Como Escrever Cenas de Luta - Round III - PALAVRAS E AÇÕES



Parte II - Uma Palavra vale mais do que mil ações

Muitos querem colocar uma cena de luta, mas não tem a melhor idéia de como iniciá-la, pior ainda, como desenvolve-la. Fica aqui a dica: mais palavras, menos ações. Lembre-se: você só tem as palavras para colocar o leitor no clima e fazê-lo imaginar a cena, sentir o clímax do duelo. Ainda estamos na parte em que os diálogos dos personagens são a maior influência nas lutas. Um grande momento de drama, reflexão, descrição dos sentimentos e pensamentos de ambos, seguido de uma breve descrição do movimento executado e pronto, você tem uma ótima cena. E nem precisou esquentar a cabeça com o clássico "céus, eu não sei fazer isso @___@"!!!
Quer um exemplo? Segue abaixo:

"Era uma defesa perfeita, disso ele sabia. O aço europeu com a combinação de armadura japonesa, a melhor defesa já feita até o presente momento. Não fora preparado para tal coisa, sua espada foi criada para corta carne, ossos e, em algumas ocasiões, metais. Mas nada o prepararia para tal coisa, ninguém preveria isso.
Irônico ele lembrar de algumas palavras esquecidas, memórias relapsas de um tempo passado, oriundas de um período de tempo que ele parecia ter se esquecido. Mais irônicas ainda o significado delas.

"Existem homens que podem cortar tudo e, ao mesmo tempo, não cortar nada". Essas eram as palavras, quando perguntou a seu velho mestre acerca de homens capazes de cortar até mesmo aço.
“Tolice, como alguém poderia cortar aço maciço? Só se..."
Ele observa o oponente vindo em sua direção. Seria ferido de qualquer forma, seja pelo choque, seja pelo corte ou a perfuração. Se quisesse acreditar em um futuro para si, teria que apostar todas as suas fichas em uma possibilidade, um conhecimento que em tempos passados não fora capaz de compreender, e agora apressadamente teria que desvendar.
Só esperava estar certo.
Sua espada perde o elemento surpresa após sua mão tocar em seu cabo e o começo de sua lâmina ser puxada em direção ao adversário. Outrora aprendera que uma espada era viva e, mais do que isso, escolhia seu próprio dono. Ensinamentos que no principio não significavam nada, mas agora, diziam tudo. Como a verdade de que uma espada experiente só deveria ser capaz de cortar o que seu portador quisesse e, mais do que isso, ser capaz de cortar tudo aquilo que quisesse.
Como? Não era algo para ser calculado, mas entendido. Como uma sincronia entre dois seres vivos, no qual a vontade de um é a vontade de outro, quando a vontade do dono é a vontade da espada, transportada para a mesma e representada por ela. A capacidade de cortar a rocha mais maciça e ao mesmo tempo não fazer nenhum mal a mais frágil das folhas.
Mas... como adquirir tal capacidade? Seria capaz de confiar completamente em sua vontade e em sua espada, unindo-as de forma a atingir sues objetivos? Não era hora para dúvidas e incredulidades, mas sim de acreditar... tornar a espada uma verdadeira extensão de seu desejo e de sua vontade para superar todos os obstáculos e dividir oceanos em seu caminho, se assim preciso.
Como se uma eternidade tivesse se passado, ele vai lentamente embainhando sua espada novamente, sentindo a precisão e graciosidade do movimento, enquanto a armadura - junto com o corpo que habitava dentro dela - se divide ao meio, jorrando uma grande quantidade de sangue no chão em um corte preciso e perfeito.
Em seu intimo, ele agradecia, pois agora sabia que era capaz de ir mais além”

Simples, não? Um mero desembainhar e embainhar de espada, enfocando todo o drama interior do personagem e o que ele pensa. A cena acima é uma dramatização escrita de uma cena totalmente desenhada de uma luta do espadachim de um mangá de piratas - quem acompanha saberá de cara quem é - mas sem a vantagem das imagens, deixando a cargo da imaginação do leitor todo o trabalho.
Certo, vamos admitir que um "ele sacou a espada e, com toda a sua determinação, lembrando dos ensinamentos de seu velho mestre, abriu seu caminho através do corte feito na armadura" é mais direto e curto, mas existem casos e casos. E alguns casos PEDEM uma cena mais longa, ainda mais quando é algo que os leitores estão esperando e não queremos deixar a sensação de decepção no ar.

Algumas pessoas dizem que o escritor que usa 10 linhas para dizer algo que poderia ser feito em 2, está com sérios problemas, mas existem casos e casos. O ponto a seguir abrange isto.

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