Marcos faltara mais uma vez.
Não era algo que o irritasse. Até via um lado positivo nisso, pois agregava
conhecimento e responsabilidades, sem contar que olhares atentos davam conta de
seu desempenho com as próprias tarefas e com as tarefas do colega.
“Nada mal.” — Pensou Nogueira.
A manhã de sábado
transcorreu normalmente na RatstaR. Um ou outro processo que demandou mais de
sua atenção e, nos demais, nada que lhe assombrasse. Pode até calcular com
calma o que faria no período da tarde:
“Passo na rua da informática, para comprar o mouse
e almoço por lá mesmo.”
Com o relógio apontando 12
horas, desligou os equipamentos, organizou sua pasta, trancou as gavetas e
saiu. Colocou o crachá no scanner e a
porta destrancou. Caminhou na direção dos elevadores, mas passou pela porta que
dava acesso às escadarias.
“São só 2 andares.”
Do lado de fora do edifício
Concei o sol brilhante o incomodou, forçando-o a colocar os óculos escuros.
Deligou o alarme do carro, deu partida e saiu. A viagem do Guará até a Asa
Norte levaria um bom tempo, mas como o só encontrou o equipamento que precisava
na rua da informática, não teve outra saída. Sábado eles não faziam entrega. Nogueira
ligou o rádio do carro e colocou a lista de músicas com o nome de Jive Bunny,
começando com a música Thats What Like. Ele calculava que chegaria por volta de
12h30. Depois desse horário só havia movimento nos restaurantes próximos.
Foi com boa dose de
solenidade que o comodoro chegou lento, mas com o motor rugindo, e entrou na
vaga de estacionamento.
“Perfeito!”
Nogueira já tinha certo
costume em fazer suas refeições em pequenos quiosques ou budegas. Achava a
comida até mais saborosa por conta dos temperos diferentes.
A loja estava vazia e os
funcionários atendiam os últimos clientes. Ele pegou e pagou o item. Feita a
compra, com as peças em mãos, atravessou a pista e retornou para o carro. Ele
tinha visto um restaurante na parte de baixo do comércio e estacionaria mais
perto. Quando deu a partida no comodoro, ouviu o barulho da sirene policial.
Olhando pelo espelho retrovisor, viu a viatura encostando.
“Droga! Mais essa.”
Nogueira retirou os óculos
escuros, e abriu o porta-luvas para pegar os documentos, quando ouviu a voz:
— Acho que vou multar e
rebocar o seu carro.
A voz feminina o fez olhar
para quem falou.
— Por favor, senhora
guardete, tenho toda a documentação, e está tudo em dia. Pode verificar.
— Não imaginei nada
diferente disso, senhor Nogueira.
Só então ele olhou melhor
para a oficial tentando fazer o reconhecimento.
— Policial…
— …Rafaela! — Complementou —
Os documentos, por favor!
— Claro!
Ele entregou e ela conferiu.
Sinceramente, Rafaela não sabia bem porque estava ali fazendo aquela abordagem
sem necessidade. Talvez pelo encontro posterior, ou quem sabe pelo interesse do
colega de serviço no carro de Nogueira. Mas fato é que o fazia mecanicamente,
nos limites da sua boa educação.
— Tudo certo. — E ela se
pegou falando: — É um carro formidável.
Foi quando ouviram seguidas
buzinadas. A viatura de Rafaela obstruía a saída de outro veículo no estacionado.
— Aguardem um instante! — A
garota deu voz de comando.
Mas agora, além de buzinar o
veículo acelerava, indicando urgência. A policial entregou os documentos a Nogueira,
que agora os guardava, e foi até lá.
— Não ouviram o que eu
disse? Desliguem o motor…
Então os três rapazes saíram
do carro. Pareciam sob o efeito de alguma substância entorpecente e avançaram
contra ela. Quando um deles a agarrou pelo cabelo, sentiu o nariz arder, e
desabar no chão, logo após ser atingido por um potente soco de Nogueira.
— Filho da puta! Você
quebrou meu nariz! — berrou soltando a moça.
— Agora você! — Nogueira apontou
para o maior deles.
Quando partiria pra cima, o
outro rapaz se atracou com ele, e o prendeu pela cintura, permitindo que seu
colega o socasse. Nogueira levou dois murros, mas desferiu duas fortes
cotoveladas no rapaz que o segurava, e este também desabou desacordado. Quando
começaria a briga com o maior, o som do tiro os fizeram parar e olhar para a
policial:
— Todos para a delegacia! —
Ela bradou.
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