— Dio santissimo — era
Tony, marcando sua impressão. — Quando os clientes souberam que você estava de
volta, quase deu briga aqui na frente da oficina.
— Sério?
— Olha. — Do bolso, ele puxou um pedaço de papel amassado e com
manchas de graxa. — Só aqui tem nove clientes. Ali dentro tenho mais uma folha.
— Que bom.
— Então, eu te esperei hoje, por conta dessas listas e por mais
uma coisa.
Chamou-o até o escritório e apontou:
— Sobre o armário de metal.
O rapaz tateou até que encontrou a pistola 9 milímetros.
— Pra que isso?
— “Nunca se sabe”, dizia
um tio mio.
— Não vai acontecer nada, trabalharei com portas fechada.
— Ok! Mas está aí. Vou embora e nos vemos no sábado.
— Até mais, Tony.
— Até!
Naquela noite o trabalho rendeu. Rainen conseguiu arrumar cinco
veículos e deixou preparada a solução para mais três. Ele realmente amava o que
fazia.
Durante a pausa para o lanche, pensou em Renata. Aqueles olhos
radiantes que tanto o cativavam, a pele macia e clara, o cheiro adocicado que
lhe entorpecia, o corpo curvilíneo e quente, que agora chamava sua atenção.
Essas mudanças da garota, agora, lhe eram perceptíveis, fossem físicas ou de
comportamento. Já fazia algum tempo que, nos abraços que se davam, ela o
prendia mais, e, nos beijos, ela se inquietava com mais movimentação.
“Mulher.”
Era dessa forma que agora via Renata e sabia que era assim que ela
gostaria de ser tratada. Ele tinha uma ideia de como fazer, seus colegas e os
próprios companheiros de armas falaram como deveria ser. Na verdade, eles não
falaram, Rainen ouviu a conversa dos outros recrutas.
— Na hora do “bem bom”, fui
bruto com a guria e ela nunca mais apareceu…
— Ela está no terceiro mês
de gestação…
— Saímos para jantar,
pegamos um cinema e depois nos beijamos até não poder mais. E qual foi o
resultado, senhores? Qual foi o resultado? — Genildo fazia os movimentos com a
mão.
Desses diálogos, ele extraiu informações e concluiu coisas que
deveria alimentar pelas mulheres: carinho, preservação, cuidado.
“O exército é uma escola.”
Rainen sorriu.
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