Ehso - Capítulo 019



Ela não se sentia cansada, ou com qualquer outro efeito pelo longo período desperta. O primeiro encontro se iniciou às 19 horas. Pouco antes daquele horário ela chegou e subiu ao gabinete. Ali conversou com Romano e Lurdes por alguns instantes, até que voltaram ao pavilhão principal. O encontro terminou às 22 horas.
— Vamos lá em casa.
Desde a primeira vez que viu Amália, a alma de Lurdes se enroscou à dela. Algo intrigante, já que se conheciam apenas daqueles dias.
— Vamos sim. — Amália respondeu entrando no carro popular.
Algumas torradas com queijo e orégano, e uma caneca de café quente, guarneceram o encontro e a conversa.
— Uau! Preciso viajar para o interior. Na verdade na sua casa no interior.
Exclamou Lurdes ao ouvir algumas histórias sobre a fazenda Águas Lindas.
— Quando você quiser.

Depois dessa conversa retornaram para o templo, frente ao cemitério de Taguatinga. O trânsito praticamente inexistia naquele horário. Então chegaram rápido, mas não foi tão fácil encontrar um lugar para estacionar. Assim que conseguiram subiram para as salas superiores. O início da vigília estava previsto para às 23h30.
— São muitas pessoas — Lurdes olhava pelo vitral do gabinete.
— São muitas as necessidades — afirmou Amália.
— Percebo que a quantidade de frequentadores aumentou após a sua chegada.
— Impressão sua. Estou aqui faz pouquíssimo tempo.
— Não, não é! — Lurdes olhou diretamente para ela. — Eu acompanho alguns dados da igreja, e eles têm aumentado diariamente.
— Olá moças! — Romano apareceu na porta. — Já vai começar.
E durante 5 horas foram lidos textos, houve doutrinação, cantos com o coral, a busca pelo espiritual. E foram poucos os que saíram, do templo, da mesma forma que chegaram.
Às 4h50 da madrugada, encerrando o encontro, discretamente ela saiu. Frente à construção, viu barracas e quiosques oferecendo lanches. Passou pelo portão e pegou o caminho de volta para casa. Resolveu ir caminhando mas, ao invés de descer para a via que ia direto para a sua casa, subiu, seguindo pela chamada “L Norte”. Naquele trajeto, viu os primeiros corredores que se exercitavam no horário.
“A temperatura incomoda mesmo.” — Constatava. E após 20 minutos de caminhada, viu o estabelecimento aberto: — “Do jeito que Lurdes falou.”
Atravessou as pistas e foi naquela direção. Era uma panificadora que funcionava 24 horas, já próxima ao Departamento de Trânsito, e não se espantem, havia clientes naquele horário.
— Três pães, por favor! — Solicitou ao balconista.
Após pegar a embalagem, escolheu presunto e queijo, além de um leite em pó. Pagou no caixa e caminhou para casa. Esse retorno seria também de quase 20 minutos, já que precisava descer bastante para chegar à qnl 12.
Andava confiante, satisfeita com o rumo que a vida tomava quando, ao se aproximar de casa, percebeu o portão da garagem aberto.
“Que estranho!”
Com cuidado, caminhou tomando certa distância da entrada. Então viu o carro parado, porém ligado, e que havia alguém na direção.
“Marcos…” — Constatou ao se aproximar, e o chamou. — Marcos!
Mas ele estava apagado.

Nenhum comentário:

Ichiria - A Demônia Cega [Sinopse]

  Para manter sua mãe viva, Francisco não mediria esforços. Aceitaria até se comprometer com Clara, a executora de assassinatos que integrav...