Ardes - Capítulo 068

 

— Não é melhor ligarmos para a universidade?

— Calma, Elizabeth. Ainda são 21h32.

— Fico apreensiva com mudanças.

Mario a abraçou e beijou:

— Tenha calma… e tente ir se acostumando.

Lá fora, o barulho de um carro. Olharam pela janela e viram o veículo estacionando e a jovem desembarcando. A chave entrou na fechadura, mas Mario foi mais rápido e a destrancou. Pai e mãe pararam diante dela e todos ficaram calados, se entreolhando.

— Aconteceu alguma coisa?

— Nada, filha. — Mas a mãe a observava. — Nada mesmo.

— É que ouvimos o carro e imaginamos que… que pudesse ser você chegando.

— Sim, e é verdade. — Ela olhou para os dois. — Querem me dizer algo?

— Está com fome?

— Não. Comi algo na rua. Estou exausta, acho que vou dormir.

— Vá sim, filha. Descanse — incentivou a mãe.

— Boa noite!

— Boa noite — responderam eles.

Ela subiu a escada e entrou no quarto, se jogando sobre a cama, com um sorriso de satisfação nos lábios. Simplesmente não acreditava no que acabara de vivenciar.

“Meu Deus, quanta loucura”, pensava radiante. “Deixe eu me arrumar logo.”

Guardou as coisas em seus devidos lugares: sapatos na sapateira; bolsa no guarda-roupas; a roupa suja iria para o cesto

“Não sem uma vistoria antes.”

Pegou a toalha e foi para o banheiro. Ali procurou:

“Não pode passar nada”, pensou analisando o próprio corpo.

Para atestar, pegou um pedaço de papel higiênico e passou entre as nádegas. Apareceram pequenas manchas de sangue. Amassou-o bem amassado e o escondeu entre outros pedaços de papel.

“Sem ser visto.”

Entrou no box e abriu o registro, a água morna correu por sua pele, aliviando e relaxando a musculatura. Só então ela percebeu o quanto se exauriu. O contato com a água fez seus lábios ficarem viscosos, então a lembrança a fez sentir novamente o gosto do esperma na boca.

“Que insanidade!”

Colocou a mão em concha próximo ao nariz e deu baforadas para tentar sentir o hálito. Percebeu uma leve variação do que era normal. Então se recordou da caminhonete e que, durante o percurso até o ponto de táxi, veio chupando Rainen e que ele ejaculou. Por vontade própria, Renata engoliu o líquido denso.

“Mas será que engolir esperma faz mal?”

Porém não se aprofundou no questionamento e logo foi para o quarto vestir o pijama. Tinha uma euforia no coração que era radiante. Queria mesmo era sair dali e correr nua pelos campos até encontrar Rainen, e se amarem como duas doninhas ensandecidas. Riu de novo com o pensamento.

Sentada diante da penteadeira, secava os cabelos, repassando os detalhes do que aconteceu.

“Acho mesmo que podemos melhorar. Mal posso aguardar pelo próximo encontro”.

Fez a sua oração e deitou-se, dormindo tranquilamente.


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