Por
aqueles dias, Bruna tinha um comportamento arredio, esquivo, bem estranho.
Naquela noite mais ainda.
“Quero
ele! Preciso dele!”
O
cheiro do perfume e das essências que dela emanavam e tomavam todo o carro.
Gastou um bom dinheiro para comprá-las.
Estava impressionada consigo e com o que fizera. Mais ainda com o que faria. Mas, voltando em suas recordações, não se lembrava de ter passado um dia tão agradável como aquele. Apenas teve alguns cuidados, como calcular o tempo gasto para sair no horário previsto, além de avisar em casa que ficaria para um evento da Lemaw. Isso foi o que justificou suas oito horas dentro da Zississa Centro Estético. Foi a primeira vez que participou de um procedimento como aquele, e adorou! Pagou por um pacote completo, contendo escolha de penteado e maquiagem, limpeza de pele, depilação, clareamento de todos os pelos do corpo, hidratação de pés e mãos, esfoliação da pele, hidratação facial, pedicure e manicure, massagem corporal relaxante, banho de hidromassagem, preparação de cabelo e maquiagem personalizada. Com tudo o que investira, Bruna sentia-se confiante.
Guiava
o carro pelas ruas do centro da cidade, indo para o setor de condomínios de
alto nível, de CittoVille. Mesmo
assim não corria, seguia devagar para evitar qualquer susto. E, ansiosa, ela
saberia esperar. Esperou por meses, anos, até ter alguém.
“O
que seriam minutos a mais?”
Mas
havia algo em seu âmago, que crescia a cada metro vencido, mas que foi
cultivado durante muito tempo: preocupação. Sim. Pelo fato de nunca ter estado
com um homem antes e, consequentemente, não saber o que fazer naquele instante.
Nessa área, era inexperiente. Lembrou-se da irmã, recordando-se da cena que
presenciou entre o casal.
—
Comedor de graxa! — irritou-se.
Mas
se valia de um trunfo: Marcus. Homem rico, vivido e experiente, que saberia
tratá-la como uma dama e fazê-la mulher. Bruna suspirou.
O
carro sacudiu um pouco mais forte ao entrar numa parte da estrada sem asfalto.
Bruna olhou para o relógio, mas o nervosismo não a deixou computar mentalmente.
“Horas
de me satisfazer.”
Por
isso acelerou um pouco mais, chegando aos portões do condomínio. Na guarita não
havia ninguém e o portão estava apenas encostado. A garota estacionou o carro
do lado de fora, desceu e entrou. A casa de Marcus era a primeira ao lado
esquerdo. Dali mesmo ela viu uma única luz acesa.
“Parece
ter alguém.”
O
sobretudo de cor preta ajudou bastante, pois havia um vento frio por aquela
região. Ela arrumou a gola e passou perto da cerca viva. Ao lado, viu uma van e
um veículo de passeio parados. Estranhou, mas o carro de Marcus também estava
ali. Bruna acessou o alambrado e, quando tocaria a campainha, o vento empurrou
a porta, que abriu. Rápida, pensou:
“Talvez
uma surpresa seja melhor.”
Silenciosa,
entrou, ouvindo o som de uma música eletrônica. Com a pouca luminosidade,
esbarrou no sofá.
—
Merda! — sussurrou.
Continuou
naquela direção, afinal, era o único ponto iluminado.
Chegou
num grande arco que dava acesso a um salão. Parou atrás de um dos pilares e se
estarreceu ao acompanhar a cena. Nela, dois homens nus, sentados em
confortáveis sofás de couro, eram submetidos ao sexo oral por duas jovens e
belas garotas. Enquanto as duas praticavam o ato, outras seis dançavam nuas e
bebiam ao som da música em alto volume. Foi quando um deles apontou e ordenou:
—
Agora você!
A
garota, ajoelhada entre suas pernas, se levantou, se juntando às que dançavam e
bebiam. A convocada se ajoelhou, prendeu o cabelo e sorveu o membro do homem
careca, que gemeu.
—
Que boca deliciosa. Se continuar tão dedicada assim, a vaga de estágio pode ser
sua. — Bertiga gostou da moça.
Marcus
riu e também apontou para outra.
—
Sua vez.
A
moça veio acanhada e, ao se ajoelhar, não quis fazer o que foi proposto. Com o controle
remoto, Marcus pausou a música e todos olharam para ele e a garota.
—
Qual é o seu nome?
—
Joana — respondeu acanhada.
—
Então, Joana, você sabe por que está aqui?
Ela
meneou positivamente a cabeça.
—
Você não faria qualquer coisa para conseguir a vaga?
Ela
ficou estática e sem resposta. Diante disso, ele apontou:
—
Você e você, se beijando.
Uma
ruiva e uma morena agora se beijavam de forma voluptuosa. Ali no canto, Bertiga
falou:
—
Ei, guria, não para!
E a
que estava com ele deu prosseguimento.
Joana
e Marcus assistiam às duas garotas se beijando, ele lhe falou:
—
Está vendo? A competição está acirrada. Atrás dessas vagas tem muitas. Se você
não fizer o que mando, alguém fará. Se você fizer, alguém tentará fazer melhor.
— E sorriu, dando-lhe uma oportunidade. — Quer tentar?
Ela
ajeitou os cabelos, se aproximou e, determinada, o chupou.
—
Isso, garota. Você tem potencial — disse ao ligar o som.
Ao
olhar para as duas que tinha ordenado se beijarem, viu-as tocando uma na outra.
—
Hummm… pró atividade. Precisamos disso.
Então
as outras imediatamente escolheram seus pares e também se beijavam e tocavam
sobre o tapete da sala.
Bruna
sentia nojo pelo que as garotas faziam, e já ia saindo quando foi abordada pelo
segurança armado.
—
Não se mova! — Ela obedeceu observando a arma. — Agora vamos!
E
saindo da penumbra, foram para o meio da sala. Os presentes não se deram o
trabalho de parar o que faziam, exceto por Marcus.
—
Bruna? O que faz aqui?
—
Eu… — Ela não tirava os olhos de Joana, que continuava fazendo o sexo oral. —
Eu…
—
Deixe-a Ozair! Obrigado! — E a chamou: — Venha comigo.
Ele
vestiu a cueca e foram para a cozinha. Ali, Marcus colocou água no fogo e
separou uma xícara e um sachê de camomila. Sabia que Bruna não se sentia bem.
— Eu
pensei que nós…
— Nós tínhamos algo especial?! — ele a
interrompeu, rindo. — Nunca houve nós.
Ela
ainda olhava para o volume na cueca de Marcus, ele percebeu.
— Eu
quero uma relação pouco normal — ela disse, cruzando os braços.
Ele
observou cada detalhe na garota: cabelos, maquiagem, joias, roupas… E chegou a
conclusões que guardou para si.
—
Por que não me mostrou os prazeres? Por não me permitiu?
—
Porque criaríamos laços, e não quero isso para mim. Então, ter um
relacionamento de fachada me é mais
vantajoso.
Ele
colocou a água quente na xícara e a entregou para Bruna. Era um cavalheiro.
— Me
deixe experimentar, me deixe mostrar que também sou capaz de te dar prazer.
E
numa última cartada, ela se pôs de pé e abriu o sobretudo, expondo a lingerie.
Marcus a olhou, mas não esboçou reação. Então Bruna se ajoelhou e tentou
baixar-lhe a cueca, mas ele a impediu.
—
Levante-se! — ordenou em voz alta. — Levante-se!
— Eu
quero essa relação — disse Bruna com os olhos marejando.
—
Mas eu não.
E
ela chorou.
— Eu
não entendo.
— Bruna,
eu sou um empreendedor de sucesso, pois sei avaliar os talentos que chegam até
mim. Assim, os direciono para as áreas onde atuam melhor. Eu sei o que querem e
lhes proporciono. — Fez uma pausa. — Mas não posso dar o que você procura.
—
Por quê?
— Não
faz parte de você. Viu as garotas lá fora? Viu como as manipulei? Viu tudo o
que estamos fazendo? Fiz isso várias vezes e ainda farei tantas outras. Pra
mim, você não serve para aquilo, você serve para me fazer ganhar dinheiro — foi
frio. — Nada mais, nada menos.
—
Preciso me sentir mulher.
—
Não é o que parece. Você é muito problemática, ainda mais quando se trata do
seu cunhado. Acha mesmo que alguém vai te aturar, perseguindo essa baleia branca? Não sei se percebeu, mas
tudo em sua vida gira em torno de destruir aquele rapaz.
Ela
chorou mais diante da obviedade das palavras de Marcus.
— Eu
não queria chegar a esse ponto… — disse, entre lágrimas.
—
Não importa o que você queria. Importa onde chegou. — E resolveu dar-lhe uma
dica: — Mas não é tarde. Você é nova, pode ser e fazer o que quiser. Renasça.
Ela
deu um passo na direção de Marcus, que a evitou e chamou:
—
Ozair, por favor! Acompanhe a senhorita Bruna até o seu carro.
O
rapaz parou próximo dela, aguardando que ela fizesse o caminho de volta, e a seguiu.
Marcus retornou para a sala e Bertiga perguntou:
—
Como foi lá?
—
Péssimo! Detesto mulher grudenta, e olha que essa daí é das piores.
—
Por que não a deixa comigo? — Bertiga gostava daquele tipo de corpo.
—
Preciso de você. Ela o afundaria antes que eu realizasse minhas aquisições.
—
Tudo bem. Posso me contentar em participar dos seus processos seletivos. — E ele olhou para a garota. — Continue.
—
Não vai pedir para que outra venha para o meu lugar?
—
Ainda não!
Assim
que ela recomeçou, Bertiga teve espasmos e ejaculou na boca da moça, que
engoliu tudo.
—
Hummm… comprometimento. Gosto disso — Marcus falou, se levantando. — Agora
vamos para outra etapa do processo.
E
foram para um quarto, onde só havia a cama.
—
Agora é o sexo, propriamente dito. — E ele levou Joana pelo braço. — Você vai
adorar, docinho.
—
Mas eu sou virgem.
—
Não se preocupe. Você continuará virgem.
Ela
se espantou, prevendo o que viria.
—
Mas isso é pecado.
— Pecado será quando olhar para suas concorrentes e ver que tomaram o seu lugar. — Joana subiu na cama e ficou de quatro. — Que bom que me entendeu.
Marcus colocou o preservativo, lubrificou bem o membro e a parte entre as nádegas de Joana. Do lado de fora, os demais ouviram quando ela gritou. Todos riram e continuaram transando durante a madrugada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário