No galpão de
manutenção de veículos do Forte George G. Meade os vigias da madrugada
mantinham a atenção redobrado. Pelo horário, havia silêncio e escuridão, além
de reinar uma espécie de melancolia, mas que não afetava à todos:
— Jonas, quem
montou a nova escala da noite?
— Michel, quase
certeza que foi a sargento Ann. Por quê?
— Não, nada. É
que está tudo tão organizado. Há tempos não temos ordem e calmaria como essa.
— Você não está
exagerando?
Jonas acendeu um
cigarro e deu uma longa tragada, baforando fumaça para o alto:
— Jonas, há
alguns meses, isso aqui era uma desordem total. Era gente faltando escala,
outros sobrecarregados. Ninguém queria trabalhar. E nem tinha condição.
— Eu me lembro
de algumas desordens.
— Tá vendo? É
claro que na frente dos superiores aparentávamos contentamento e disciplina,
mas havia relutância em respeitar a organização das escalas da forma como era.
— Eu mesmo
faltei alguns turnos, não nego. Dei alguns atestados médicos.
— Depois que ela chegou aqui, meses atrás, as coisas parecem mais acertadas. Ela tem uma mão boa.
— O santo dela é
forte — falou sério, Jonas.
— Lá vem você
com seus vudus — gargalhou Michel.
— Vodu nada. Eu
falo sério. É difícil conciliar tantos interesses, e não sei como, mas ela
consegue.
— Prefiro
imaginar que ela é agraciada…
— Dê o nome que
quiser… agora caminhe para o outro lado, pois ainda faltam duas horas para
terminarmos o turno.
— Senhor, sim senhor! — Troçou, Michel, prestando continência, virando-se e saindo.
A ronda seguiu tranquila até o amanhecer.
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