A tristeza veio forte, deixando o coração de Elizabeth pesaroso. Enquanto o
esposo tentava descansar um pouco, ela foi à cozinha preparar um chá. A água na
chaleira acabara de ferver. No armário, ela pegou um pote que, ao destampar,
lançou o adocicado aroma da erva.
“Camomila.”
Encheu
a colher e colocou na xícara, despejando por cima a água escaldante. O vapor aromatizado
subia, espalhando o cheiro característico pelo ambiente.
“Se
houve erro, onde foi que aconteceu? Sempre fomos tão presentes.”
Passava o chá em uma peneirinha, retirando a erva e deixando o líquido pronto para ser bebido. Segurou a caneca e sorveu. Não era o seu sabor predileto, mas a acalmaria.
“Será
que lhe faltou algo, e não percebemos? Sei que o problema financeiro foi um
baque forte para ela, mas a chegada de Rainen também não foi de fácil
assimilação para Bruna.”
Elizabeth
pegou um pote e dele retirou dois biscoitos de maisena, mordendo um. Quando se
sentaria, um pensamento mais grave lhe ocorreu:
“Será
que foi influenciada por alguém?”
Ela
não acreditava nisso, mas se preocupou e resolveu subir até o quarto da filha.
Acendeu a luz e entrou. Um olhar rápido e superficial mostrou um quarto limpo e
organizado.
“Ela
sempre foi assim.”
Agora
vasculhava prateleiras, escrivaninha e gaveteiro. Folheou papéis, livros,
cadernos, olhou pastas. Elizabeth queria encontrar algo, só não sabia o que era
nem onde estava. Até que, num canto mais escuro, visualizou o móvel de duas
portas. Sua curiosidade aflorou e foi até lá. Abriu as portas e, assim que o
fez, dois volumes, cobertos por um plástico preto chamaram a sua atenção. Ao
abri-los, não reconheceu de imediato, então pegou o volume de tecido.
“Mas
esse vestido é o tubinho azul que ela vestia no dia em que se engasgou”
Pegou
o segundo volume, vendo a toalha rosa-choque.
Elizabeth
permaneceu estática por instantes, enquanto tinha em mãos as duas peças. De
repente, começou a tremer. As lágrimas vieram quando somou uma coisa com a
outra, além de frases que ouviu ou situações que presenciou.
“Isso…
isso não pode ser.”
Ela
se sentou na cama no exato instante em que o seu esposo apareceu na porta.
—
Amor, onde está a Renata?
—
Ela saiu com o Rainen, disse que voltaria logo — respondeu quando se acalmou
mais.
Diante
da fragilidade da esposa, e sem saber a verdadeira causa das lágrimas,
sentou-se ao seu lado e a acalantou:
— É
um momento passageiro, meu bem.
Ela lhe
mostrou a peça de banho.
—
Nossa! A quanto tempo eu não vejo essa toalha.
Não
quis falar nada naquele instante, mas sabia que tinha em mãos um problema que
colocaria em risco a sua família. Foi quando o telefone tocou e Mario correu
para atendê-lo.
— Elizabeth, foi o Rainen. Ele e Renata estão no hospital e pediram para que fôssemos para lá agora.
O seu terror aumentava gradualmente.
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