Ehso - Capítulo 025

 

O cheiro, levemente adocicado, entrou por suas narinas. Lhe transmitia uma calma e serenidade experimentadas apenas em sua infância, quando era cuidado por sua mãe. A temperatura ali era morna e agradável, como numa manhã de primavera. Mas algo não estava certo. Sentiu uma pontada sobre o estômago e, em seguida, um borbulhar. Sua boca se tornou amarga, e a saliva ficou salgada. Despertou com algo voltando pelo seu tubo digestivo e, abrindo os olhos, viu a garota. Ela o segurou delicadamente pela nuca, e direcionou sua boca para o recipiente. Marcos vomitou.

— Obrigado! Obrigado! — Respondeu ofegante e, olhando para os lados, perguntou: — Onde estou?

— Procurei no carro e nas suas roupas, mas não encontrei as chaves da sua casa, então te trouxe para a minha.

— Você… Você me arrastou até aqui?

— Foi o jeito.

— Obrigado mais uma vez. — Agora estava mais desperto. — Acho que misturei muitas bebidas ontem e deu no que deu.

— Sei como é.

— Sabe?

Mas ela não quis aprofundar o assunto.

O rapaz olhou para os lados, vendo a simplicidade da residência: poucos móveis, telhado sem forro, paredes pintadas no cimento cru.

— Você quer comer algo? Enquanto dormia eu fiz o almoç…

— Espere! Quantas horas são? — a interrompeu com a pergunta.

— 13 horas e 15 minutos.

Num repente ele pulou da cama e se viu só de calças.

— Cadê minhas roupas?

Tampando o rosto com as mãos, por causa da vergonha, Amália respondeu:

— Estavam muito sujas, então lavei as meias e a camisa, que estão secando no varal. Também limpei os seus sapatos e os coloquei na sombra embaixo do tanque.

— Obrigado!

E Marcos correu para o carro, onde abriu um compartimento oculto, sacando a chave de casa. Do barraco, Amália ouviu o barulho do chuveiro, depois de um secador, e das portas do armário sendo abertas. Por fim, viu o rapaz retornando em sua direção:

— Não posso almoçar contigo, pois estou atrasado para um compromisso. Mas muito obrigado por tudo e até mais ver.

— Até!

Marco acelerou rumo ao seu destino. No caminho o pensamento:

“Como ela fez tudo aquilo?”


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