Ardes - Capítulo 147

 


Assim que parou no estacionamento, Edwin o abordou.

— Bom dia, Rainen!

— Olá, Edwin!

— Vamos à minha sala?

Ele desceu do carro, dizendo:

— Deve ser coisa boa. Toda vez que você me procura, traz uma novidade boa pra mim.

— Vou fechar a cara pra ver se disfarço melhor.

Ambos riram e acessaram os galpões da empresa. Assim que entraram na sala, Edwin foi direto ao assunto:

— Rainen, nessa unidade há uma vaga que não foi preenchida.

— Ah… sempre tem. Quer que eu indique alguém? Tenho vários amigos…

— Não, não. Deixe-me explicar: cada unidade da Dezinea tem um engenheiro chefe que é responsável pela área de projetos e desenvolvimento. Pensei em você para ocupar essa vaga.

— Caramba, Edwin. Fico feliz com a sua indicação, mas, como você mesmo falou, tem que ser um engenheiro, um cara graduado, eu só tenho o curso técnico.

Edwin sorriu e, de uma gaveta, puxou um envelope e o entregou a Rainen. Em silêncio, ele abriu o envelope e retirou o documento fazendo a sua leitura.

 

UNIVERSIDADE DE AMITADE

 

O REITOR DA UNIVERSIDADE DE AMITADE, NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS, TENDO EM VISTA A CONCLUSÃO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA, RECONHECIDO POR DECRETO 10.885 DE JUNHO DE 1962, CONFERE O TÍTULO DE:

 

ENGENHEIRO MECÂNICO À

 

RAINEN MAYER

 

E OUTORGA-LHE O PRESENTE DIPLOMA, A FIM DE QUE POSSA GOZAR DE TODOS OS DIREITOS E PRERROGATIVAS LEGAIS.

 

CIDADE UNIVERSITÁRIA DE AMITADE

 

Rainen não conteve as lágrimas.

— Meu Deus! — disse, após alguns minutos. — Como foi que conseguiu isso, Edwin?

— Lembra dos testes quinzenais? Pois bem. Eles eram elaborados pelo próprio Johan, que é doutor[1] nessa universidade. O que fizemos foi submeter os documentos a um grupo de docentes que avaliaram o material e o aprovaram com louvor. A sua menor nota foi em português, por conta de alguns erros bobos, mas tudo bem.

O rapaz olhava para o documento em suas mãos, quase não acreditando.

— E o que você pretende agora?

— Vamos lá. Assumindo o cargo que te ofereço, você terá carta branca para fazer toda e qualquer modificação nos projetos da empresa, inclusive veto a demais projetos.

— Mas também podem me vetar — observou Rainen.

— É verdade. Podem! Mas não vão.

— Como tem tanta certeza?

— Os demais engenheiros estão muito preocupados com a situação da empresa para se envolverem nesses casos. — Edwin se arrumou na cadeira e fitou Rainen. — Nesse momento, somos os únicos que navegam contra a maré.

— Acredita mesmo nisso, não é?

— Piamente!

— Então prossiga.

— Rainen, use de toda a sua criatividade no melhoramento desse produto. Eu te falarei apenas os pontos que não devem ser alterados, mas o restante estará em suas mãos. O que me diz?

— Aceito o desafio.

Seu chefe abriu outra gaveta e dela retirou dois envelopes. Do primeiro, sacou o contrato vigente com o rapaz.

— Pode conferir, por favor — pediu, entregando.

— Confere!

Ele rasgou o documento várias vezes e o jogou na lixeira.

— Leia esse e assine ao final da última folha, nas duas vias.

Durante a leitura, a surpresa.

— Edwin, isso está correto?

— O quê?

— Remuneração anual de 360 mil dólares e horário livre de trabalho?

— Sei que o salário não é grande coisa, mas prometo que, assim que tudo melhorar, isso será revisado. Agora, sobre o horário livre, é uma prática comum para estimular a criatividade. Assim fica ao seu critério a melhor hora para criar. Há outros detalhes que esse contrato não contempla, mas creio que o próximo será o mais completo e o último.

Rainen pegou a caneta e assinou.

— Negócio fechado! Quanto tempo temos?

— Não muito, mas o suficiente.



[1] Mais elevado grau acadêmico do sistema de ensino superior.


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