Boin - Capítulo 016


De frente com o espelho, Melissa passava a maquiagem, se preparando para ir à boate. Havia um pouco mais de animação com o que viveu dias atrás:

 

— Toma um banho e volta logo. — O rapaz pediu, lhe afagando os cabelos.

Tinha tempo que ela não se sentia tão cortejada. Galanteios e sedução que começaram logo que se encontraram perto de um bar. Ele se aproximou pedindo uma informação e logo estavam indo para o apartamento dela.

Foi com satisfação que Melissa respondeu:

— Agora mesmo.

E foi para o banheiro. Frente ao espelho se olhava, analisando o reflexo, a maquiagem e o penteado.

“Banho…” — Repetiu mentalmente.

Do lado de fora, cuidadosamente, o rapaz fazia “um limpa” nas poucas coisas que Melissa tinha: roupas, sapatos, celular, tv, bijuterias. Amarrou tudo no lençol da cama e fez uma grande trouxa. Quando botou a mão na maçaneta, ouviu o som da arma sendo engatilhada:

— Mais um movimento e terei que gastar dinheiro pintando as paredes.

— Espere! Espere! Calma! Não é bem isso o que você está pensando.

Ele se virou lentamente, depositando a trouxa no chão.

— Mas eu não estou nem me esforçando para pensar algo. — Sinalizou com a arma para que ele saísse de perto da porta. — Agora, tira tudo.

— Como é que é?

— Isso o que ouviu! Eu quero tudo!

A contra-gosto ele retirou relógio, aliança, celular, carteira.

— Pronto!

— O resto! Seu idiota!

— Que resto?

— Camisa, paletó, sapatos.

— Até isso?

— Anda logo!

Ela pegou a carteira, retirou cartões e documentos e jogou no chão.

— Cata! — Ele recolheu e Melissa foi direta. — Se eu te ver perto daqui eu acabo contigo. Se você me denunciar, não será difícil que me transforme em vítima, pois tenho quase certeza de que não fui a primeira com quem você fez isso. Some, babaca!

Rápido, ele correu pela porta.

Melissa trancou a fechadura e passou os ferrolhos. Pegou os itens recém conseguidos e foi para a cama contabilizar os ganhos. Nada muito ruim. Algumas peças até de grife.

“Deve ter enganado muita gente.”

 

Terminou a maquiagem, desligou as luzes, passou pela porta e a trancou.

“Quem não trabalha não tem direito ao pão.” — Repetiu para si enquanto caminhava para a parada de ônibus.

Mas aquela não deixou de ser mais uma noite frustrante no estabelecimento.

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