Naquele
momento da vida, Letícia tinha algumas preocupações: pagar as contas de água,
luz e telefone; fazer as compras no mercado. E contava com poucos recursos para
tal, ainda mais que o marido lhe dava cada vez menos valores. Então passou a
economizar em tudo o que podia. Agora fazia compras em dias de promoção,
porções reduzidas, produtos de marcas mais baratas, e a principal medida:
comprar apenas o necessário. Sim, era uma mudança de hábito causada pela perda
de poder aquisitivo. Por isso planejava:
“Com
Rainen no exército, temos uma boca a menos.”
Mas
o filho lhe prometera enviar 75% de seu salário, e era certeza de que o faria.
— Filho, não precisa.
— Eu quero, mãe.
— Seu pai e eu podemos passar por esse
período tranquilamente — explicava a mãe.
— Não terei paz se não enviar esse
dinheiro para vocês.
O pai ouviu a conversa da sala, mas nada
falou.
Não
adiantaria argumentar com o rapaz, ele puxou para si mais essa
responsabilidade. Pensou, então, na real situação de seu esposo. Onofre estava
calado, disperso e bebendo cada vez mais.
“O
que acontece com ele? Por que essa atitude?”
Queria
perguntar, mas ele estava tão isolado que temia por a reação.
Agora, Letícia fazia o almoço. Durante o
processo, se lembrou de Renata e sua família e sentiu que a relação da garota
com o seu filho era sólida. Ela pouco conhecia de Renata, mas sabia bem como
era o seu filho. Riu sozinha pensando na possibilidade de ter netos. Foram tais
pensamentos que fizeram o seu dia passar rápido e prazeroso.
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