Já não se recordava de mais ninguém que pudesse auxiliá-la.
“A
Mirela trabalha com o pai na emissora de tevê. Não tem tempo para nada. E seria
difícil convencer a Fernanda a me ajudar nessa. E agora…”, Bruna arquitetava no
caminho para a biblioteca da universidade. Ali foi abordada:
—
Bem melhor te ver assim, mais animadinha.
Aquela era Valéria Rotevì. Aos 26 anos, ela destoava dos integrantes da família por ser pouco aplicada nos estudos e se importar mais com a aparência e seus acessórios. Talvez por isso fosse menos observadora e pouco questionadora. Mas tinha bom coração. Já no quesito beleza, ela era uma das maiores representantes da família, transbordando feminilidade e sensualidade. Com a pele levemente bronzeada, 1,75 metros de altura e 60 quilos bem distribuídos, ela recebia várias propostas de relacionamento, e umas até indecorosas, mas seguia sem se envolver com ninguém.
Após
várias conversas, Bruna iludiu Valéria contando apenas a sua versão da
história, mostrando Rainen como enganador,
aproveitador e corruptor de menores. Com essas informações, não deu outra:
—
Claro que te ajudo, amiga — respondeu Valéria sentindo indignação com aquilo.
Bruna
ficava perplexa e satisfeita ao mesmo tempo. Perplexa com a facilidade com a
qual Valéria usava a palavra amiga,
já que estabeleceram proximidade há tão pouco tempo, e satisfeita com a
possibilidade de levar o seu plano à frente. Bruna soube prender a amizade de Valéria, fazendo sacrifícios que até outrora
considerava inalcançáveis.
—
Obrigada, amiga!
Às
vezes, ela sentia até tontura em dizer isso, mas precisava, para manter sua
cumplice. Ela trabalhava com uma previsão para o início de suas artimanhas,
algo próximo ao fim de semana, para que Valéria agisse de forma fulminante, sem
que ele tivesse tempo de reação. Por
isso Bruna passou todas as informações que tinha a respeito de Rainen:
aparência física, local de trabalho, tipo de roupa, modelo e cor de carro. Não
era muito, mas o suficiente para que Valéria agisse.
— E
o que quer que eu faça?
—
Ora, estamos tentando acabar com um noivado. Seduza-o.
—
Mas… preciso transar com ele?
Bruna
ficou sem graça com essa parte da conversa, mas focou no objetivo:
—
Você estará no controle da situação. Cabe a você decidir. Preciso mesmo é que
você faça o registro dos momentos que passarão juntos.
—
Ai, amiga! Isso parece aquelas novelas mexicanas. — E riu.
Sem
entender do que Valéria falava, Bruna continuou:
— É?! Pareça com o que parecer, execute como combinamos, ok?
— Tô adorando! Pode deixar!
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