— É muito cansativa. — Dizia a mãe ainda na rodoviária de
Goiânia.
— Mas o caminho é tão lindo durante a viagem.
A jovem senhora não deixava de se surpreender com a moça:
— Desde criança você demonstra amor por tudo o que brota
da terra.
— Acho que tive a quem puxar. — Abraçou a mãe se
despedindo. — Adeus!
O despachante da empresa ajudou com a bagagem, que era
pouca, duas malas e uma mochila. Conferiu o bilhete e o número da poltrona.
Destacou o comprovante e deu a ela, que embarcou. Da janela as últimas palavras
para a mãe:
— Cuide-se bem! Em breve nos vemos!
A jovem senhora não conseguia responder. Com os olhos já
marejados, apenas acenava para a garota.
O ônibus deu ré saindo da baia e depois, emitindo um som
grave no motor, avançou à frente. O veículo trafegava pelas ruas de Goiânia,
buscando sua última parada antes de acessar a rodovia e, realmente, dar início
à viagem.
Quando parou, mais três passageiros embarcaram. Um
destes, um senhor de pouco mais de 60 anos, sentou ao seu lado. Agora eram 39 os
viajantes.
A penumbra se espalhava por todos os lados, e o horizonte
mostrava tons avermelhados, indicando que a noite se aproximava. As lâmpadas
dos postes acenderam quando o ônibus estava parado num semáforo, aguardando que
abrisse. Dali a garota olhou pela janela, vendo a sua cidade natal, que parecia
se despedir de uma de suas mais puras filhas. Mesmo sentindo o peso do momento,
a moça havia decidido:
“Não há como voltar atrás.”
Estava recuperada e preparada para as novas
responsabilidades de sua vida. E, sinceramente, ela sabia que aquilo lhe seria
melhor, pois a sua atenção estaria focada no que realmente amava.
Ao longe reconheceu a caminhonete marrom, seguindo pela
marginal e acessando a rodovia num ponto bem distante. Naquele momento o
semáforo abriu e o ônibus seguiu em outra direção. Uma lágrima escorreu e ela
rapidamente a enxugou. Da mochila no chão, puxou um livro e iniciou a leitura.
Parecia se fortalecer à cada linha lida.
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