Ela não se sentia cansada,
ou com qualquer outro efeito pelo longo período desperta. O primeiro encontro
se iniciou às 19 horas. Pouco antes daquele horário ela chegou e subiu ao
gabinete. Ali conversou com Romano e Lurdes por alguns instantes, até que
voltaram ao pavilhão principal. O encontro terminou às 22 horas.
— Vamos lá em casa.
Desde a primeira vez que viu
Amália, a alma de Lurdes se enroscou à dela. Algo intrigante, já que se
conheciam apenas daqueles dias.
— Vamos sim. — Amália
respondeu entrando no carro popular.
Algumas torradas com queijo
e orégano, e uma caneca de café quente, guarneceram o encontro e a conversa.
— Uau! Preciso viajar para o
interior. Na verdade na sua casa no interior.
Exclamou Lurdes ao ouvir
algumas histórias sobre a fazenda Águas Lindas.
— Quando você quiser.
Depois dessa conversa
retornaram para o templo, frente ao cemitério de Taguatinga. O trânsito
praticamente inexistia naquele horário. Então chegaram rápido, mas não foi tão fácil
encontrar um lugar para estacionar. Assim que conseguiram subiram para as salas
superiores. O início da vigília estava previsto para às 23h30.
— São muitas pessoas —
Lurdes olhava pelo vitral do gabinete.
— São muitas as necessidades
— afirmou Amália.
— Percebo que a quantidade
de frequentadores aumentou após a sua chegada.
— Impressão sua. Estou aqui
faz pouquíssimo tempo.
— Não, não é! — Lurdes olhou
diretamente para ela. — Eu acompanho alguns dados da igreja, e eles têm
aumentado diariamente.
— Olá moças! — Romano
apareceu na porta. — Já vai começar.
E durante 5 horas foram
lidos textos, houve doutrinação, cantos com o coral, a busca pelo espiritual. E
foram poucos os que saíram, do templo, da mesma forma que chegaram.
Às 4h50 da madrugada, encerrando
o encontro, discretamente ela saiu. Frente à construção, viu barracas e
quiosques oferecendo lanches. Passou pelo portão e pegou o caminho de volta
para casa. Resolveu ir caminhando mas, ao invés de descer para a via que ia
direto para a sua casa, subiu, seguindo pela chamada “L Norte”. Naquele
trajeto, viu os primeiros corredores que se exercitavam no horário.
“A temperatura incomoda
mesmo.” — Constatava. E após 20 minutos de caminhada, viu o estabelecimento
aberto: — “Do jeito que Lurdes falou.”
Atravessou as pistas e foi
naquela direção. Era uma panificadora que funcionava 24 horas, já próxima ao
Departamento de Trânsito, e não se espantem, havia clientes naquele horário.
— Três pães, por favor! — Solicitou
ao balconista.
Após pegar a embalagem,
escolheu presunto e queijo, além de um leite em pó. Pagou no caixa e caminhou
para casa. Esse retorno seria também de quase 20 minutos, já que precisava descer
bastante para chegar à qnl 12.
Andava confiante, satisfeita
com o rumo que a vida tomava quando, ao se aproximar de casa, percebeu o portão
da garagem aberto.
“Que estranho!”
Com cuidado, caminhou
tomando certa distância da entrada. Então viu o carro parado, porém ligado, e
que havia alguém na direção.
“Marcos…” — Constatou ao se
aproximar, e o chamou. — Marcos!
Mas ele estava apagado.
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