Ehso - Capítulo 041

 

Era o meio da manhã e Romano já chegava ao gabinete com a cabeça atordoada de tantos pensamentos. O que o tirou daquela atmosfera densa, foi a felicidade de Lurdes.

— Bom dia, Lurdes. Que belo sorriso.

— Ah, Romano! Concluí minha pós-graduação em auditoria!

— Nossa! Que notícia maravilhosa! Meus parabéns! E me desculpe. Confesso que esqueci completamente.

Ela o abraçou:

— Não por isso, Romano. Você está muito atarefado nesses dias. E só eu sei o quanto tem me ajudado.

Ele a abraçou forte com os olhos marejando. Então pediu:

— Não marque nada para amanhã à noite.

— Porque?

— Sairemos para comemorar. Convide algumas pessoas que você gostaria que estivesse conosco.

Lurdes o abraçou mais forte:

— Obrigada! Obrigada!

O considerava um pai.

Se despediram, e Romano entrou para o gabinete. Ali, dois assuntos demandavam de sua atenção. O primeiro tomou quase uma hora de sua manhã, e não encontrou solução. Então, fez o que lhe fora sugerido:

 

— Bom dia, Conde!

— Bom dia, Romano!

— Digitalizei tudo o que tinha sobre os rapazes que foram apreendidos na fronteira e estou te enviando.

— Obrigado! Mas a maior parte desse material eu já tenho.

— Tudo bem! Contudo tenho o áudio da conversa que tive com eles dentro do quarto do hotel, ainda na cidade fronteiriça.

— Também não precisa. Acredito que todos chegamos a um ponto de satisfação comum.

— Que quer dizer com isso?

— Você não assiste muita televisão, assiste?

— Não, mas o que isso tem a ver com o assunto?

— Sintonize em um canal de notícias e deixe baixinho. Também faço assim. Até.

— Até!

 

Ele ligou a televisão e deixou ali, mas não prestou muita atenção. Em mente, o segundo problema lhe corroía: Amália. E a situação que ela passava. Não apenas isso, mas toda a sua representação naquele contexto e o que dela emanava.

“É algo diferente. Nunca vi igual.” — Estava convicto.

E por esse motivo, de modo voluntário, tentava preservá-la. Tanto que, naqueles dias, o templo não aceitava visitantes vindos de outros lugares, e também não participava dos grandes encontros. Mas Romano sabia que era uma medida paliativa. Que, se queria ajuda-la de forma mais resolutiva, precisaria ter atitudes mais contundentes.

“Mas o que fazer?”

Longe de obter a resposta, ele estava convicto que suas ações, nesse sentido, desagradariam muitos interesses, mas arcaria com o sacrifício. Foi quando notícia apareceu:

 

— Voltamos diretamente do 25º Departamento de Polícia que averigua o desaparecimento de três homens. Eles seriam os mesmos que, dias atrás, foram apreendidos pela Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, na cidade de Corumbá em Mato Grosso do Sul, carregando forte armamento…

 

— Meu Deus! — Romano começava a entender.

 

— Delegado! Delegado! — com o microfone em punho ela abordou o homem — Há alguma informação sobre o caso?

— Ainda nenhuma. — Respondeu sem vontade.

— Parentes vieram ao Departamento registrar ocorrência pelo desaparecimento?

— Apenas o primo de um dos sumidos.

— E a polícia trabalha com alguma hipótese?

— Nada ainda, mas estamos investigando.

Dada por satisfeita, a moça o deixou ir.

— Obrigada, delegado!

 

Foi o instante em que Romano desligou a televisão e retomou seus pensamentos:

“Como é que vou protege-la?”

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