Como
auxiliar na garagem do quartel, Rainen organizava ferramentas, limpava o
ambiente e observava a atuação dos mecânicos. Vez ou outra, catalogava as peças
disponíveis ou calculava o quanto deveria solicitar na próxima aquisição.
O
mecânico chefe do setor se chamava Saul, era rígido e centralizador. Não
gostava de compartilhar seus conhecimentos, logo, era um pouco difícil
trabalhar com ele. Mas Rainen ignorava tais coisas e, sempre que possível,
perguntava sobre assuntos relacionados aos motores dos jipes, caminhões e
tanques. Naquele dia, em especial, Saul tentava arrumar a embreagem do jipe do
comandante da base. Havia 8 meses que não conseguia uma das peças, e vê-lo em
ação atiçou mais ainda a curiosidade de Rainen.
— Mas esse é um CJ. De que ano?
A pergunta chamou a atenção do mecânico.
— 1944.
— É… não fazem mais veículos como antigamente.
— O dono é apaixonado por esse daqui.
Rainen rodeou o carro:
— Pelo estado de conservação, tenho certeza que sim. Qual é o
problema dele?
— Embreagem. — Saul evitava se aprofundar na conversa.
— Desgaste, com certeza.
— É o cubo — disse o mecânico, se limpando.
— Então é só retirar o de alguma carcaça e colocar nele.
— Não é tão fácil. — Saul fechava o capô do veículo. — Primeiro,
por ser um veículo particular. Segundo, porque não tenho essa peça. Nem nova
nem de carcaça.
— Não é certeza, mas talvez um colega meu consiga essa peça.
Falarei com ele.
— Fique à vontade. — E o chefe do setor saiu, dando-lhe pouca atenção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário