Dirceu era o tipo de homem
que tinha uma calculadora no lugar do cérebro e uma caixa registradora no lugar
do coração. Ele não perdia tempo com coisas que não lhe dessem dinheiro, e
odiava qualquer obstáculo que o separasse do seu objetivo: mais dinheiro.
A princípio, tais
pensamentos e condutas, nos fariam pensar que estivéssemos tratando de um
grande produtor, ou proprietário de indústria, até mesmo um bancário. Contudo
Dirceu era um bispo, um religioso. A religião a qual pertencia se esforçava ao
máximo em angariar recursos materiais, estes, impulsores de seu crescimento
global. E que crescimento! O grupo contava com mais de 1000 templos, espalhados
por todo o país, e ambicionava abrir mais 40 naquele ano. Como? Ora, arrancando
até a última moeda de seus fiéis. Por isso as pregações eloquentes, conclamando
os ouvintes à doação extrema:
“Não se sacrificaria pelo
vosso Senhor?”
Perguntou várias vezes. E a
resposta vinha através de pilhas e pilhas de dinheiro em campanhas, votos e
provações. Foi por causa dessa alta lucratividade que o antigo pastor Dirceu,
ascendeu a bispo de sua cidade. Porém ele ambicionava mais, desejava se
envolver mais, se entregar mais. Por amor? Sim! Amor, veneração, devoção, ao
dinheiro e a tudo o que ele representa: o poder, a liberdade, a regalação. Pois,
como bispo, tinha casa, carro, empregados, conta recheada. Mas ambicionava
muito mais.
“Quem sabe bispo continental.”
— E ele tinha potencial para isso.
Em seu planejamento quase
delirante, isso seria a apoteose. Porém, para atingir os seus objetivos,
precisava pisar um degrau após o outro. E começou bem. Precisou se casar, algo
que não desejava, mas que era crucial para o bom andamento de seu plano. Então,
foi na própria igreja que conheceu a ingênua moçoila. Garota ativa e muito
entregue aos afazeres da religião. Que não o questionava mas, antes, o tinha
com extrema devoção, afinal era o bispo. Já para Dirceu ela nunca significou
muito. Tampouco queria estar com ela. Preferia estar ao lado das acompanhantes
de alto luxo mas, por força da necessidade momentânea, teve que se casar.
Agora, precisava dela,
precisava de todos, de tudo o que pudesse retirar deles.
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