Conde sentou em sua cadeira um pouco atordoado. Eram muitos os assuntos de que tratava e a maioria de com temas delicados demais. O que o acalmou foi visualizar as planilhas enviadas por Dirceu. Os números eram animadores, a disposição discreta:
“Bíblias, chaveiros,
folhetos…” — Codinomes para rifles, fuzis e pistolas, e concordou: — “O cara é
bom mesmo.”
Nesses anos trabalhando com ele, nunca teve qualquer problema com o controle financeiro. Mas agora, o problema pessoal criava uma sombra perigosa sobre as operações de seu grupo.
Conde se levantou da cadeira
e abriu uma fresta na cortina no escritório, e olhou pela janela. Ele era o
responsável pela aquisição e construção do maior templo do continente, um dos
maiores do mundo. Eram mais de 3.950.000 m² de área, com prédios, torres,
subsolos, banheiros, estacionamentos, lojas. Tão grande que ele mesmo
desconhecia certos locais.
Contudo, não seria esse o
seu único legado. Não o público. Pois, em oculto, ajudou a criar uma
organização que ia muito além da religião e que sustentava toda aquela
estrutura e muito mais.
“Ruas de ouro, calçadas de
diamantes.” — Se lembrou da passagem bíblica.
Repetia para si desde os 23 anos quando entrou para o seio da igreja como um religioso prodígio. Conde era muito inteligente e discreto. E não demorou para que conhecesse outros, parecidos com ele, mas com uma ambição tão latente quanto. Julio, Cassio, Rafael, Caldeia, Duarte, Abílio e Lucio eram os seus consortes. Todos tinham sua área de atuação bem definida, não interferindo no que o outro fazia, ao contrário, complementando as operações, maximizando o lucro e minimizando a chance de erro. Poderes de uma união, independentes e harmônicos entre si. Essa era a estrutura básica da Ecun.
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