Boin - Capítulo 015


Mirtis tinha um problema sério: desejo de ascensão. Que não seria problema se fosse de modo comedido, mas não era. A garota agia de maneira agressiva, quase inconsequente, fazendo o que fosse necessário para subir. Entrou na empresa Pipag Automação Bancária como estagiária. Nessa função teve tempo suficiente para estudar quem iria derrubar e selecionou Jaqueline, a auxiliar financeira. Não foi difícil. A garota era pouco simplória e acreditava em quase tudo o que lhe falavam, inclusive que era muito inteligente e que merecia algo melhor que aquele emprego. Ela pediu demissão sem pestanejar. Em alguns meses na nova função, Mirtis mirou em Parconi, o assistente do setor financeiro. Esse deu um pouco mais de trabalho mas, depois que assinou documentos que não deveria a situação dele se tornou difícil. Ele ficou maluco quando viu sua rubrica nos papéis.

 

Juro que não fui eu. — Ainda tentou esclarecer à época.

 

Mas a situação se tornou insustentável para ele quando encontraram um maço de notas em um envelope dentro do seu armário. Nele, o timbre da principal empresa concorrente, a Gobat. Foi demitido por justa causa.

A verdade é que aqueles foram pequenos testes para Mirtis, ela almejava algo maior, mais estruturado. Queria a sub-gerência financeira da empresa, que estava a cargo de A. C. Raposo, e para isso precisaria de algo grande para chamar a atenção da cúpula. Sendo assim, ajustou um plano de reestruturação e cortes financeiros, o qual entregou para Raposo, o atual sub-gerente. Ele inspecionou a documentação e toda a proposição e deu o seu aval. O que muito provavelmente ele não sabia é que Mirtis tinha um segundo plano para deteriorar o primeiro, minar Raposo, e ainda sair da situação como a “salvadora”, derrubando-o do cargo. E isso já estava em andamento. Contudo, isso esbarrava em um pequeno problema:

“Pedro.”

O nome veio à sua mente quando sorveu mais uma dose de vinho. Ela sabia que o rapaz era respeitado e considerado pela equipe, que o tinha como exemplo. Ao seu lado lutariam para que a empresa se mantivesse sólida, além do que teria as suas solicitações ouvidas, caso chegasse à cúpula.

“Caso…”

Mirtis sabia que o sub-gerente de operações, Enéas, sempre ficaria ao lado de Pedro, mantendo essa ponte de comunicação com a presidência. Ela precisaria acabar com isso para alcançar o seu objetivo. Seria impossível atacar Pedro e Enéas abertamente.

“Um passo de cada vez.”

Em sua mente Mirtis preparava um conjunto de medidas que, inconscientemente, já aplicava contra o rapaz. Precisava apenas que fossem mais objetivas.

— Eu vou derrubar esses filhos da puta!

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