A moto saiu da pista, entrando por um trecho não asfaltado. A
paisagem naquele ponto era bela, com muita grama e árvores, e, dependendo da
posição, era possível ver serras e morros ao longe.
Hábil, o motoqueiro se desviava de buracos e pedras, procurando o
melhor caminho. Logo a estrada de chão ficou mais aplainada e a viagem mais
tranquila, era sinal de que chegava ao setor de condomínios.
Entrou no condomínio Monte
Rosa e parou em frente à casa referida no envelope. Depositou a
correspondência na caixa de correios e foi embora. Era uma entrega de
emergência.
Após vinte minutos, Elizabeth saiu, recolheu o envelope e, ali
mesmo, observou o remetente.
“UNIVERSIDADE
HASUVAP
DESTINATÁRIO:
RENATA ANDRADE
REMETENTE: IVAR
MORAIS, REITOR”
Ela sabia do renome daquela instituição e achou curioso o fato de
entrarem em contato com sua filha. Foi ao quarto da garota e entregou o
envelope.
— Para você. — E também aproveitou para ver como ela estava.
— Obrigada.
Pegou a carta e colocou sobre o criado-mudo.
— Não vai abrir?
— Não agora.
— O que está sentindo?
— Medo…
— Medo de quê? De quem?
Renata se conteve o quanto pode, mas a voz embargou durante a
resposta:
— De que Rainen não goste de mim. — E chorou.
— E por que ele não gostaria? — Elizabeth se sentou ao lado da
filha e a abraçou. — Você é maravilhosa.
— Não sei se sou boa o suficiente para ele, mamãe.
— Deixe que ele diga, e não tema.
— Sinto tanto a falta dele.
— Mas tem poucas horas que vocês se viram, e faltam outras poucas
horas para se verem novamente.
— Estou muito confusa…
— Por que não liga para ele?
A garota olhou para a mãe e correu até o telefone. Discou o número
da residência do rapaz e o aparelho tocou até cair a ligação. Ao colocar o fone
no gancho, Renata desabou. Chorou com uma dor tão grande, que a sua pele branca
ficou avermelhada.
— O que aconteceu? — Mario chegou naquele instante.
— Ela ligou para o Rainen, mas não conseguiu falar com ele.
Os pais a suspenderam e apoiaram, ajudando-a na subida pela
escada.
— Amanhã terei uma conversa séria com el…
— Não, pai! Não! Pode desagradá-lo, por favor, eu te peço, não
faça isso.
Diante da dor da filha, não quis contrariá-la.
— Tudo bem, tudo bem. Acalme-se. Faremos isso no momento oportuno.
Mas ele olhou com seriedade para a esposa,
sabendo que as coisas tomavam um rumo sobre o qual eles não tinham qualquer
controle.
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