— Oi!
— Olá!
Esse era “o” encontro para
ela. Ali definiria algumas coisas para a sua vida.
— Lugar maneiro esse.
Paulo deu uma boa observada
no local. Aparentava ser um pub, pouco mais escuro que o normal, com mesas
menos iluminadas ainda. Os funcionários ainda organizavam para abrir dentro de
2 horas.
— Que bom que gostou. Passo uma
ou outra madrugada aqui.
— Uau! Sério?
— Sério! E é sobre isso que
quero falar com você.
A garçonete se aproximou com
o cardápio:
— Pode pedir o que quiser.
Cortesia da casa. — E piscou para o rapaz.
A garota, usava roupas
coladas, o que deixava o corpo bem exposto e sensual. Caminhando, rebolando
para ser mais exato, ela retornou para o balcão e apoiou os cotovelos nele. Com
lábios carnudos e avermelhados, mandou um beijo molhado. Paulo sorriu e desviou
o olhar. Luna percebeu, mas ignorou.
— Sobre o que estava falando
mesmo? — Paulo retomou o raciocínio.
— Sobre as coisas que já
conversamos. — Luna focou.
— Mas não conversamos nada
demais.
— Entendo, mas acho que você
está interpretando algo errado.
— O que eu poderia
interpretar de errado, Luna? Você é uma bela moça, educada, solteira. Eu sou um
simpático rapaz, cordial e desimpedido.
— Não é tão simples assim,
Paulo. Você nem me conhece.
— Então se revele para mim. —
Ele a olhou profundamente nos olhos.
Luna emudeceu por um tempo.
— Paulo, eu sou garota de
programa.
O silêncio que se seguiu foi
incômodo para ela, que pensou várias coisas durante aqueles segundos. Em
seguida ele falou:
— Eu já sabia.
— Como é que é?
— Desde que te vi, e você se
tornou o foco das minhas atenções, e por isso tenho feito várias observações a
seu respeito: você mora só; a quadra onde reside é conhecida pelo excesso de
acompanhantes; você não trabalha; frequenta faculdade a mais de 6 anos; você é
muito bonita e sensual. Não era uma certeza, mas havia fortes indícios.
— Você realmente é um
prodígio. — Luna estava impressionada.
Ele sorriu pouco tímido:
— Um prodígio que ainda
aguarda por um beijo.
A requisição trouxe incômodo
a ela:
— Prestou atenção ao que te
disse? Sou garota de programa. Eu me deito com qualquer homem por dinheiro.
— E o que isso tem demais?
— Paulo?
— Luna, tem gente que
assassina por dinheiro. Tem gente que sequestra crianças para retirar órgãos,
por dinheiro.
— Mas…
Ele tocou na mão dela.
— Você entrega,
conscientemente, uma coisa que é sua, por dinheiro.
— Eu não te entendo.
— Entende. Você sabe o que
estou te propondo.
Luna colocou a cabeça entre
as mãos, alisou o cabelo e se arrumou melhor na cadeira.
— Paulo, isso não vai dar
certo.
— Não vou te questionar, nem te julgar. Mas me responda uma coisa, não precisa ser agora, tudo bem? — Luna meneou a cabeça em afirmação. — Se você pudesse recomeçar sua vida, novamente seria garota de programa?
Paulo se levantou, beijou-a na testa e foi para a porta. A mente de Luna entrou em colapso.
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