Ehso - Capítulo 034

 

Ainda era madrugada quando Romano e os advogados desembarcaram no Aeroporto Internacional de Corumbá. Dali, pegaram um taxi até a Delegacia da Polícia Rodoviária Federal. Amanhecia o dia quando foram recepcionados pelo delegado:

— Delegado Teixeira. — Se identificou.

— Romano! E estes aqui são os advogados Mateus, Solano e Sodré.

— Sejam bem vindos! Vocês são rápidos, heim?!

— É uma demanda urgente. Não havia outra forma de encará-la.

Um dos advogados abriu a pasta, pegou um documento e entregou ao delegado. Ele analisou, lendo alguns trechos:

— “Expressiva afronta aos princípios constitucionais da presunção de inocência, do devido processo legal e da dignidade da pessoa humana.” — Ele olhou para os presentes e continuou: — “É inadmissível, em face dessas garantias constitucionais, possa alguém ser compelido a cumprir pena sem decisão transitada em julgado.”

— É a lei. — Pontuou Solano.

— “Ou alguma coisa parecida”. — Retrucou, Teixeira, jogando o documento sobre a mesa. — Mas confesso mesmo estar espantado.

— Com o quê?

— Assim que findamos aquela nossa conversa por telefone, senhor Romano, vários fax me chegaram, com vários Habeas Corpus.

A informação fez os advogados se entreolharem.

— Eu fiz essa mesma cara de espanto que os senhores, e pergunto: é um grupo?

— Sabe como é um templo, não é?! — interpôs Romano — Muitos irmãos professando a mesma crença. Certamente algum membro acionou outro juiz.

Houve um momento de silêncio que foi quebrado com a chegada do agente Simas:

— Delegado! Perseguição a uma caminhonete em andamento. Estão pedindo reforço.

Teixeira gostaria de continuar a conversa e, talvez quem sabe, extrair outras informações, mas sabia ser difícil. Eram muitos advogados e Romano passava a impressão de ser meticuloso no pensar e falar.

— Tudo bem! — E pediu: — Acompanhem o agente Simas. Ele trará os seus rapazes.

Em pé, todos se despediram.

No caminho para o hotel, Romano tecia vários pensamentos sobre o ocorrido e principalmente sobre as palavras do delegado Teixeira. Havia muitas coisas que não estavam certas naquele evento.

“Como isso aconteceu.” — Romano nem olhava para os rapazes.

A viagem foi tranquila e no desembarque no Aeroporto Internacional de Brasília, o grupo se despediu:

— Em breve precisaremos conversar para traçarmos uma estratégia de defesa.

Romano queria conversar com os representantes, mas sentiu não ser o momento. Ele e os pastores retornaram para igreja, onde eram aguardados pela cúpula.

— Não sabemos o que aconteceu. Alguém plantou aquelas provas dentro do carro.

Dos presentes ninguém falou nada. Mas Romano tecia seus pensamentos.

— Vamos provar nossa inocência. Peço que nos dêem o benefício da dúvida.

— Certo. Então votaremos pela permanência ou expulsão depois dos procedimentos jurídicos. — Esse posicionamento veio do fundador da igreja.

— Deus será por nós! — Bradou um dos acusados, mas ninguém glorificou.


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