Guynive - Capítulo 006


Na manhã seguinte, a reunião entre Major Charles, os capitães Ralf e Marquez, sargento Johnson e cabo Ivan foi conturbada. A sequência de informações e coincidências ruins deixou os presentes bem preocupados: primeiro, o general August estava fora; segundo, seu substituto seria o tenente-general Donald, que não era bem-visto pelos soldados; terceiro, um grande contrabando de armas os lançaria numa batalha; quarto, Donald exigiu que as companhias levassem os novatos e as novatas (por ordens como essa, olhavam ressabiados para o tenente-general); quinto, não tinham ideia de como contornar toda essa situação.

— Se levarmos isso adiante, teremos muitas perdas. — Marquez estava alucinado com aquilo. — Ele só pode estar louco, tem que estar.

O capitão Marquez era o oficial que todo exército tem como ideal: objetivo e firme. Detinha bom caráter e perseverança, traços que herdou de sua mãe, mulher que trabalhou muito para sustentar sozinha os três filhos. Quando Marquez foi convocado para o exército, foi relutante, não era seu ideal, mas uma oportunidade. Sua mãe o abençoou. Com o passar do tempo, a farda, a disciplina e os ensinamentos o seduziram, o que foi fundamental para a formação de um dos melhores capitães que o exército já viu.


— Esse foi o pensamento que tive quando me contaram algumas histórias sobre ele, mas sempre desconsiderei, achando que era exagero do pessoal. Só agora, que estamos nessa enrascada, é que vejo o quão são verdadeiras — Lamentou Ralf.

O capitão Ralf era o contraponto de Marquez. Gostava de perceber os detalhes das situações e só depois tomar partido ou dar uma resposta que servisse definitivamente. Era comedido. Ralf pertencia à uma família abastada, que viera da Europa. Viram naquele novo mundo uma oportunidade e o abraçaram. A mãe o queria médico, para que a família tivesse mais representantes estratégicos nessa formação, mas o rapaz optou pela vida militar, e ali entregou seu sangue e suor.

Passava das dez horas quando Johnson falou:

— Não há como desobedecer o que nos é ordenado, pois a subordinação à hierarquia nos impede de abandonar a obrigação. O que podemos fazer é mudar a forma como executamos as ordens. — Todos permaneciam atentos àquelas palavras, ele prosseguiu: — Em campo, e no calor da batalha, não existem Donald ou August, generais ou presidentes, apenas as suas palavras que nos lançam ao objetivo, mas não à forma como estes são alcançados. No meio do fogo cruzado, junto aos homens, existem seus líderes diretos, que sofrem e padecem lado a lado, Marquez e Ralf, e o que estes ordenarem será executado. Além disso, o que acontece em um campo de batalha, lá ficará.

Um fio da esperança recobriu cada um daqueles presentes e um brilho nasceu em seus olhares.

— É claro! ­— concordou Ralf — Isso é fato.

Charles apertou o botão de seu fone.

— Lays, pode trazer as pastas, por favor? E peça café.

— Sim, major Charles.

Em segundos, a moça entrou na sala e deixou o material sobre a mesa. Antes de sair lançou um discreto olhar para Ivan, que percebeu.

Na sequência, eles compartilhavam as informações. Os relatórios foram descritos com base nos relatos dos espiões. Depois de muitas conversas e cafés, acertaram sua estratégia por alto. Marquez não estava seguro com os informantes; Charles não tinha números exatos e acreditava em mais variações; Ralf queria saber sobre o qualitativo; Johnson e Ivan anotavam e rabiscavam esboços sobre os possíveis movimentos. Com a chegada das fotos, as coisas foram se organizando e pouco antes das onze horas saíam da sala.

Com os preparativos para a próxima missão, o dia passou rápido.

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