Parte III:
Sentimento
Essa parte lembra
bastante o assunto abordado no "Round I" mas vamos dar um enfoque
mais direto e curto. Não vamos falar da motivação do personagem, o que o faz
lutar, o que o coloca na luta, mas sim todo o conteúdo, desde o primeiro olhar
de pura determinação até o último suspiro acompanhado do fim do combate.
Muitos dizem que
filmes de artes-marciais são piegas, com personagens vazios que não passam de
muralhas humanas prontas para quebrar o ar com seus golpes. Isso pode funcionar
muito bem quando você faz um vilão porradeiro - mas nem sempre - mas pode ir
totalmente em contradição com a história do personagem.
Até mesmo aquele
personagem que é um brigão assumido tem sentimento. Vamos assumir que quando
falamos em "sentimento" aqui, nos referimos ao que o personagem
sente, a maré de tempestades a qual seu espírito está sujeito, para melhor e
para pior. Medo, dor, angústia, sofrimento... se na vida real fazemos uma coisa
pensando em diversas coisas paralelamente - ex: dirigir o carro pensando na
conta de luz, na fila enorme do mercado do dia seguinte e nas crianças que
teria que buscar na escola - em lutas não é diferente. E o corpo do personagem,
por conseqüência, reage de acordo com seus estímulos.
No fim, não
importa se o personagem é calmo, brincalhão, desastrado... quando entra em uma
luta, ele é uma pessoa altamente emotiva. Temos exemplos que dizem o contrário,
de lutadores frios/lógicos, que cumprem seus objetivos sem se deixar
influenciar, mas lembrem-se de que a ausência de emoções/sentimentos também é
um ponto a ser observado, influência marcante. Veja o caso de Sesshoumaru,
quantas vezes você já viu ele lutando contra o Inu-Yasha sem dar um único
sorriso, tampouco fazer uma expressão de raiva? Ou então Marik(de Yu-gi-Oh) que
é a crueldade encarnada(ele vive o mal que habita em seu corpo em cada ma de
suas ações, afetando seus atos e as pessoas ao seu redor)?
Um dos méritos de
enfocar o que o personagem está passando internamente durante um combate está
diretamente em entrosar melhor o leitor, deixá-lo mais a vontade. É um recurso
ótimo para fazê-lo imaginar melhor a cena, dar credibilidade a ela. Quem está
acostumado a ver filmes de artes marciais, com torneios, desafios e confrontos,
está acostumado a ver momentos de amizade, companheirismo, de dúvida em relação
a convicções morais e dos objetivos envolvidos.
Outro mérito é
citado na Parte II, "Um Palavra vale mais do que mil ações", já que a
partir do momento em que você se concentra nos sentimentos dos personagens, o
tempo de luta se torna altamente relativo e subjetivo, fazendo com que uma luta
de cinco parágrafos tenha durado tempo o suficiente para escrever 5 páginas.
Mas o inverso
também é verdadeiro
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