Ainda era madrugada quando Romano e os advogados desembarcaram no Aeroporto Internacional de Corumbá. Dali, pegaram um taxi até a Delegacia da Polícia Rodoviária Federal. Amanhecia o dia quando foram recepcionados pelo delegado:
—
Delegado Teixeira. — Se identificou.
—
Romano! E estes aqui são os advogados Mateus, Solano e Sodré.
—
Sejam bem vindos! Vocês são rápidos, heim?!
— É uma demanda urgente. Não havia outra forma de encará-la.
Um
dos advogados abriu a pasta, pegou um documento e entregou ao delegado. Ele
analisou, lendo alguns trechos:
— “Expressiva
afronta aos princípios constitucionais da presunção de inocência, do devido
processo legal e da dignidade da pessoa humana.” — Ele olhou para os presentes
e continuou: — “É inadmissível, em face dessas garantias constitucionais, possa
alguém ser compelido a cumprir pena sem decisão transitada em julgado.”
— É
a lei. — Pontuou Solano.
— “Ou
alguma coisa parecida”. — Retrucou, Teixeira, jogando o documento sobre a mesa.
— Mas confesso mesmo estar espantado.
—
Com o quê?
—
Assim que findamos aquela nossa conversa por telefone, senhor Romano, vários
fax me chegaram, com vários Habeas Corpus.
A
informação fez os advogados se entreolharem.
— Eu
fiz essa mesma cara de espanto que os senhores, e pergunto: é um grupo?
—
Sabe como é um templo, não é?! — interpôs Romano — Muitos irmãos professando a
mesma crença. Certamente algum membro acionou outro juiz.
Houve
um momento de silêncio que foi quebrado com a chegada do agente Simas:
—
Delegado! Perseguição a uma caminhonete em andamento. Estão pedindo reforço.
Teixeira
gostaria de continuar a conversa e, talvez quem sabe, extrair outras
informações, mas sabia ser difícil. Eram muitos advogados e Romano passava a
impressão de ser meticuloso no pensar e falar.
—
Tudo bem! — E pediu: — Acompanhem o agente Simas. Ele trará os seus rapazes.
Em
pé, todos se despediram.
No
caminho para o hotel, Romano tecia vários pensamentos sobre o ocorrido e
principalmente sobre as palavras do delegado Teixeira. Havia muitas coisas que
não estavam certas naquele evento.
“Como
isso aconteceu.” — Romano nem olhava para os rapazes.
A
viagem foi tranquila e no desembarque no Aeroporto Internacional de Brasília, o
grupo se despediu:
— Em
breve precisaremos conversar para traçarmos uma estratégia de defesa.
Romano
queria conversar com os representantes, mas sentiu não ser o momento. Ele e os
pastores retornaram para igreja, onde eram aguardados pela cúpula.
—
Não sabemos o que aconteceu. Alguém plantou aquelas provas dentro do carro.
Dos
presentes ninguém falou nada. Mas Romano tecia seus pensamentos.
—
Vamos provar nossa inocência. Peço que nos dêem o benefício da dúvida.
—
Certo. Então votaremos pela permanência ou expulsão depois dos procedimentos
jurídicos. — Esse posicionamento veio do fundador da igreja.
—
Deus será por nós! — Bradou um dos acusados, mas ninguém glorificou.
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