Ardes - Capítulo 037


A semana terminava, e Rainen se apresentaria ao exército.
— Meu filho, vá com Deus. — Letícia sentia a emoção.
O pai permanecia estático diante da televisão, quando Rainen se aproximou para se despedir.
— Até breve, pai.
— Até…
Foi o que Onofre conseguiu responder.
— Mãe, se precisar de alguma coisa, entre em contato que eu dou um jeito de voltar.
Ela o beijou na testa:
— Não se preocupe, ficará tudo bem.
O rapaz pegou a mochila com seus pertences e cruzou a porta. Ali fora, Mario e Renata o aguardavam.
— Bom dia! Que bom vocês terem vindo.
Deu um beijinho em Renata e entrou na parte de trás do veículo.
— Bom dia, Rainen! — saudou Mario saindo com o veículo.
— Quase não dormi essa noite. Estava ansiosa por esse momento — confessou a garota.
— Será breve.

— É um período interessante, Rainen. Há aqueles que se apaixonam pela farda e não voltam — Mario disse rindo.
— Entendo, e até sei desse risco, mas não me vejo como militar.
— Vá com calma — orientava Mario —, observe tudo, pondere. Não tenha pressa em decidir.
— Eu não me vejo viajando pelo país como espo… — E se calou Renata.
Os dois esperaram que ela concluísse, mas ficou por isso mesmo.
— Só verdades — disse o rapaz sorrindo e piscando para ela.
Renata sorriu e Mario gostou do que quase ouviu.
Em minutos, o carro estacionava diante do Quartel General do Exército, também chamado de QGEx. Rainen sabia que fora indicado à Brigada de Infantaria Motorizada e torcia para ser direcionado à garagem.
Ele desceu e se despediu de Mario:
— Até breve!
— Boa sorte!
Renata desembarcou e caminhou com ele até próximo da entrada. Ali, outros rapazes entravam, procurando o lugar onde se apresentar.
— Quanta gente — ela observou.
— É, talvez eu encontre alguns conhecidos por aqui.
Mal terminou de falar e, ao longe, viu Lendoval e um grupo de rapazes da escola: Rafael, Conrado e Antônio Carlos.
Renata parou e o abraçou, em seguida, fitou-o nos olhos, dizendo:
— Quero que volte logo.
— Precisa de mim?
Ela sorriu um pouco tímida, antes de responder:
— Sim, preciso.
— Se tivesse falado antes, eu teria…
Ela colocou a mão em seus lábios impedindo que terminasse de falar.
— Não poderíamos. Foi tudo bem corrido e tumultuado até chegarmos… onde chegamos. Preciso de você em momentos mais tranquilos.
— Estou ficando curioso.
— Eu também. — Renata estava pouco nervosa. — Tem coisas que eu quero… vivenciar… com você. Consegue me entender?
— Acho que sim, mas tem certeza? Eu não te exijo…
Ela o interrompeu novamente:
— Não se preocupe, a exigência é minha.
Rainen sentiu o beijo diferente, assim como o abraço. Aquele foi o instante em que ele percebeu que a sua menina se tornava uma mulher.

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MI Bahrteau - 006

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