. Mas os pensamentos da garota não
paravam um segundo. Ao entrarem no apartamento, ela foi rápida e segurou a
carteira, estendendo-a para ele
—
Não te passei a impressão de ser fácil, não é?
— De
forma alguma.
E
ela puxou o objeto para si, e ele veio atrás.
—
Gostou do que passamos aqui?
— Claro
que sim.
Puxou
a carteira mais um pouco e ele acompanhou.
—
Vamos nos encontrar novamente?
— As
chances giram em torno de 100%.
E
ela colocou a carteira atrás de si e Astor a abraçou e a beijou.
—
Passa a noite aqui comigo. — E o beijou.
—
Passo sim… — repetia em meio aos beijos. — Passo sim…
Ele
a levou até o sofá e a sentou em seu colo. Discou o número no telefone e
esperou atenderem.
—
Alô! Pai?! Olha, tô ligando pra avisar que volto pra casa amanhã. — Olhou para
a cara de contentamento de Margareth e completou: — Acho. Estou na casa de uma
colega. Não, ela não é. Também não usamos drogas. Sim, senhor. Até amanhã.
Foi
tudo o que Margareth ouviu e, curiosa, perguntou:
—
Drogas, é? O que mais ele perguntou?
— Se
eu estou com alguma garota de programa. — Margareth fez cara de paisagem,
avaliando aquelas palavras. — Não se irrite. É que faz tempo que estou só.
—
Hummm… mas, se tiver interesse, e apenas por essa noite, posso ser sua garota
de programa.
—
Pela beleza e sensualidade da senhorita, me parece custar caro. Não sei se
tenho como pagar.
—
Olha, hoje é um dia especial, então, se fechar
comigo, te darei um desconto de 50%.
— E
esses outros 50%, você divide? — ele perguntou rindo.
—
Está me dizendo que está duro? —
Margareth riu da palavra de duplo sentido.
Astor
olhou para baixo, deu uma encarada e respondeu:
— Tô
ficando…
Ela
riu e o abraçou.
— Dinheiro não paga tudo mesmo.
Atracaram-se no sofá da sala e a noite foi prazerosa para ambos.
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