Tony tinha uma certeza: Rainen era o motivo de a empresa estar tão
bem. O próprio rapaz organizou os horários para as manutenções evitando esperas
e insatisfação entre os clientes. Além disso, ensinou aos demais funcionários
truques para identificar os defeitos mais corriqueiros, o que fazia o trabalho
ser mais rápido. A empresa agora trabalhava com peças originais e as de
categoria “B”, mas que fossem resistentes e não dessem problemas. Nada disso
passou despercebido ao olhar do proprietário, por isso a preocupação.
— Precisa mesmo servir? — questionou-lhe em uma das conversas.
— Sim, Tony, pra mim é necessário.
— Vem de uma família com tradição militar?
Rainen riu da colocação do chefe e amigo.
— Quem dera. É mais uma curiosidade mesmo, e só tenho uma chance
de fazer isso.
— É verdade — ele ponderou falando. — Sei que pode parecer
egoísmo, mas me preocupo com tudo.
— Claro, Tony, nem precisa se explicar. É uma incógnita o que
acontecerá com o meu futuro, mas estou tratando como um risco calculado.
— Sim, sim. Seja precavido. É o melhor a ser feito.
— E você tem uma boa equipe aqui.
— Graças a você, Letrado. — Ambos riram. — E como está o seu pai?
— Se recuperando — limitou-se a responder.
Tony entendia a delicadeza do assunto e não insistiu.
— Caso precise de qualquer coisa…
— Ei, espere aí! Você está me dispensando antes do tempo? Ainda
tenho algumas semanas e, dependendo, após o período do serviço obrigatório,
voltarei para refazermos nosso acordo.
Novas risadas.
— Claro, claro! E espero animado por isso.
— Eu também, Tony. Eu também.
E Rainen deu continuidade ao seu trabalho, que
agora, após o fim das aulas e do curso técnico, ia das 8h às 20h. Abonado com
uma boa remuneração.
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