Assim
que parou no estacionamento, Edwin o abordou.
—
Bom dia, Rainen!
—
Olá, Edwin!
—
Vamos à minha sala?
Ele
desceu do carro, dizendo:
—
Deve ser coisa boa. Toda vez que você me procura, traz uma novidade boa pra
mim.
— Vou fechar a cara pra ver se disfarço melhor.
Ambos
riram e acessaram os galpões da empresa. Assim que entraram na sala, Edwin foi
direto ao assunto:
—
Rainen, nessa unidade há uma vaga que não foi preenchida.
—
Ah… sempre tem. Quer que eu indique alguém? Tenho vários amigos…
—
Não, não. Deixe-me explicar: cada unidade da Dezinea tem um engenheiro chefe
que é responsável pela área de projetos e desenvolvimento. Pensei em você para
ocupar essa vaga.
—
Caramba, Edwin. Fico feliz com a sua indicação, mas, como você mesmo falou, tem
que ser um engenheiro, um cara graduado, eu só tenho o curso técnico.
Edwin
sorriu e, de uma gaveta, puxou um envelope e o entregou a Rainen. Em silêncio,
ele abriu o envelope e retirou o documento fazendo a sua leitura.
UNIVERSIDADE DE AMITADE
O REITOR DA UNIVERSIDADE DE
AMITADE, NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS, TENDO EM VISTA A CONCLUSÃO DO CURSO
DE ENGENHARIA MECÂNICA, RECONHECIDO POR DECRETO 10.885 DE JUNHO DE 1962,
CONFERE O TÍTULO DE:
ENGENHEIRO MECÂNICO À
RAINEN MAYER
E OUTORGA-LHE O PRESENTE
DIPLOMA, A FIM DE QUE POSSA GOZAR DE TODOS OS DIREITOS E PRERROGATIVAS LEGAIS.
CIDADE UNIVERSITÁRIA DE
AMITADE
Rainen
não conteve as lágrimas.
—
Meu Deus! — disse, após alguns minutos. — Como foi que conseguiu isso, Edwin?
—
Lembra dos testes quinzenais? Pois bem. Eles eram elaborados pelo próprio
Johan, que é doutor[1]
nessa universidade. O que fizemos foi submeter os documentos a um grupo de
docentes que avaliaram o material e o aprovaram com louvor. A sua menor nota
foi em português, por conta de alguns erros bobos, mas tudo bem.
O
rapaz olhava para o documento em suas mãos, quase não acreditando.
— E
o que você pretende agora?
—
Vamos lá. Assumindo o cargo que te ofereço, você terá carta branca para fazer
toda e qualquer modificação nos projetos da empresa, inclusive veto a demais
projetos.
—
Mas também podem me vetar — observou Rainen.
— É
verdade. Podem! Mas não vão.
—
Como tem tanta certeza?
— Os
demais engenheiros estão muito preocupados com a situação da empresa para se
envolverem nesses casos. — Edwin se arrumou na cadeira e fitou Rainen. — Nesse
momento, somos os únicos que navegam contra a maré.
—
Acredita mesmo nisso, não é?
—
Piamente!
—
Então prossiga.
—
Rainen, use de toda a sua criatividade no melhoramento desse produto. Eu te
falarei apenas os pontos que não devem ser alterados, mas o restante estará em
suas mãos. O que me diz?
—
Aceito o desafio.
Seu
chefe abriu outra gaveta e dela retirou dois envelopes. Do primeiro, sacou o
contrato vigente com o rapaz.
—
Pode conferir, por favor — pediu, entregando.
—
Confere!
Ele
rasgou o documento várias vezes e o jogou na lixeira.
—
Leia esse e assine ao final da última folha, nas duas vias.
Durante
a leitura, a surpresa.
—
Edwin, isso está correto?
— O
quê?
—
Remuneração anual de 360 mil dólares e horário livre de trabalho?
—
Sei que o salário não é grande coisa, mas prometo que, assim que tudo melhorar,
isso será revisado. Agora, sobre o horário livre, é uma prática comum para
estimular a criatividade. Assim fica ao seu critério a melhor hora para criar.
Há outros detalhes que esse contrato não contempla, mas creio que o próximo
será o mais completo e o último.
Rainen
pegou a caneta e assinou.
— Negócio fechado! Quanto tempo temos?
— Não muito, mas o suficiente.
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