Ardes - Capítulo 018


— Mario, eu nunca percebi Renata daquela maneira.
— Também me chamou a atenção.
— A verdade é que, só agora, vejo que elas estão crescendo.
— Pior, Elizabeth, elas já cresceram. Em menos de 2 meses estarão com 18 anos.
A esposa foi até a estante da sala e pegou um álbum de fotografias. Folheando, viu a família em situações antigas, quando as filhas ainda eram crianças.
— Se lembra da fazenda do seu irmão? Bruna quis, porque quis, montar na vaca malhada.
Ambos riram olhando a foto e passaram para outra.
— A Renata agarrava minha perna, com medo das galinhas.
— Gostei muito dessa, com você e seu irmão perto do trator. As meninas ficaram lindas. — Elizabeth observava cada detalhe da foto.
— E essa da praia? Lembra delas correndo, com medo da espuma branca na areia?
— Como esquecer? Adoraram fazer castelos na areia. — A mãe sorria com a recordação.
— Mais cavavam do que erguiam.
Novas risadas do casal.
— E essa festa no colégio? Acho que nunca me produzi tanto. Eu de trança e você com o chapéu de palha, parecíamos a família buscapé.
— Estavam com 7 anos e sem um dente, cada uma, o que as deixou mais lindas.
Uma das fotos focava o rosto e o sorriso das meninas.
— E o baile de 15 anos?
— Que festa! A melhor de todas!
— Os convidados, o buffet, a música… tudo ótimo! E elas estavam perfeitas! — Mario tinha felicidade na voz.
— E como se divertiram… — Elizabeth fechou o álbum inesperadamente. —Precisamos conversar não só sobre Renata, mas também sobre Bruna.
— Ela está interessada em alguém? — Mario ficou mais atento.
— Não ainda, mas é uma questão de tempo. E precisamos prepará-las para tudo.
— Concordo, Elizabeth, mas vamos com calma. São assuntos delicados, que precisam da abordagem certa.
— Eu pensei que, como é o pai, você poderia falar sobre a forma correta de um rapaz se portar quando se interessa por uma moça.
— Posso fazer isso, sem sombra de dúvida. E você? Sobre o que falará?
— Sobre sexo e família.
— Pra quando?
— O quanto antes. Mas precisamos ter uma conversa em separado com a Renata.
— Claro! Claro! — O esposo fez uma pausa. — É um rapaz interessante.
— Eu percebi que você gostou dele.
— Foi fácil assim?
— Mario, te conheço há mais de 20 anos. Quando você conversa demais com uma pessoa, já sei que se agradou.
— É que, mesmo com tantas dificuldades que passa na vida, ele se esforça. Não para de lutar. É algo admirável!
— Concordo com você.

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