A
empresa aceitou os atestados médicos, mas, naquela mesma semana, uma remessa de
funcionários foi mandada embora e Onofre estava na relação. Ele recebeu a
ligação num dia em que a esposa havia saído.
—
Toledo, por favor… não faça isso! — implorou.
—
Lamento, Onofre. Foi o Silvio que mandou.
—
Estou doente! Minha família precisa de mim! Ele não tem coração?
—
Não diga isso, Onofre! Foram tantas as vezes que ele ajudou os funcionários. Os
bolões internos, os prêmios extras, os presentes em datas festivas…
Onofre
sabia que era verdade, mas estava desequilibrado com a notícia inesperada.
— O
que faço agora?
— O
primeiro passo é pegar o valor da rescisão. O cheque já está disponível no
departamento pessoal. Você pode pedir para a sua esposa vir buscar o cheque, se
achar melhor.
—
Não! Prefiro que ela não se envolva nesse assunto. Eu tenho quanto tempo para acertar tudo?
—
Seria bom que viesse o quanto antes, pois é questão trabalhista.
— Me
dê mais uma semana, que passo aí para buscar.
—
Avisarei o departamento pessoal.
—
Obrigado! — E desligou o telefone.
Nervoso,
Onofre tentava se controlar. Sempre soube do risco de demissão, mas não contava
que, daquela vez, ele seria relacionado. Voltando para o quarto, pensava na
bebida, mas ainda temia misturar os remédios com o álcool. Lembrou-se de que,
tempos atrás, um funcionário se deitou para descansar logo após o almoço. Não
acordou mais. Uma parada cardíaca o vitimou. Todos sabiam do problema de Juarez
com o álcool e que ele tomava remédios. O que não sabiam é que eram medicações
controladas.
Mas
um pensamento acalmava Onofre:
“Só
mais três dias e volto à rotina”.
No quarto, deitou-se em sua cama, pensando em
quando passaria na empresa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário