Na
noite do dia posterior à chegada de Rainen, ainda sem saber, Renata teve um
desejo de visitar Letícia e Onofre, coisa que fazia, em média, a cada dez dias.
Mas o dia trabalhado foi tão caótico, foram tantos pequenos problemas para
resolver, que se sentia exaurida.
“Irei amanhã, com certeza”, pensou.
Mantinha o pensamento ao fechar sua sala e se despedir da equipe:
— Até amanhã, pessoal!
Dali caminhou até a parada de ônibus e aguardou o coletivo. Naquele
horário, ele passava mais vazio, pois as aulas em colégios, universidades e
cursos começavam às 19h, então conseguia ir sentada. Perto da janela, seus
dedos tocaram a aliança e Renata não precisou mais que isso para atrelar seu
pensamento a Rainen. A saudade a incomodava. Nos últimos dois meses, o contato
ficou restrito a rápidas ligações. Lembrava-se de situações em que riram juntos
ou se apoiaram, ou simplesmente estiveram próximos. Por isso sempre se
perguntava:
“Como chegamos a isso?”
Só tinha uma certeza quanto ao que vivia com ele: era amor. Não
apenas um amor romântico. Renata sentia que havia outros ingredientes, mas não
sabia precisar quais, e nem em que proporções.
Vinte minutos se passaram rápido com esses pensamentos, era a hora
de descer. Aguardando na parada, o carro da família. Mario fazia questão de ir
buscar a filha, mesmo que a caminhada até a residência fosse de menos de 500
metros.
— É tão perto.
— Eu sei, mas prefiro assim — justificou-se o pai.
Diante do silêncio da filha, ele puxou conversa:
— Ele deve estar quase saindo do período de internação.
— Tomara — respondeu, olhando a paisagem, e questionou: — Pai, o
que o senhor acha dele?
— Ele faz minha filha feliz. Isso dá uma boa nota para ele. Além disso, o acho trabalhador, honrado, comedido. —
Renata olhou para ele, que concluía a resposta: — Não me importaria se dessem o
próximo passo, na verdade, ficaria muito feliz.
Os olhos da garota marejaram quando ela tocou em sua mão.
— Obrigada, pai.
O carro estacionou na frente da casa e entraram.
O jantar os aguardava.
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