Ela
mal se despediu dos colegas, correu para casa e se trancou no banheiro. Diante
do espelho, encarava as camadas de terra, poeira e pedrinhas presos ao cabelo.
Constatou também a ruína de se vestido e sapatos. A maquiagem inexistia.
“Imbecil!
Idiota!”
Era
o que conseguia expressar sobre o rapaz, enquanto escovava os cabelos. Mantinha
a feição serena, mas, por dentro, Bruna era um vulcão em erupção.
“Aquele
desgraçado! Favelado maldito! Há de me pagar, e caro.”
Desistiu
do pente e se despiu. Era tanta raiva que, sem se dar conta, arrancou dois
botões da roupa. Tirou também o calçado e amontoou tudo num canto do banheiro.
Deu mais uma olhada no reflexo do espelho, desaprovando o que via, mas manteve
o pensamento focado:
“Aquiles
foi um dos maiores guerreiros da história e ele teve o seu fim logo que
descobriram o seu ponto fraco…”
Bruna
entrou no box e ligou o chuveiro, despejando água morna e abundante.
“…Não
será diferente com aquele bastardo. Os dois pontos que mais fragilizam um homem
são a família e a pessoa amada.”
O
xampu espumou em seus cabelos e ela os desembaraçou com a escova.
“Para
colocar isso em ordem de prioridade, primeiro será a família dele, e depois,
quando ele estiver mais exposto, a tonta da minha irmã…”
Após
o enxague, passou o condicionador e se penteou novamente.
“…Ela
está muito encantada, então ficará por último.”
Ensaboava
e esfregava todo o corpo, vendo água e espuma descerem pelo ralo.
“O
que ela viu naquele ‘casca grossa’? É tosco de tão rústico.”
Água
e espuma desciam pelo corpo jovial e belo de Bruna. A genética da família a
beneficiara.
“Ela
precisa conhecer outras pessoas, homens de porte, de futuro, não um coitado
como aquele.”
As
ideias se formavam em sua mente, alimentadas por sua repulsa a Rainen.
“É isso o que farei!”, sacramentou quando vestiu
o hobby, enrolou os cabelos com a toalha e saiu do banheiro.
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