O
dia era corrido para a garota. Pela manhã cursava a universidade, à tarde fazia
matérias extracurriculares, além de natação, e à noite estudava em casa. Em
meio a uma atividade e outra, se lembrava de Rainen, com isso, sentia um
desespero crescente quando pensava que o veria só após dois meses. Chateava-se
com isso. O que a acalantava era a lembrança dos beijos, abraços, cheiros.
Mas
a melhor hora do seu dia era o momento entre o banho e a hora de dormir, que
consumia em média sessenta minutos. No banheiro, se despiu e verificou se havia
manchas ou arranhões em seu corpo.
“Coisas
que o fariam olhar e perder o interesse.”
Conferia
também a aparência dos cabelos, se havia caspa e mau cheiro.
“Seria
inadmissível se ele encontrasse algo assim”.
Os
olhos, os dentes e as unhas eram constantemente vistoriados.
“Quero
que se agrade ao me olhar.”
Tocou
os seios e as partes íntimas. Sorriu ao fazê-lo.
“Tudo
em ordem.”
Só
então entrava no box e começava o banho: xampu, sabonete, esponja, escovinha,
pente. Na saída, secagem, penteado, troca de roupa. No quarto, se perfumava e
passava cremes. Era um processo meticuloso, que lhe dava certa satisfação.
Descia para a cozinha e lanchava. Ali conversava com seus pais, passando a
impressão de seu dia a dia e apontando suas perspectivas. Depois desse diálogo,
escovava os dentes e ia dormir.
Mas
houve um dia diferente, aconteceu algo mais. Com as luzes apagadas, deitou-se
em sua cama e se cobriu. Era uma noite um pouco fria e, quase dormindo, se
encolheu e colocou as mãos entre as pernas, forçando-as contra sua parte
íntima. A onda de prazer lhe veio instantaneamente e ela arfou. Pensando em
Rainen, novamente forçou-as e… outra onda de prazer, só que mais intensa.
Quando o fez pela terceira vez e sentiu a trepidação de seu corpo, cessou o
movimento, não se permitindo.
“Não
pode acontecer dessa forma, não de início.”
Foi difícil não ceder àquela satisfação, fácil e
rápida, solitária, mas ela o fez. Renata aquietou o coração e, quando já
começava a dormir, ouviu o barulho da porta do quarto ao lado. Bruna chegara.
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