Foram leves as batidas. Pelo
olho mágico a mulher reconheceu o rapaz e destrancou e abriu a porta.
— Olá, Juan.
Ela deu passagem para o
jovem de, no máximo, 18 anos, filho de sua amiga Maria Guadalupe.
— Oi, Amparo… — O rapaz
percebeu que havia alguma coisa de diferente na voz dela, principalmente na
forma como ela o olhava. — Está precisando de mim?
— Sim… caso tenha um pouco…
de tempo.
— Não muito. Estudando para
as provas. Se atingir mais algumas notas 9 e 10 eu consigo me formar no
secundário e escolher a universidade que eu quero.
— Você… é um rapaz muito
inteligente e bonito. Sei que vai conseguir.
Ela se sentou no sofá
observando-o de cima a baixo, como um grande felino analisando a presa.
— O que está bebendo? — Ele
apontou para a xícara na mão de Amparo.
A mulher olhou para o
objeto, como se não o reconhecesse, e o largou, deixando a caneca cair sobre o
carpete.
— Bebendo? — Ela se levantou
e, num puxão, abriu toda a frente do vestido — Nada demais. Apenas um pouco de
conhaque… para… esquentar.
Juan tentaria se afastar,
mas ela o agarrou entre a camisa e o short e, com uma força sobre humana, o
puxou para si.
— Amparo! Amparo! O que está fazendo?
— Não parece muito esperto.
— A voz dela estava diferente. — Não está claro?
— Amparo! O seu marido! Você
é casad…
O beijo molhado o calou
imediatamente e Loureço sentiu o hálito doce e agradável, além da língua,
embebida em conhaque, invadir sua boca. A pegada, o desejo, o lançaram em um
ledo momento de fraqueza, em que ela rapidamente abaixou-lhe o short e agarrou
o membro já semi-rijo, que cada vez mais aumentava de tamanho. O rapaz sentia
uma onda de prazer correr pelo seu corpo, o que lhe gerou uma alta dose de
irracionalidade. Amparo o largou, virou-se de costas, suspendeu o vestido e se
posicionou, ajoelhando no sofá e abrindo as nádegas.
— Bem aqui. Vem! Atola com
gosto!
Juan sentia o coração
batendo forte, enquanto se aproximava, ouvindo a voz de Amparo em sua mente:
“Soca… Fode… Rasga…”
A mulher gemeu assim que
sentiu a carne dura invadir sua vagina.
— Isso! Agora estamos juntos…
Mas para a outra entidade
que estava dentro do armário, e assistia pela fresta da porta os dois em suas
peripécias sexuais, não era tão empolgante. E que se lembrasse ela só gostou de
assistir aquilo nas primeiras vezes, depois cansou. Não tinha permissão para
participar, nem conhecimento suficiente para executar. Por isso, logo enjoou
das cenas e, agora, buscava qualquer forma de distração. Coisa que não era tão
simples, mas se esforçava. Naquele momento ela fazia palavras-cruzadas.
“Enfado com 5 letras.” — Pensou
um pouco, roendo a ponta do lápis com seus grandes caninos, até escrever a
resposta: — “Tédio”.
Enquanto o encontro se
desenrolava, e ela buscava respostas para as perguntas da revistinha, sentiu
novamente a coceira no ombro, mas continuou focada nas indicações da tabela.
Então um tênue brilho irradiou pela janela, chamando a sua atenção. Ela
caminhou até a janela e, ao olhar através do vidro, percebeu que a claridade
vinha da mesma posição da missão anterior, o que lhe trouxe certa dose de ânimo
e curiosidade. Como operava no período entre noite e madrugada, e tinha que
esperar aquele desfecho antes de ir embora, resolveu dar um pulo naquele
apartamento. Tanto que não viu quando o marido de Amparo chegou do trabalho e
pegou o casal de amantes em delito flagrante. Nem ouviu a dissimulação do
traído em dizer:
“Está
tudo bem…”.
A entidade se
teletransportou para o terraço do prédio, e permaneceu parada e pensativa,
observando possíveis movimentações de outras entidades que lhe ameaçassem. Mas
não houve qualquer acontecimento.
“Será que só eu vejo essa
claridade?”
Então ela desceu, passando
por andares e paredes até encontrar o apartamento.
“É aqui.”
Atravessou a porta da sala sem
qualquer cerimônia. Como tinha tempo de sobra, vistoriou o imóvel, vendo não
ter nada de tão atrativo, na verdade, até um pouco mais bagunçado do que o que
via comumente.
“Será por causa do gênero
masculino?”
Outra coisa lhe chamou a
atenção: havia poucos móveis na casa. Teve a impressão de que ele gostava de
lugares com muito espaço. Apenas a impressão. Na cozinha se atentou para as cascas
de frutas dentro da lixeira; o pequeno armário de duas portas; o fogareiro de duas
bocas. Viu limpeza nas paredes e no chão. A pia de alumínio estava impecável,
reluzente. A esguia geladeira limpa e com poucos alimentos.
“Praticidade? Talvez.”
Sem mais interesses ali, voltou-se para o quarto do rapaz. Até queria olhar uma ou outra coisa a mais, porém ela viu na cabeça dele, o mesmo brilho da vez anterior, e se aproximou. Assim que o tocou, novamente desapareceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário