MI Bahrteau - 005


No galpão de manutenção de veículos do Forte George G. Meade os vigias da madrugada mantinham a atenção redobrado. Pelo horário, havia silêncio e escuridão, além de reinar uma espécie de melancolia, mas que não afetava à todos:

— Jonas, quem montou a nova escala da noite?

— Michel, quase certeza que foi a sargento Ann. Por quê?

— Não, nada. É que está tudo tão organizado. Há tempos não temos ordem e calmaria como essa.

— Você não está exagerando?

Jonas acendeu um cigarro e deu uma longa tragada, baforando fumaça para o alto:

— Jonas, há alguns meses, isso aqui era uma desordem total. Era gente faltando escala, outros sobrecarregados. Ninguém queria trabalhar. E nem tinha condição.

— Eu me lembro de algumas desordens.

— Tá vendo? É claro que na frente dos superiores aparentávamos contentamento e disciplina, mas havia relutância em respeitar a organização das escalas da forma como era.

— Eu mesmo faltei alguns turnos, não nego. Dei alguns atestados médicos.

— Depois que ela chegou aqui, meses atrás, as coisas parecem mais acertadas. Ela tem uma mão boa.

— O santo dela é forte — falou sério, Jonas.

— Lá vem você com seus vudus — gargalhou Michel.

— Vodu nada. Eu falo sério. É difícil conciliar tantos interesses, e não sei como, mas ela consegue.

— Prefiro imaginar que ela é agraciada…

— Dê o nome que quiser… agora caminhe para o outro lado, pois ainda faltam duas horas para terminarmos o turno.

— Senhor, sim senhor! — Troçou, Michel, prestando continência, virando-se e saindo.

A ronda seguiu tranquila até o amanhecer. 

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