A
semana terminava, e Rainen se apresentaria ao exército.
—
Meu filho, vá com Deus. — Letícia sentia a emoção.
O
pai permanecia estático diante da televisão, quando Rainen se aproximou para se
despedir.
—
Até breve, pai.
—
Até…
Foi
o que Onofre conseguiu responder.
—
Mãe, se precisar de alguma coisa, entre em contato que eu dou um jeito de
voltar.
Ela
o beijou na testa:
—
Não se preocupe, ficará tudo bem.
O
rapaz pegou a mochila com seus pertences e cruzou a porta. Ali fora, Mario e
Renata o aguardavam.
—
Bom dia! Que bom vocês terem vindo.
Deu
um beijinho em Renata e entrou na parte de trás do veículo.
—
Bom dia, Rainen! — saudou Mario saindo com o veículo.
—
Quase não dormi essa noite. Estava ansiosa por esse momento — confessou a
garota.
—
Será breve.
— É
um período interessante, Rainen. Há aqueles que se apaixonam pela farda e não voltam — Mario disse rindo.
—
Entendo, e até sei desse risco, mas não me vejo como militar.
— Vá
com calma — orientava Mario —, observe tudo, pondere. Não tenha pressa em
decidir.
— Eu
não me vejo viajando pelo país como espo… — E se calou Renata.
Os
dois esperaram que ela concluísse, mas ficou por isso mesmo.
— Só
verdades — disse o rapaz sorrindo e piscando para ela.
Renata
sorriu e Mario gostou do que quase
ouviu.
Em
minutos, o carro estacionava diante do Quartel General do Exército, também
chamado de QGEx. Rainen sabia que fora indicado à Brigada de Infantaria
Motorizada e torcia para ser direcionado à garagem.
Ele desceu e se despediu de Mario:
—
Até breve!
—
Boa sorte!
Renata
desembarcou e caminhou com ele até próximo da entrada. Ali, outros rapazes
entravam, procurando o lugar onde se apresentar.
—
Quanta gente — ela observou.
— É,
talvez eu encontre alguns conhecidos por aqui.
Mal
terminou de falar e, ao longe, viu Lendoval e um grupo de rapazes da escola:
Rafael, Conrado e Antônio Carlos.
Renata
parou e o abraçou, em seguida, fitou-o nos olhos, dizendo:
— Quero que volte logo.
— Precisa de mim?
Ela sorriu um pouco tímida, antes de responder:
— Sim, preciso.
— Se tivesse falado antes, eu teria…
Ela colocou a mão em seus lábios impedindo que terminasse de
falar.
— Não poderíamos. Foi tudo bem corrido e tumultuado até chegarmos…
onde chegamos. Preciso de você em momentos mais tranquilos.
— Estou ficando curioso.
— Eu também. — Renata estava pouco nervosa. — Tem coisas que eu
quero… vivenciar… com você. Consegue me entender?
— Acho que sim, mas tem certeza? Eu não te exijo…
Ela o interrompeu novamente:
— Não se preocupe, a exigência é minha.
Rainen sentiu o beijo diferente, assim como o
abraço. Aquele foi o instante em que ele percebeu que a sua menina se tornava uma mulher.
Nenhum comentário:
Postar um comentário