Onofre acordou irritado com o barulho inesperado dos fogos de
artifício. O susto o fez se mover repentinamente, e acabou rompendo dois pontos
da sutura, o que causou um pequeno sangramento. Sentiu também uma súbita dor de
cabeça.
— Desgraça! — xingou sentindo a boca seca.
Já estava acostumado com o álcool, mas, naquele período de
recuperação pós-briga, o que o segurava sóbrio eram os remédios, pois temia
misturá-los. Mesmo assim, sentia o forte desejo.
Olhou para o lado e, sobre uma mesinha, havia uma jarra com água e
um copo. Sem outra opção, bebeu, e quase vomitou
“Gosto horrível.”
A
janela, pouco aberta, deixava passar o vento que balançava as cortinas. Teve
vontade de correr dali e ir para o bar, talvez encontrar os colegas de
bebedeira, quem sabe voltar só no dia seguinte. Mas também sabia ser ano novo,
o bar estaria fechado e os companheiros, provavelmente, com suas famílias:
—
Miséria! — Estava irritado.
Mas atenuou o desejo pela bebida, e as emoções,
quando pensou no filho e na esposa. A sua noite foi difícil.
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