Ardes - Capítulo 074

 

O clima ficou pesado e Astor pensou no motivo de não ter beijado Margareth.

— Fiquei preocupado se você permitiria e eu também não queria levar fora de você.

— Agora você sabe que eu permito? Também sabe que não vou te dar fora? — Ele meneou a cabeça em concordância. — Tá esperando o quê?

Aproximaram-se e levemente os lábios se tocaram, e o beijo leve se ardeu em paixão.

— Para! Para! — ela pediu.

— O que aconteceu?

— Não é assim que eu quero. Fecha a porta!

Deu partida e fez a volta com o carro.

— Para onde vamos?

— Quero um lugar onde eu possa aproveitar mais esse beijo.

Em meia hora o carro entrava na garagem do edifício residencial Bakan, situado numa região classe média alta da cidade. Tudo por ali era muito organizado e caro. Dentro do elevador, Margareth falou:

— Quero te pedir duas coisas…

— Peça.

— A primeira é para não reparar na bagunça.

Mas, ao destrancar a porta e acender a luz, estava tudo perfeitamente no lugar.

— É alguma piada?

Eles riram.

— Talvez força do hábito.

— Ok. E qual é o segundo pedido?

— Não ouse pensar que sou uma mulher que vai para a cama no primeiro encontro…

— Tudo be…

— Mas hoje vou abrir uma exceção — disse, se atirando sobre ele.

Astor não saberia precisar em que instante ela se despiu, menos ainda ele. Mas o fato é que, em segundos, estavam nus, e ele viu o belo e torneado corpo de Margareth, que usava lingerie roxa.

— Você é…

Ela se levantou, apagou a luz e se lançou sobre Astor, e se amaram sobre o tapete da sala.

Mais ou menos 25 minutos depois, sob a água do chuveiro, Margareth não conseguia desfazer o sorriso no rosto. E cada vez que olhava para Astor, se sentia compelida, então o beijava.

— Me desculpe pelo incidente na sala.

— Esquece a poça sobre o tapete. Não tem problema. — E o ensaboava.

— Ok. Bem, eu estou faminto.

— Nossa, é verdade. Tinha me esquecido dessa parte.

— Hummm… planejou tudo isso, foi?!

— Não exatamente. Desde que você me abordou daquela forma lá no escritório, sei lá, senti que era algo diferente.

— Cantada e cortejada eu sei que você já foi. Basta olhar sua beleza e o seu corpão.

— Isso é verdade, mas nunca alguém foi tão descarado como você. — E riu alto.

— Me chamando de descarado? — E a pressionou contra a parede do box — Quer que eu te faça gozar até desmaiar?

Ela o agarrou.

— Quero! Mas não agora. E concluindo o que falava, ninguém nunca me fez andar de VLT para ir a um show, beber durante a festa, bater em três mulheres, sair de lá fugida, arrastá-lo para minha casa e fazer sexo selvagem. Não mesmo!

— Foi uma noite alucinante.

Ela fechou o registro.

— Não pelo tumulto. Você mexeu muito comigo, e continua mexendo. — Mais um beijo. — Vamos, temos que comer algo.

— O que tem para comer aqui?

— Nada! Não tive tempo de ir ao mercado. Eu estava surrando umas garotas no mesmo horário. — Margareth se satisfazia repetindo aquilo. — Mas tem uma ótima panificadora 24 horas aqui perto.

Vestiram quase as mesmas roupas e desceram para o térreo, ganhando acesso à via principal. Caminharam pouco mais de 200 metros até chegarem ao estabelecimento.

— Perto mesmo.

Sentaram-se à mesa próxima da parede de vidro. Sobre o móvel, o cardápio.

— Gostei bastante dessa iguaria.

— Qual?

— Tapioca. Eles a recheiam com o que você quiser. É nutritiva e saudável.

— Acho que vou de cuscuz.

— Também é bem saboroso.

— Pelo jeito eles têm uma cliente fiel aqui.

— Quase isso — respondeu e gesticulou, chamando a atendente.

De imediato, a garota chegou.

— Quais os pedidos?

— Por favor, uma tapioca com queijo de búfala, orégano e tomate. E um cuscuz com…

E apontou para Astor, que completou:

— Carne e queijo.

— E para beber? — perguntou a atendente.

— Pra mim um café duplo, açúcar separado.

— O mesmo para mim.

— Tudo anotado.

— Obrigada!

Astor olhava admirado, ao seu redor.

“Tudo de primeira.”

Repassando mentalmente algumas situações daquela noite, percebeu que a moça tinha gestos e postura de refinada educação.

— Já sei que você não tem relacionamento, mas mora com quem?

— Com os meus pais e uma irmã, porém tenho mais três irmãos e uma irmã, todos casados.

— Uau! Que família grande!

— E você?

— Meus pais moram a duas quadras daqui. Meu irmão mora naquele prédio. — E Margareth apontou. — Mas no momento ele faz uma viagem internacional. Deve voltar em uns dois ou três meses.

— Bem interessante.

— É, um pouco.

A conversa foi se aprofundando à medida que o tempo passava. E foi rápido.

— Nossa, são 1h45 — Astor se espantou com a hora.

A garota ouviu aquelas palavras um pouco desapontada.

— Acho que vou embora daqui mesmo.

— Mas não tem ônibus nesse horário — ela não falou isso com tristeza.

— E piorou.

— O que foi?

— Não estou achando minha carteira — ele vasculhava os bolsos.

— Eu pago. Sem problema.

Na fila para pagar, ele se aproximou da garota por trás e cochichou em seu ouvido:

— É que, da última vez, arrancaram minhas calças.

Margareth ficou vermelha, riu e deu-lhe um beliscão.

— Fala baixo, seu saliente!

Ele também riu.

Saíram, refazendo o caminho de volta um pouco calados. Mas os pensamentos da garota não paravam um segundo. Ao entrarem no apartamento, ela foi rápida e segurou a carteira, estendendo-a para ele

— Não te passei a impressão de ser fácil, não é?

— De forma alguma.

E ela puxou o objeto para si, e ele veio atrás.

— Gostou do que passamos aqui?

— Claro que sim.

Puxou a carteira mais um pouco e ele acompanhou.

— Vamos nos encontrar novamente?

— As chances giram em torno de 100%.

E ela colocou a carteira atrás de si e Astor a abraçou e a beijou.

— Passa a noite aqui comigo. — E o beijou.

— Passo sim… — repetia em meio aos beijos. — Passo sim…

Ele a levou até o sofá e a sentou em seu colo. Discou o número no telefone e esperou atenderem.

— Alô! Pai?! Olha, tô ligando pra avisar que volto pra casa amanhã. — Olhou para a cara de contentamento de Margareth e completou: — Acho. Estou na casa de uma colega. Não, ela não é. Também não usamos drogas. Sim, senhor. Até amanhã.

Foi tudo o que Margareth ouviu e, curiosa, perguntou:

— Drogas, é? O que mais ele perguntou?

— Se eu estou com alguma garota de programa. — Margareth fez cara de paisagem, avaliando aquelas palavras. — Não se irrite. É que faz tempo que estou só.

— Hummm… mas, se tiver interesse, e apenas por essa noite, posso ser sua garota de programa.

— Pela beleza e sensualidade da senhorita, me parece custar caro. Não sei se tenho como pagar.

— Olha, hoje é um dia especial, então, se fechar comigo, te darei um desconto de 50%.

— E esses outros 50%, você divide? — ele perguntou rindo.

— Está me dizendo que está duro? — Margareth riu da palavra de duplo sentido.

Astor olhou para baixo, deu uma encarada e respondeu:

— Tô ficando…

Ela riu e o abraçou.

— Dinheiro não paga tudo mesmo.

Atracaram-se no sofá da sala e a noite foi prazerosa para ambos.

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