Dois dias após o feriado, uma ligação na oficina do Tony:
— Gostaria de falar com o Rainen.
— O Letrado não está — informou um dos funcionários.
— Letrado é o Rainen?
— Sim, é assim que o chamamos aqui.
— Ok. Assim que ele chegar, você poderia pedir para ele vir,
imediatamente, à casa do senhor Laurence?
— Sim. Para falar com quem?
— O meu nome é Laureano, sou filho do senhor Laurence.
O funcionário se sentiu embaraçado:
— Desculpe-me por não reconhecê-lo, eu lamento a morte de seu pai.
Ele era um bom homem.
— Obrigado! Por favor, repasse o recado ao Rainen.
— Boa tarde. Sou o Rainen.
— Boa tarde. Sou Laureano, filho do Laurence. Essa é minha irmã,
Talia.
— Meus pêsames.
— Obrigada. — A voz da moça era macia e compassada. — Nós estamos
aqui para executar umas das últimas vontades de nosso pai. Ele pediu para eu te
entregar isso…
Ela estendeu a mão e entregou-lhe uma chave.
Rainen a segurou, olhando-a emocionado:
— Eu não po…
— Por favor, nos permita fazer como ele pediu.
A voz da moça falhou e ela foi amparada pelo irmão:
— Além do mais, ele deixou dois carros. O outro será vendido, pois
não temos o que fazer com ele.
Rainen meneou a cabeça aceitando o presente. A moça complementou:
— Meu pai pediu para avisá-lo que ele conversou com alguns
conhecidos dentro do quartel e que está tudo certo.
Laureano colocou a mão no ombro do rapaz, dizendo:
— Ele tinha uma grande admiração por você.
Os olhos de Rainen marejaram, enquanto ele sentia a garganta sendo
pressionada. As palavras simplesmente não saíam. Diante da dificuldade do
rapaz, eles apontaram para a direção da garagem e, ali na frente, o veículo
estava parado. Ele abriu a porta da caminhonete e entrou. Sobre o banco do
passageiro, os documentos do carro. Rainen deu partida e saiu lentamente,
fazendo uma prece pelo senhor Laurence.
Nenhum comentário:
Postar um comentário